O primeiro pesadelo africano aconteceu em Atlanta, 1996, Depois de perder para a Venezuela e ser eliminado ainda no Pré-Olímpico de 1992 (a CBF inventou Ernesto Paulo como treinador, erro que repetiria em 2004 com Ricardo Gomes e resultados igualmente ridículos), o Brasil enfim voltava aos Jogos Olímpicos para sua derrota mais dramática.
Com um time que contava jogadores do quilate de Bebeto, Ronaldo Fenômeno e Rivaldo, o time treinado por Zagallo mostrou muita fragilidade defensiva e já havia vacilado na primeira fase, perdendo por 1×0 para o Japão, em uma trapalhada antológica de Aldair e Dida.
Depois de vitórias complicadas contra Hungria e Nigéria, o Brasil goleou Gana nas quartas-de-final por 4×2. Parecia que o caminho estava retomado. Calouro na faculdade (fazia Ciência da Computação), eu saí correndo de casa para assistir este jogo. Cheguei em casa no intervalo…
Nas semis, o ótimo time nigeriano era novamente nosso adversário, em um time no qual brilhavam jogadores como Sunday Oliseh, Celestine Babayaro, Jay Okocha e Nwankwo Kanu. E foi o centroavante, que logo depois sofreu uma cirurgia no coração e quase não voltou aos gramados, nosso algoz naquela partida.
O Brasil saiu na frente com Flávio Conceição logo a um minuto, mas levou o empate com um gol contra de Roberto Carlos. Esta seria a primeira de suas três falhas em jogos decisivos, que se repetiriam na final do Mundial de 1998 e nas quartas-de-final da Copa de 2006).
Porém surpreendentemente, o time de Zagallo jogava muito bem e gols de Bebeto e Flávio Conceição (de novo!) abriram a vantagem e colocaram o Brasil praticamente classificado com 3×1 ainda no primeiro tempo. A Seleção empilhou chances perdidas na etapa complementar, enquanto a Nigéria ainda perdeu um pênalti quando Okocha chutou nas mãos de Dida.
Um jogador, entretanto, destoava depois de um fabuloso primeiro semestre pelo Palmeiras. Em jogo horroroso, Rivaldo perdeu a bola e cedeu o contra-ataque no qual saiu o gol de Vicktor Ikpeba, faltando 12 minutos. Nos acréscimos, uma falha bisonha de Dida deu a chance de Kanu selar o empate em 3×3 no tempo normal. Logo aos quatro minutos da “morte súbita”, o mesmo Kanu marcou e o Brasil deu adeus à medalha de ouro.
Bebeto, Rivaldo e Aldair (os “veteranos” acima de 23 anos) foram execrados pela imprensa e torcida. Zagallo balançou no cargo, mas não caiu. Ainda tivemos que “engolí-lo” até Zidane dar fim a “Era Zagallo” no comando do Brasil.
O time-base naquele torneio foi: Dida, Zé Maria, Aldair, Ronaldo Guiaro e Roberto Carlos; Zé Elias, Flávio Conceição, Juninho Paulista e Rivaldo; Bebeto e Ronaldo.
A zebra não tinha parado por aí. Na decisão, os nigerianos venceram a Argentina com um gol de Amunike no último minuto, conquistando a medalha de ouro ao vencer por 3×2. O time da Argentina tinha jogadores de quilate como Javier Zanetti, Nestor Sensini, Cláudio López e Hernán Crespo, mas foi igualmente batido pelo futebol rápido e técnico dos nigerianos. Vejam as escalações da final:
Nigéria: Dosu, Obaraku (61′ Oruma), West, Okechukwu, Babayaro, Oliseh, Ikpeba (74′ Amunike), Okocha (59′ Lawal), Babangida, Kanu, Amokachi.
Argentina: Cavallero, Zanetti, Ayala, Sensini, Chamot, Bassedas, Almeyda, Ortega, Morales (58′ Simeone), López, Crespo.
E assistam o compacto:
Os brasileiros se contentaram com o bronze, goleando Portugal por 5×0 e subindo ao pódio pela terceira vez em três competições. Como lembraram dois leitores, o Brasil se recusou a subir no pódio da decisão. Como o bronze saiu no dia anterior da final, os brasileiros receberam as medalhas em separado dos nigerianos e argentinos.
Mais um vexame para esta seleção arrogante que mereceu o resultado que teve…
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Caro Alexandre, acho que podes mudar o final do teu belissimo texto, pois pelo que me lembro o Brasil ainda fez o fiasco de não comparecer para receber as medalhas no pódio.
Corrige aí: O Brasil não subiu ao pódio pela 3ª vez.
Mediocremente o Brasil se negou a comparecer a cerimônia de entrega das medalhas junto com a Argentina e Nigéria.
Nunca vou esquecer desse dia…os pupilos de Zagallo,favoritos ao ouro, envergonhados da medalha de bronze ,atrás dos argentinos prata,não apareceram para receber as medalhas e foram obrigados a receber no dia seguinte em um podium único.Isso que é ensinar as crianças a não perder.
Tem outro agravante.Em 1992 em Barcelona por motivo de segurança os jogadores da NBA(EUA) não puderam ficar no Centro Olímpico pois o trânsito ficaria impossível de fluir, mesmo com os cracassos querendo ficar, pois era a primeira vez que os profissionais de lá foram a uma olimpíada.Em 1996 os futebolers tupiniquins de Pindorama tb não ficaram no CO,mesmo com o governo americano dizendo não haver nenhum perigo,já que lá ninguém liga pra futebol.Foi a CBF que pediu o distanciamento …aí vc já sabe hotel 5 estrelas e o diaboA4…e claro, vexame!