Qual é o poder de fogo de um presidente da Assembleia Legislativa? Depende do objetivo. Pensemos no atual comandante do parlamento catarinense, o deputado estadual Gelson Merisio (PSD), e seu desejo declarado de ser pré-candidato ao governo do Estado. Quem for ao saguão da Assembleia e tiver tempo para olhar detalhadamente cada um dos retratos dos antecessores de Merisio na parede vai encontrar apenas um que alcançou esse mesmo objetivo: Ivo Silveira, do velho PSD, em 1965, vencedor de uma disputa acirrada com Antonio Carlos Konder Reis (UDN).
A história ajuda a contextualizar o tamanho do objetivo do presidente da Assembleia. O cargo, ao longo do tempo, tem dado a seu ocupante poder e prestígio entre os pares e a classe política estadual. Volta e meia, garante uma ascensão à Câmara dos Deputados. Dependendo da habilidade do presidente, ele até se torna um personagem permanente dos bastidores mesmo sem mandato (ou do outro lado da praça Tancredo Neves). Para mais do que isso, falta o tal do poder de fogo.
Para que Ivo Silveira deixe de ser a exceção da regra, Gelson Merisio trabalha fortemente para transformar o parlamento em sua artilharia eleitoral. Mesmo que tenha sido duas vezes o deputado estadual mais votado do Estado, Merisio sabe que hoje não teria fôlego para uma campanha majoritária. Ainda tem tempo para construir um cenário positivo e tenta fazer isso a partir das limitadas ações de gestão que o cargo lhe dá.
Nesta semana, Merisio reuniu-se com jornalistas em diversos momentos para apresentar sua reforma administrativa. Apresentou os modelos aplicados em pequena escala no parlamento como soluções para os demais poderes, especialmente o Executivo. Um exemplo claro é a extinção de cargos de nível médio. Imediatamente, 50 que estão vagos _ de um total de 342 esvaziados a medida que os funcionários forem se aposentando. Uma medida que reduz pela metade, a longo prazo, o quadro funcional do Legislativo.
— É a única forma de reduzir o Estado. Extingue a função para não repor quando servidor se aposentar — ensina.
Em todos os gestos, aparece o tom que Gelson Merisio quer usar e a forma como pretende ser alternativa no contexto de um partido que está no poder desde 2011, dentro de uma aliança que comanda o Estado há 12 anos. Diante do tom cauteloso e negociado de Raimundo Colombo, o deputado quer ser o que tem iniciativa para decidir – mesmo que desagradando alguns pelo caminho. Diante da fadiga de material do PMDB pelo tempo no poder estadual, surge como o que isola o atual sócio governista e mira uma volta à matriz — ou seja, parceria com PP e PSDB. Defende enfaticamente o fim das secretarias regionais, a redução da máquina do Estado, extinção de uma máquina construída com seu apoio.
Dentro de uma cenário nebuloso e sem candidaturas naturais para 2018, Merisio quer mostrar ao eleitor catarinense que é igual, mas diferente. O PSD do B.