PONTE DOS ESPIÕES

Fox, Divulgação
Por Marina Krapf
Novamente o diretor Steven Spielberg está na disputa por melhor filme. Ele Já ganhou um Oscar como produtor por “A Lista de Schindler”. Como diretor, Spielberg concorreu pelos filmes “Lincoln” e “Cavalo de Guerra”, mas , assim como suas últimas indicações, foi perdendo espaço ao longo da disputa e tem poucas chances de levar o prêmio principal.
“Ponte dos Espiões” é uma história inspirada em um episódio obscuro na primeira década da Guerra Fria que ganhou manchetes nos Estados Unidos. Tom Hanks interpreta James Donovan, um advogado especializado em casos de seguro que se vê envolvido na defesa de Rudolf Abel (Mark Rylance), preso pelo FBI em Nova York acusado de ser um espião estrangeiro agindo a mando da União Soviética.
No total, são seis indicações ao Oscar, entre elas de roteiro original para os irmãos Coen e Matt Charman, e ator coadjuvante para Mark Rylance, que já vinha como candidato antes mesmo da estreia do filme. Rylance interpreta um personagem real, algo que a Academia valoriza, mas não tanto na categoria de Melhor Ator Coadjuvante, visto que nos últimos 10 anos, apenas 2 vencedores foram intérpretes de personagens reais. Outro ponto negativo é que o ator disputa diretamente com Sylvester Stallone, grande favorito pelo papel no filme Creed, vencedor do Globo de Ouro nesta categoria.
O filme foi indicado aos maiores prêmios da indústria cinematográfica como o inglês BAFTA, Producers Guild Awards, Broadcast Film Critics Association Award e Satellite Awards, mas como não levou nenhum para a casa, os especialistas acreditam que está correndo por fora da disputa do Oscar.
BROOKLYN

Fox, Divulgação
Desde sua estreia no Festival de Sundance em 2015, o longa britânico vem como aposta para o Oscar. Apesar de o filme não ser arrebatador, há méritos na história e uma atuação muito convincente da protagonista Saoirse Ronan, que concorre para o prêmio de Melhor Atriz. Além disso, Brooklyn também está na disputa da categoria Melhor Roteiro Adaptado.
A história é de uma jovem irlandesa que se muda de sua terra natal e vai morar no bairro Brooklyn, nos EUA, para tentar realizar seus sonhos. No inicio ela sente falta de sua casa, mas logo ela começa a se adaptar e até conhece e se apaixona por Tony (Emory Cohen), um bombeiro italiano. A partir daí, ela fica dividida entre os dois países.
Seguindo os passos de “Whiplash: Em Busca da Perfeição” e “Boyhood: Da Infância à Juventude”, ambos lançados no festival, a produção britânica tende a seguir os feitos desses longas e não faturar a estatueta. Como ponto positivo, a produção aborda o tema da imigração, ainda que seja apenas um pano de fundo no filme, é dos mais quentes na política internacional atualmente.“Brooklyn” esteve presente em diversas premiações e faturou o de melhor filme britânico no BAFTA 2016.
PERDIDO EM MARTE

Fox, Divulgação
O longa do diretor Ridley Scott vinha como sério candidato a estatueta de melhor filme, mas, depois que Scott foi esnobado na categoria de melhor diretor, a produção diminuiu muito as suas chances. Na história do Oscar, apenas quatro filmes venceram o principal prêmio da noite sem ter o seu diretor nomeado, são eles: “Argo”, “Asas”, “Grande Hotel” e “Conduzindo Miss Daisy”. Mesmo assim, “Perdido em Marte” ainda tem pontos positivos que dão esperanças aos fãs. Além de ser o filme de maior sucesso de bilheteria entre os indicados, a produção é uma ficção científica que faz uso inteligente do humor. Esta é uma maneira da academia agraciar dois gêneros que raramente prevalecem entre os favoritos.
O filme conta a história de um astronauta Mark Watney, interpretado pelo indicado ao Oscar de melhor ator, Matt Damon, que é enviado a uma missão em Marte. Após uma severa tempestade, ele é dado como morto e é abandonado pelos colegas. Ao acordar sozinho, ele se vê perdido em um misterioso planeta e sem saber retornar à Terra. Além de Damon, o longa tem no elenco grandes atores como Jessica Chastain, Jeff Daniels, Chiwetel Ejiofor e Sean Bean. Outra característica marcante do filme, e que é muito valorizada pela academia, é o estilo da “batalha pela sobrevivência”, também vista no filme “O Regresso”, mas que Ridley Scott dita com um ritmo mais leve.
Ao todo, são sete indicações ao Oscar, incluindo Melhor Filme, Melhor Ator, Melhor Roteiro Adaptado e Melhores Efeitos Visuais. Este ano a produção já levou pra casa ao prêmio de Melhor Filme de Comédia no Globo de Ouro, apesar de ser um drama, mas inspirado em um livro que é considerado comédia.
MAD MAX

