Casa é o melhor dos aconchegos. O Inter passou um longo e incontável tempo longe do lar. A torcida, entre ônibus, carros e caronas, navegou pela castigada BR-116, chegou a Caxias do Sul e Novo Hamburgo, atrás dos endereços provisórios do clube.
A cada quilômetro rodado batia a saudade, no sol, na chuva, no frio. Na volta de cada jogo, quando o mapa do retorno a Capital indicava o contorno do Guaíba, começava a recontagem dos dias que faltavam para a volta ao estádio, a fonte das emoções coloradas. Sem a referência, o equilíbrio perdia-se.
O dia 5 de abril de 2014 chegou, na mesma semana dos 105 anos do Inter, 45 anos depois da inauguração do Beira-Rio. Do velho estádio há o nome, mas tudo lá dentro é novo, renovado. Quem entra e vê tudo diferente, precisará de um tempo para se reencontrar. Sentado na cadeira mais simples ou no camarote mais reservado, o fã será seguido sempre por um saudosismo do bem.
De um grande estádio, mas desgastado pelos anos de constante uso, a reforma o redesenhou padrão Fifa, praça de Copa do Mundo, referência mundial. Em junho, em cinco jogos, será uma atração planetária. O gênio Messi percorrerá os 105m por 68 metros do gramado, grama exclusiva, tipo Bermuda TifGrand.
Os lugares marcados por tantas vitórias e tantos títulos foram riscados pelos trabalhadores e engenheiros da obra. Sumiram no desenho atual. Desapareceram assim as arquibancadas e as velhas cadeiras – a coreia foi muito antes. Mas, na geografia das cabeças coloradas, com vivência em um estádio de quase cinco décadas, todo o antigo desenho permanece vivo, atual, novo. Existem coisas que máquinas não derrubam.
Um novo Estádio Beira-Rio nasce neste sábado, todos os sete portões serão abertos. A festa, 50 mil pessoas mergulhadas em emoção e alegria, une-se a partida com o Penãrol, neste domingo. Não é possível separar os dois moimentos, está tudo unido, único.
Impulsionado pelo antigo Beira-Rio, santuário de milhões de colorados, o Inter conquistou o mundo. No novo, o caminho das conquistas se renova.
O Inter abre hoje uma nova porta para a história. Os que têm 50 anos já viram tudo. O novo Beira-Rio foi erguido em nome dos jovens e do futuro.
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