IGP admite falha e sindicância vai apurar liberação de corpo errado no DML no norte do RS
08 de janeiro de 2016 0O diretor Geral do Instituto Geral de Perícias (IGP), Cléber Muller, admitiu falha e a liberação de corpo errado no Departamento Médico Legal (DML) no Norte do Rio Grande do Sul. Na manhã desta sexta-feira (8), a família de Rosângela Muzikant Peres, 35 anos, não conseguiu realizar o sepultamento pelo fato de que o corpo havia desaparecido.
Foi descoberto que no dia 20 de dezembro do ano passado, familiares de um homem morto em Não-Me-Toque acabaram fazendo sem saber o sepultamento de Rosângela. Ambos os corpos estavam no DML de Passo Fundo e uma técnica acabou cometendo o erro, fato que vai ser apurado por sindicância.
Muller diz que um dos motivos foi a difícil identificação dos corpos que estavam em avançado estado de decomposição. Eram dois casos de desaparecimento, um em Não-Me-Toque e outro em São Valentim do Sul. Outro motivo é a carência de servidores que acaba gerando acúmulo de trabalho.
“A técnica é de Porto Alegre e estava cobrindo férias de profissionais de Passo Fundo. Isso acaba prejudicando a continuidade do trabalho pericial principalmente pelo fato de que temos de deslocar servidores de outras localidades”, ressalta Muller.
Sindicância
Uma sindicância foi instaurada e foi registrada ocorrência policial. O IGP vai fazer a exumação do corpo de Rosângela, enterrada em Não-Me-Toque como se fosse o corpo de um homem, para depois realizar novo teste de DNA. O corpo do homem que segue no DML de Passo Fundo também terá de ser submetido a novo exame de DNA.
O diretor Muller diz ainda que questões estruturais também têm sido um problema constante. A mulher foi encontrada morta em São Valentim do Sul e a necropsia deveria ter sido feita em Erechim, mas foi realizada em Passo Fundo por que em Erechim não foi possível. Já a necropsia no corpo do homem morto em Não-Me-Toque ocorreu em Erechim, mas também foi encaminhado para o DML de Passo Fundo por problemas na câmara fria.
Desaparecimento
Na manhã desta sexta-feira (8), a família de Rosângela Peres esteve no cemitério Parque Memorial da Colina, em Cachoeirinha, e não conseguiu realizar o sepultamento. A sobrinha dela, Laís Rosiak já desconfiava que poderia ter ocorrido a liberação do corpo errado.
“Como um dos corpos do DML de Passo Fundo já não está mais lá e ainda tem um corpo no local e o corpo é de um homem, só falta ter ocorrido da minha tia ter sido encaminhada no lugar dele para o enterro em Não-Me-Toque”, disse Laís.
Entenda o caso
Rosângela morava em Torres com o companheiro e cinco filhos. No dia 4 de novembro do ano passado foi visitar a mãe em Gravataí. Ela foi de carona com uma amiga e ficou às margens da BR290 em Cachoeirinha. Depois não foi mais vista. No dia 21 de novembro, foi localizado um corpo no rio Taquari em São Valentim do Sul. A polícia de Guaporé começou a investigar o caso e descobriu que poderia ser Rosângela. Por fotos, a família reconheceu roupas e foi feito exame de DNA. Enquanto isso, o corpo foi encaminhado para o DML de Passo Fundo. Até final do mês passado, havia dois corpos e uma ossada no local.
Dia 23 de dezembro, o delegado de Guaporé, Tiago de Albuquerque, confirmou que o DNA deu resultado positivo e informou a família. Nesse meio tempo, de acordo com informações iniciais, um dos dois corpos que estavam no DML de Passo Fundo teria sido encaminhado dia 20 de dezembro para sepultamento em Não-Me-Toque. Seria o enterro de um homem. Depois do feriado de Natal e Réveillon, Laís Rosiak, sobrinha de Rosângela, foi retirar na quarta-feira desta semana o corpo da tia no DML. Para a sua surpresa, não estava mais lá.
A polícia de Guaporé investiga os motivos do assassinato de Rosângela.