Village Roadshow Films, Divulgação
A academia nunca reconheceu o melhor prêmio da noite como um filme de ação, mas nunca um filme deste gênero esteve tão perto da estatueta como “Mad Max”. George Miller foi finalmente reconhecido por seu trabalho e o filme está concorrendo em 10 categorias. Justamente por não ser o “típico filme de Oscar”, a vitória de “Mad Max” sinalizaria nova era para o maior prêmio do cinema. Mesmo assim, o filme tem maiores chances em levar apenas categorias técnicas do que o prêmio de Melhor Filme, visto que existem concorrentes mais fortes na disputa.
Neste episódio da franquia, após ser capturado por Immortan Joe, um guerreiro das estradas chamado Max (Tom Hardy) se vê no meio de uma guerra, iniciada pela Imperatriz Furiosa (Charlize Theron) na tentativa de salvar um grupo de garotas. Também tentando fugir, Max aceita ajudar Furiosa em sua luta contra Joe e se vê dividido entre mais uma vez seguir sozinho seu caminho ou ficar com o grupo.
O protagonista Tom Hardy está na lista de nomeados ao Oscar, mas por seu papel em “o Regresso”. Desta vez, quem conduz o filme é a personagem feminina, interpretada pela Charlize Theron. No ano seguinte a uma série de demandas de natureza feminista na maior premiação do cinema mundial, seria interessante para a academia premiar um filme com as características de “Estrada da Fúria”. A produção se saiu vencedora do National Board of Review, London Critics’ Circle Film, Chicago Film Critics e Broadcast Film Critics Association Award como Melhor Filme de Ação.
O REGRESSO

Fox, Divulgação
Como se não bastasse consagrar-se campeão do Oscar de 2015 com “Birdman”, o diretor Alejandro González Iñárritu está na disputa novamente este ano como alto concorrente à estatueta de Melhor Filme . A parceria entre Leonardo Dicaprio e Iñárritu dominou as indicações. No total, foram 12 indicações, incluindo Melhor Diretor, Melhor Ator (Leonardo DiCaprio), Melhor Ator Coadjuvante (Tom Hardy); Melhor Figurino e Melhor Fotografia. Apesar da liderança na corrida, “O Regresso” não era apontado como um dos favoritos ao prêmio no fim de 2015. Tudo mudou de figura quando a produção saiu consagrada do Globo de Ouro no início de janeiro.
No filme, Leonardo DiCaprio interpreta Hugh Glass, homem que parte para o oeste americano disposto a ganhar dinheiro caçando. Atacado por um urso, fica seriamente ferido e é abandonado à própria sorte pelo parceiro John Fitzgerald (Tom Hardy), que ainda rouba seus pertences. Entretanto, mesmo com toda adversidade, Glass consegue sobreviver e inicia uma árdua jornada em busca de vingança.“O Regresso” é um faroeste clássico, mas filmado com grande senso de estética por parte do cineasta mexicano Iñárritu. Outro ponto alto da produção é a atuação de DiCaprio que está a um passo de garantir o prêmio de Melhor Ator. Leo interpreta alguém real, tem uma caracterização sofrida e teve de atuar diante de cenários extremamente complicados, o que ganha pontos com a Academia.
Não tem como não classificar o filme como um dos grandes favoritos, visto que a produção garantiu um Globo de Ouro e um BAFTA, mas, apesar de toda a grandeza de “O Regresso”, o histórico da Academia em premiar produtores (Iñárritu) de forma sequencial é extremamente baixa . Além disso, a longa não teve seu roteiro nomeado. Todos os filmes vencedores tem seu roteiro nomeado, a única exceção foi “Titanic”, em 1998.
A GRANDE APOSTA

