Antes de mais nada: o objetivo não é criar uma disputa entre colorados, gremistas, ou coisa que o valha, e sim apresentar uma tese. Já estava pensando no assunto após umas discussões nas listas de distribuição que eu participo há algum tempo, e quando li o texto Torcidas com Raça do colorado Carlos Balaika, achei que era o momento de expor minhas idéias.
Nos anos 90, passei a ir regularmente aos estádios, em uma época de gigantismo das organizadas em Porto Alegre. Além de milhares de membros, as T.O. tinham outro objetivo: cantar o máximo de canções em um menor intervalo de tempo.
Obviamente só elas cantavam, e como é natural em tamanho exagero, muitas eram pavorosas, sem ritmo e com melodias péssimas. Além disto, uma grande quantidade era de apologia à violência. Nunca gostei disto, e percebia a diferença com os demais torcedores, que também não gostavam…
EDITADO: o amigo Pablo Rodrigo lembrou que no final dos anos 90, a torcida do Atlético-PR já tinha uma tentativa de barra, inclusive com direito a faixa “Los Bombaixados”, se referindo ao Boca Juniors e La Bombonera. Mas isto não pegou na época…Pois bem, lá por 2004 (EDITADO: de acordo com os integrantes a Alma Castelhana existe desde 2001, mas insisto que era inexpressivo até 2004), começaram os núcleos da Alma Castelhana (hoje Geral do Grêmio), Guarda Colorada e Popular do Inter (hoje unificadas). São as “barras“, as torcidas que passam o jogo inteiro cantando, com músicas melodiosas e de incentivo ao time. Canções e comportamento de apoio incondicional, ao estilo ‘castelhano‘ viraram norma e não exceção.
Se criou um estilo diferente, ritmado e a mesma música era cantada por muitos minutos. Com o tempo, elas se organizaram internamente, e modificaram a maneira de pensar. Se antes, pegar uma música brasileira e alterar a letra era exceção (a gremista “Bebendo Vinho“, do Wander Wildner (EDITADO: nada sei de música, errei dizendo que é do Ira!), é um ótimo exemplo), hoje é regra.
Corinthians – “Aqui tem um bando de louco” – 2007
Músicas enaltecendo seus times hoje são muito mais populares que as xingando alguém. Isto também é exemplar, tendo em vista o grande número de famílias que estão regularmente indo aos estádios e músicas grosseiras simplesmente não %22pegam%22.
É claro que isso também gerou problemas, especialmente com a violência. Mas não vou considerar como regra e sim como exceção ao espetáculo bonito nos estádios.
Grêmio – “Eu sou do Sul” – 2006
Asseguro, com experiência de causa, que é infinitamente mais seguro ver um clássico Gre-Nal hoje do que há dez anos. A diferença é que hoje todo mundo tem celular com câmera, e a penetração de mídia é muito maior, então incidentes graves de antigamente nem chegavam na imprensa (eu vi tiro dado para cima por torcedores e quebra-quebra generalizado e nem uma linha nas rádios e jornais).
Internacional – “Colorado, Colorado: Nada vai nos separar” – 2006
SÉRIE COMPLETA – ‘AS BARRAS: UM NOVO JEITO DE TORCER’
Dia 15: “Barras”, parte I – Um novo jeito de torcer
Dia 22: “Barras”, parte II – O resto do Brasil se rende
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