Fica aqui, através deste blog, uma pequena homenagem dos catarinenses ao baiano Dourival Caymmi, que se vivo fosse, estaria completando hoje, 30 de abril de 2014, um século. O Brasil festeja os 100 anos desse gênio da MPB que nfluenciou gerações, de João Gilberto a Caetano Veloso. “Eu vou pra Maracangalha, eu vou…” Sapato branco, camiseta listrada, jangada, rede, filhos, chapéu de palha, paciênca de Jó, poesia, boa vida…Nossa, fez parte, via meus pais, da minha infância em Coqueiros, anos 60, Praia Clube, LP na vitrola olhando o trampolim e o Morro do Cambirela, esperando Luiz Henrique Rosa acender as luzes para mais uma noitada no seu piano bar Samburá, na sede do Clube Doze, o maior point de todos os tempos da cidade, em frente ao meu quarto na Praia da Saudade.
Minha primeira filha, Maria Cláudia, nasceu no mesmo dia de Caymmi, faz hoje 32 anos. Gosta de mar, de sol, de música, de simplicidade. Amanhã a RBS completa 35 anos em Floripa. Dois acontecimentos que mudaram a minha vida: a primeira filha e o emprego dos sonhos. Dois dias para celebrar intimamente e intensamente na solidão do meu quarto, de onde, nesse momento, ouvindo Chico e Caetano – juntos ao vivo no Teatro Castro Alves, de Salvador, num show histórico do verão de 1972 - trabalho todos os dias, ontem, hoje e amanhã também, feriado do trabalhador. E agora lembro do quanto fui premiado. Pela fiha, pelo emprego, por ouvir Caymmi desde cedo, por ter encarado sem perder a dignidade as alegrias e as porradas da vida e que não foram poucas. E que não param nunca. Hoje cedo estava me vendo no espelho, nesse mesmo quarto onde estou agora, me deparando com as marcas do tempo num corpo nunca muito bem cuidado e dando os primeiros sinais de envelhecimento. Nunca fui um homem bonito, como, por exemplo, meu irmão Marcelo. Mas também nunca me preocupei muito com isso. Fiz assim feio, nessa delícia de Ilha, quase tudo o que quis dentro do que um cara feio, sem muito dinheiro, pode fazer com o que Deus lhe deu. Os nativos sabem. Não cuidei bem de mim, e verdade. Mas cuidei muitos dos outros, a partir daquele 30 de abril de 1982. Meu corpo, minha idade, minha realidade. Nenhuma vergonha de nada.
Senhoras e senhores, com vocês, o Vento!
https://www.youtube.com/watch?v=RJWPjpFnCZ0