Paramount Pictures
O filme foi o último candidato a entrar na corrida do Oscar e acabou surpreendendo. No inicio, não era considerado forte da disputa, mas após ganhar o prêmio do sindicato dos produtores, forte termômetro para o Oscar, o longa do diretor Adam Mckay virou um dos favoritos na categoria principal. Além de Melhor Filme, a produção também concorre em outras quatro categorias.
”A Grande Aposta” conta a trajetória de quatro homens que perceberam de antemão o que os grandes bancos, mídia e governo não conseguiram prever: a crise econômica que abateu os Estados Unidos em 2008. Os quatro se juntaram em investimentos ousados que os levaram para o lado sombrio do sistema bancário moderno, onde devem questionar tudo e a todos diante dos seus competidores. No elenco, nomes como Christian Bale (indicado a melhor ator coadjuvante), Brad Pitt ,Michael Burry, Ryan Gosling e Steve Carell.
Apesar de só crescer entre as apostas ao prêmio e estar junto com “O Regresso” e “Spotlight” na briga dos melhores do ano, “Birdman” do gênero de “comédia” venceu a principal estatueta em 2015 e dificilmente a Academia premia filmes em sequência do gênero cômico, como é “A Grande Aposta”.
SPOTLIGHT

Open Road Films, Divulgação
Desde sua estreia no Festival de Veneza, “Spotlight” tem tido seus altos e baixos na corrida, mas continua entre os favoritos para a estatueta. Pertencente àquela linhagem de produções que respeitam a inteligência do espectador. “Spotlight” carrega aquela aura de filme importante. Algo que costuma influenciar muitos votantes do Oscar. O longa é muito comparado com o nomeado “Todos os Homens do Presidente”, típico filme das antigas sobre jornalismo, que perdeu o Oscar de Melhor Filme, mas que a Academia atual adora. Além disso, o tema sério pode pesar na decisão dos votantes indecisos e favorecer o filme na corrida contra “O Regresso” e “A Grande Aposta”.
O filme de Tom McCarthy é baseado em fatos reais e narra com detalhes a investigação de um grupo de jornalistas de Boston que reúne provas sobre diversas denúncias de abuso de crianças por padres católicos. Eles vão a procura de justiça, mesmo com os esforços dos religiosos para ocultar as histórias. No elenco, grandes nomes como Rachel McAdams, que concorre a melhor atriz coadjuvante, Mark Ruffalo, indicado a melhor ator coadjuvante, Michael Keaton, Brian d’Arcy James e Liev Schreiber.
O filme venceu o prêmio de melhor elenco no SAG Awards e o grupo de atores compõe o maior colegiado votante da academia. Além disso, a produção é a maior premiada em melhor filme. No total são sete vitórias em prêmios como Satellite Awards e Gotham Awards.
O QUARTO DE JACK

Universal Pictures, Divulgação
“O Quarto de Jack” é um filme fácil de gostar, extremamente cativante e com uma trama envolvente. São características que jogam a favor das chances do filme na noite do dia 28. O filme venceu o festival de Toronto e, nos últimos anos, produções com essa credencial triunfaram no Oscar. Além disso, é o filme mais emocionante da disputa, o que pode influenciar na escolha.
O filme do diretor Lenny Abrahamson conta a história de Jack (Jacob Tremblay), menino de cinco anos. Confinado em um quarto sem janelas desde que nasceu, ele conhece apenas essa realidade, que sua mãe (Brie Larson) se esforça para pintar com tintas suaves. Quando a ilusão torna-se insustentável, mãe e filho planejam a fuga do cativeiro e, curiosamente, o mais assustador não é tanto o ato de escapar e sim a vida nova que os aguarda.
É uma história sobre maternidade, superação e com uma criança como protagonista. Uma combinação praticamente irresistível. A atriz Brie Larson é a grande favorita para o prêmio de Melhor Atriz, o que pode ajudar a eleitores indecisos a olharem para o filme com mais carinho. No total, foram quatro indicações e, apesar de ser um filme que caiu no gosto do público e da crítica, “O Quarto de Jack” concorre com brilhantes produções como “O Regresso” “Spotlight” e “A Grande Aposta” que tiram o favoritismo do longa.