Ronaldo Fenômeno, o maior jogador que eu vi jogar (mas infelizmente não tive a honra de ver ao vivo), anunciou nesta segunda-feira a aposentadoria numa coletiva emocionante.
Uma pena, em uma carreira tão vitoriosa, que tenha que ser assim, em um momento de baixa. Ronaldo sempre planejou tão bem cada passo na sua carreira, mas como muitos outros jogadores não soube a hora de parar. Agora é fácil dizer, concordo, mas pra mim ele deveria ter parado em 2009, após ter voltado ao Brasil e feito um começo de passagem pelo Corinthians brilhante, comandando o time nas conquistas do Paulista e da Copa do Brasil. Tá, tudo bem, ele foi pago a peso de ouro para ser a “estrela do centenário” corintiano, ano passado. Mas então que tivesse parado no fim de 2010. Desconfio até que, tivesse o Timão conquistado o Brasileiro, ele teria feito isso.
Sair assim, escorraçado pela torcida, após um vexame histórico, não é o tipo de coisa que tenha cabimento na carreira de Ronaldo.
Mas vá lá. Agora que ele parou, é hora de render homenagens. De esquecer essa reta final (dois últimos anos) em que ele se arrastou em campo parecendo um lutador de sumô (na despedida, voltou a tocar na questão do hipotireoidismo, discretamente abordado quando ele estava no Milan, em 2007). Isso será facilmente esquecido diante da genialidade do que ele fez de bom.
O que vale é lembrar dos feitos de Ronaldo, do começo de carreira, já com pinta de Fenômeno, dos gols e da idolatria por onde passou na Europa (foi muito melhor nos espanhóis Barça e Real do que nos italianos Inter e Milan) e da Era Ronaldo que construiu com a camisa da Seleção. De 1994, ainda um garoto de 17 anos, até 2006, ele foi sinônimo da camisa 9 amarela. Conquistou títulos, fez golaços, tornou-se o maior artilheiro das Copas do Mundo, cativou uma geração inteira de fãs pelo mundo. Em resumo, tornou-se um dos maiores de todos os tempos (3 vezes o melhor do mundo). Ganhou uma Copa para o Brasil, em 2002 (já depois da mais grave das lesões que sofreu), coisa que só os deuses da bola podem se orgulhar de ter no currículo. No Brasil, só Pelé, Garrincha e Romário podem dizer o mesmo.
Tem ainda os exemplos de superação nas graves contusões que o perseguiram por boa parte da carreira. Carreira que, se termina nesta segunda, 14 de fevereiro de 2011, por vontade de Ronaldo, foi “encerrada” várias vezes por médicos e urubus da imprensa, que julgavam impossível ele dar a volta por cima. Mas ele sempre deu, por isso merece a alcunha de Fenômeno.
É isso. Ronaldo agora vai curtir a vida, sem a pressão do mundo da bola e, principalmente, sem as concentrações. Coisa que ele queria fazer há muito tempo já. Certamente será mais feliz, e continuará ajudando o futebol com a sua inteligência e visão privilegiada das coisas da bola.
Nós, Ronaldo. Nós todos, só temos que lhe agradecer por tudo. Saiba que você fez um país feliz como poucos. Você merece nosso reconhecimento eterno.
PS: E vem aí a nova geração de ídolos do futebol brasileiro. Que eles tenham aprendido com Ronaldo, no que ele fez de bom e até no que ele fez de ruim.