Na província espanhola de Castelló, na cidade de Villarreal, na sua nova casa, Nilmar conversou comigo por e-mail, falou da sua adaptação na Europa, do time, da Copa da África, do Inter e da saudade de Porto Alegre.

Villarreal na cabeça
“Iniciamos mal, é pura verdade. O estilo que o time foi acostumado a jogar durante muito tempo mudou bastante no início desta temporada (agosto) com o novo treinador (Ernesto Valverde, já demitido). Ao menos isto é o que os jogadores que estavam aqui sempre dizem nas nossas conversas sobre futebol. O antigo treinador, Manuel Pellegrini, que hoje dirige o Real Madrid, ficou cinco temporadas no Villarreal, jogava de uma maneira que só agora, com a mudança do treinador (Juan Carlos Garrido assumiu semanas atrás) voltamos a apresentar. Acho que estamos melhorando e vamos melhorar mais ainda.”
Treinos na Espanha
“Olha, estou me sentindo muito bem, embora no Villarreal treinemos menos que no Brasil. Mas sempre, depois dos treinamentos, eu procuro trabalhar um pouco mais por minha própria conta. Os treinamentos são diferentes, mas bons, com muita intensidade e pouco tempo. Nos jogos, sempre atuo na minha posição, o que é bom.”
Copa da África
“Acho que eu só posso me prejudicar se achar que já faço parte da lista final, que já estou lá, que minha vaga é certa. Até a convocação final ainda tem muita coisa para acontecer. Então, estou muito concentrado no meu trabalho, apesar do mau momento do time. Mas venho fazendo gols, algo que para um atacante é importante. Sei que o Dunga está acompanhando o futebol europeu com toda a atenção. Depois, quando estou na Seleção, procuro aproveitar cada minuto de treinamento e de jogos para mostrar que tenho condições de disputar um Mundial.”
Favoritos do Mundial
“Acredito que, apesar da crise financeira que afetou alguns clubes europeus, o futebol deste continente permanece com nível muito alto. A seleção da Espanha, que acompanho de perto, tem jogadores de muita qualidade. Xavi e Iniesta, no meio-campo, e Torres e Villa, no ataque, desequilibram. A Espanha é forte candidata ao título na África. A Itália, última campeã, não acompanho muito. Mas, como todos sabemos, seu futebol de muita aplicação tática vem dando resultado. Na África, acredito mais no futebol da Espanha e da Argentina, depois do Brasil, lógico.”

Cinco melhores
“Não vejo hoje na Europa, apesar dos grandes jogadores que estão espalhados por todos os países, ninguém melhor do que Messi, Iniesta, Xavi (do Barcelona) e Kaká e Cristiano Ronaldo (do Real Madrid).”
Volta ao Brasil
“No momento, não penso em voltar ao meu país, ao Inter. Estou muito feliz e bem adaptado na Espanha. É uma nova etapa na minha carreira. Quero curtir, aproveitar. Quanto ao tempo de permanência no futebol europeu, é difícil saber, antecipar. Minha vontade é de ficar, no mínimo, cinco anos, na Europa. Mas sabe como é que é, né, Zini. Fica difícil falar do futuro. Não posso antecipar nada.”
Fora de campo
“No começo é sempre mais complicado, você sabe. Tudo novo, morando em hotel, procurando casa, rodando, se informando… Pra mim, cá entre nós, que ninguém nos leia (risos), essa é sempre a parte mais chata. É preciso correr para um lado, para o outro, visitar um monte de casas e apartamentos. Agora já esta tudo arrumado, encontrei uma casa legal e assim fica bem mais fácil organizar a vida.
Na Espanha, fico muito em casa porque treinamos só pela manhã. Como moro na praia e no inverno não tem muita coisa para fazer, costumo viajar com minha mulher para Valência e Barcelona, que é aqui do lado, e fazer umas comprinhas (risos).”
Novos amigos
“Me dou muito bem com o Marcos Senna, que joga comigo e mora na Espanha desde a década passada. Conheci alguns espanhóis muito legais. Sempre assamos um churrasco gaúcho, ops, paranaense (risos). Mas sinto falta dos amigos gaúchos e de familiares. Jantares em casa em Porto Alegre eram frequentes. Tenho saudade dos organizados na casa dos meus sogros. Faz falta a gostosa rotina que criei durante dois anos aí no Sul. Ah, está batendo uma saudade danada agora…”

Saída do Inter
“Não vejo muita diferença se eu ficasse no Inter ou saísse naquele momento (julho de 2009). O que vai me levar à Copa será o meu desempenho dentro de campo. Nada mais. É difícil saber se o Inter poderia ter sido campeão de 2009 comigo. Não tem como saber. Mas, claro, eu tentaria ajudar, mas não sei se seria o suficiente para ser campeão.”
Libertadores
“Estou na torcida pela Libertadores. O Inter tem chances. Mesmo de longe, tô sempre ligado nos jogos.”
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