Você conhece Dunga, como eu. E você, como eu e todos os fãs de bola que vestem amarelo, sabe que o ex-capitão do glorioso Tetra de 1994 está aprendendo seu ofício de técnico no dia-a-dia da Seleção. Não fez cursos, não pegou pratica nas escolas da base, não passou por times das séries A e B. Certos treinadores mais bem ranqueados do país sentem ciúmes de Dunga por ele nunca ter sujado o abrigo de treinador em jogos encardidos do Brasileirão, por exemplo.
Nas Eliminatórios, caminho do Mundial, a Seleção de Dunga, após 11 rodadas, foi a que menos venceu entre as quatro primeiras colocadas (Paraguai, Argentina e Chile), mas foi a que mais empatou e menos perdeu. Fez 16 gols, sofreu cinco.
Dunga ganhou uma Copa América, o que lhe oferece credencial, mas é quarto nas Eliminatórias e ainda não acertou a Seleção. Não fez da Seleção uma certeza. Não contentou a maioria. Basta correr o Brasil e perguntar.
Dunga não renovou o bastante, fez convocações absurdas, deixou de fazer outras óbvias, barrou alguns jovens de promissora carreira em nome de veteranos de carreira opaca. A Seleção não consegue manter uma média de boas atuações, seja em casa ou fora.
O desanimado Peru vai ser uma barbada no Beira-Rio lotado. É a pior seleção do continente e está fora da Copa da África do Sul. Uma goleada muda o ânimo do Brasil, roubas aplausos, garante elogios, mas não muda a realidade.
Ao contrário de outros técnicos, o esforçado e dedicado Dunga encontrou uma seleção carente de jogadores qualificados. Saiu a geração de Ronaldo, Roberto Carlos, Rivaldo e não chegou ninguém de porte parecido. Kaká é o único craque. Ronaldinho já era. Robinho nunca foi.
Fora Kaká (Ronaldinho parece ex-atleta), os outros jogadores são em sua grande maioria absolutamente comuns se comparados aos ex-colegas que ofereceram as maiores glorias ao futebol brasileiro recentemente. Dunga não tem ao seu lado o verdadeiro talento do jogador brasileiro, o extra classe, o que decide independentemente do coletivo, o que ajudou muitos técnicos da mesma Seleção.
Basta olhar os 11 titulares. Apenas Lúcio faz parte de um (Bayern) dos oito clubes que disputam as quartas-de-final da Champions League. Ou seja: entre as dezenas de jogadores dos oito clubes europeus que fazem a fase decisiva do maior torneio do mundo apenas um é titular da Seleção Brasileira 2009.
Muito da nossa atual e dura realidade se explica por aí. Falta material humano qualificado. Nosso melhor jogador, hoje, é um goleiro, Júlio César o melhor do Brasil, o melhor do mundo.
Na ausência de craques, o técnico e seus esquemas táticos, treinos e trabalhos específicos, precisam fazer a grande diferença. Dunga não está fazendo, Não está alcançando a unanimidade esperada. Ele é produto do seu time.
Uma das quatro vagas diretas das Eliminatórias será do Brasil. É certo, definitivo. A Seleção estará na África do Sul. Dunga ainda luta pelo seu passaporte.
Postado por Zini, Porto Alegre
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