“Derek Redmond não chegou em primeiro na prova de 400m rasos nos Jogos Olímpicos de Barcelona em 1992. Ele também não ficou em segundo lugar. Aliás, sequer foi o terceiro. Honestamente, Redmond foi o último colocado disparado em sua bateria na prova. Porém ele chegou”. Estas são as palavras de um comercial da VISA sobre um fato ocorrido há 16 anos, e é esta história que iremos contar.
Redmond foi um ótimo atleta da Grã-Bretanha, o melhor de seu tempo. Campeão europeu e mundial no revezamento 4x400m, era um dos favoritos à medalha de ouro nos 400m rasos.
Favorito na Olimpíada de Seul-1988, Redmond sofreu uma lesão no aquecimento da prova de 400m, dez minutos antes da prova. Ficou fora da Olimpíada e sofreu cinco cirurgias no tendão de aquiles. O sonho olímpico foi adiado em quatro anos…
Em 1992, Redmond era novamente um dos favoritos à medalha de ouro. O britânico fez o melhor tempo nas duas primeiras baterias. “Estava eufórico sobre minhas possibilidades naquele dia. Achava que ganharia mesmo se tivesse disputando a Maratona“, declarou posteriormente Raymond.
Na semifinal, ele largou bem e estava entre os primeiros nos 150m iniciais quando sofreu uma distensão muscular na coxa direita. Redmond parou, mancou e então caiu ao chão. Em lágrimas, só pensava que havia sofrido outra lesão, e de novo não teria chances de disputar uma medalha olímpica.
Quando ia ser atendido pelos médicos e retirado na maca, resolveu levantar-se e recusou ajuda. Todos imaginavam que ele sairia da pista e se arrastaria para a grama. Mas Derek seguiu adiante. Pulando em uma só perna, com dores lancinantes, o atleta faz um esforço supremo para completar a etapa.
Quando já estava quase desistindo, um velho gordo, de bermuda e camiseta, dribla a segurança e invade a pista. Era seu pai, Jim Redmond, que disse: “Você não precisa fazer isto“. “Eu preciso completar a corrida“, replicou Derek. “Se você vai completar a prova, então vamos fazer isto juntos“, respondeu Jim.
O velocista declarou: “Eu odiei o mundo. Tudo que havia feito, trabalhado, tinha sido em vão. Odiava distensões. Odiava tudo. Estava tão furioso por ter me machucado de novo. Mas eu tinha que terminar a prova. Continuei mancando até faltarem 100m, e então senti uma mão em meu ombro. Era meu pai“.
Na reta final, quase sem forças, o velocista se apoia no ombro de Jim, chorando muito. De dor e frustração por mais um objetivo não alcançado por causa de uma inesperada lesão.
Ambos chegam abraçados à linha de chegada, ovacionados pelos quase 70 mil espectadores no estádio Olímpico de Montjuich. Em lágrimas, Jim declarou após a corrida: “Sou o pai mais orgulhoso do mundo. Nem se ele tivesse ganho a medalha de ouro eu estaria tão honrado“.
Depois da prova, Derek afirmou: “Podiam me achar um herói ou um idiota. Não estava nem aí. Não fiz pela ovação. Fiz por mim. Seria eu que teria que conviver com o fato de não ter terminado a corrida pelo resto de minha vida“.
Derek e Jim Raymond. Filho e pai. Campeões da superação. E do esporte.
Pierre de Coubertin, idealizador dos Jogos Olímpicos da era moderna, ficaria orgulhoso do mais puro e absoluto lema do espírito olímpico.
Aquele que diz: “O Importante é competir“
Ainda é surpreendente vermos acontecimentos tão agradáveis como este. O ser humano se supera em todos sentidos, provando que não existe barreiras pra quem deseja a vitória.
Sempre existiram pais e superpais, na hora da maior dificuldade é que podemos ver os verdadeiros pais herois, parabens, esta atitude enobreza a nossa classe de pais.
Ele não precisou ficar em 1º lugar para ser eternizado na história. Só precisou ter força, honra e resiliência.