Darci Debona | darci.debona@diario.com.br
Um sujeito que gostava de comprar uma briga política, de encaminhar denúncias ao Ministério Público e defendia os direitos comunitários, principalmente das minorias. O perfil do vereador Marcelino Chiarello (PT), encontrado morto no dia 28 de novembro, no quarto de visitas de sua casa, é um ponto que dificulta o trabalho da Polícia. Isso obrigou a Polícia Civil a abrir um leque muito grande de investigação.
De acordo com o delegado Ronaldo Neckel Moretto, responsável pela Divisão de Homicídios da Divisão de Investigação Criminal de Chapecó, o vereador era ligado a muitos movimentos e tinha uma vida pública intensa.
A vereadora Ângela Vitória, colega de bancada de Chiarello, disse que ele recebia muitas denúncias.
– As pessoas procuravam ele pois sabiam que ele dava sequência- explicou. Chiarello fez denúncias contra a administração municipal, contra empresas e contra políticos.
O promotor de Justiça Jackson Goldoni afirmou que as denúncias encaminhadas pelo vereador sempre tinham algum indício de irregularidade que acabava se confirmando.
A tese principal da Polícia Civil continua sendo de que o crime ocorreu em virtude da sua participação na vida pública. Nas investigações realizadas até agora a polícia não encontrou indícios apontando uma motivação ligada à vida privada do vereador.
>> Diversidade de atuação de Chiarello amplia investigação
Na segunda-feira, 19, entidades sociais vão realizar uma vigília em frente à Delegacia Regional e vão cobrar agilidade e a punição dos culpados.
O delegado Ronaldo Neckel Moretto disse que a investigação está evoluindo e vai levar o tempo necessário. Nem que para isso tenha que pedir prorrogação para concluir o inquérito.
O promotor de Justiça Fabiano Baldissareli disse que a Polícia Civil tem 30 dias para encaminhar o inquérito à Justiça e ao Ministério Público. Mas que o prazo pode ser prorrogado houver justificativa para isso. O Ministério Público e policiais do Grupo de Apoio Especial ao Combate do Crime Organizado estão apoiando a Polícia Civil.
Lideranças do Partido dos Trabalhadores mantiveram contato com o Ministério da Justiça e Polícia Federal para que disponibilizassem a estrutura para o caso. Mas o delegado Moretto disse que ainda não é necessário. –Mas, se precisar algum equipamento vou solicitar- concluiu.
Ações de Chiarello
- Foi um dos articuladores das denúncias da aplicação irregular das subvenções do Fundo Social, repassadas pela Assembléia Legislativa, que resultaram no afastamento do subprefeito da Efapi, o vereador Dalmir Pelicioli (PSD), no dia 18 de novembro. O Ministério Público apontou que nem todos os recursos foram aplicados e que houve superfaturamento. Pelicioli afirma que não houve irregularidade.
- Em março ele fez um requerimento do contrato da Prefeitura com a Kopp. No dia 11 de novembro Chiarello e a vereadora Ângela Vitória (PT), pediram cópia do estudo técnico que definiu os pontos onde as lombadas foram instaladas. O Ministério Público entrou com uma ação popular que anulou o contrato. A Justiça determinou que o ex-prefeito João Rodrigues e o proprietário da Kopp, Eliseu Kopp, devolvessem os R$ 9 milhões arrecadados entre 2007 e 20011. A empresa recebia 62% do valor. O prefeito e o empresário recorreram ao Tribunal de Justiça.
- Chiarello encaminhou ao Ministério Público, em junho, denúncia de irregularidade nas planilhas de custo do transporte coletivo. De acordo com o vereador o salário do motorista era de R$ 875 e constava R$ 1,6 mil na planilha.
- No dia 11 de novembro o vereador encaminhou requerimento do detalhamento dos custos da passarela instalada na Avenida Attilio Fontana, na Efapi, ao custo de R$ 500 mil.
- Apoiou a chapa de oposição do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Carnes e Derivados de Chapecó, que acabou vitoriosa. Em seguida foram encaminhadas denúncias ao Ministério do Trabalho de gastos milionários e benefícios irregulares de antigos diretores, além de consultoria jurídica com valores de até R$ 800 mil.
- Apresentou projeto de lei que cria o Conselho Municipal de Transporte Coletivo.
- Apresentou projeto de lei que proíbe taxas, rifas ou qualquer cobrança de mensalidade em escolas públicas.
- Fez movimento contra projeto de lei que permite ocupação das áreas no entorno do Lajeado São José.
- Foi contra a implantação da terceirização de merenda escolar em Chapecó.
- Fez audiências contra a municipalização da educação fundamental.
- Fez moção de apoio aos policiais e bombeiros que participaram de movimentos de paralisação por melhores salários
- Apoiou a greve dos professores estaduais
- Apoiou o Movimento dos Atingidos por Barragens e Pescadores na busca de compensações pelo impacto da construção da Usina Hidrelétrica Foz do Chapecó.
É de parlamentares assim que o Brasil precisa!!!