Darci Debona | darci.debona@diario.com.br*
A falta de chuva forte nos últimos 40 dias no Oeste está causando prejuízos milionários no Oeste. Somente no milho, a principal cultura atingida, o prejuízo é de cerca de R$ 400 milhões. Segundo o secretário de Agricultura do Estado, João Rodrigues, a quebra no cereal é de 30 a 40% no Oeste e deve chegar a 25% em todo o estado. Isso representa 950 mil toneladas (15,8 milhões de sacas) a menos na previsão inicial de 3,8 milhões de toneladas.
Em Pinhalzinho o prejuízo é de R$ 5 milhões segundo o prefeito Fabiano da Luz. A perda é de 40% no milho e 10% no leite e 30% no feijão.
Em alguns municípios a perda é ainda maior. Em São Carlos o prefeito Élio Godoy informou que há uma quebra de 60% na lavoura de milho. É o caso do agricultor Célio Boniatti que plantou 16 hectares do cereal. Ele esperava colher 150 sacas por hectare e agora prevê algo em torno de 60 sacas.
– As espigas cresceram mas faltou água na hora da formação do grão- explicou. –O prejuízo deve ficar entre R$ 32,5 mil e R$ 35 mil – calculou.
O secretário de Agricultura do Estado, João Rodrigues, disse que suspendeu o recesso da Epagri previsto para janeiro nos municípios do Oeste. Tudo para que os agricultores possam solicitar aos técnicos do Estado que façam os laudos de perdas. Esses laudos são necessários para que os agricultores acessem o seguro.
– A partir de segunda-feira os técnicos estarão no campo- assegurou Rodrigues.
Ele informou que a quebra no milho representa perda na renda dos agricultores e mais custos para produção de suínos, aves e leite. Isso também aumenta o déficit do estado, que é de dois milhões de toneladas. Para o secretário o aumento do custo também pode acabar pesando no preço final ao consumidor.
Rodrigues afirmou que o Estado também está aberto a negociações de dívidas dos produtores com a secretaria, com possibilidade de prorrogar o pagamento de programas como o de troca-troca de sementes.
Além disso as prefeituras estão auxiliando os produtores no transporte de água. O secretário de agricultura de Planalto Alegre, Carlos Panho, informou que diariamente são levadas oito cargas de seis mil litros cada. São 20 famílias que já dependem do município.
Um deles é o agricultor Leonir Fiabani. As fontes secaram e a reserva de um milhão de litros que tinha no açude, se transformou em poucas poças de água em 15 dias.
–Tentei tirar o barro mas não choveu mais- explicou. Agora ele recebe no caminhão pipa o líquido para matar a sede de frangos, suínos e vacas de leite. Mesmo assim a produção de leite já caiu de 840 litros/dia para 460 litros dia. – As vacas já estão perdendo peso- lamentou.
Até o final da tarde de ontem, 25 municípios do Oeste já tinham decretado situação de emergência. E, segundo previsões do Ciram/Epagri, a estiagem deve continuar até o mês de fevereiro.
Cidades em situação de emergência
Águas de Chapecó*
Águas Frias*
Anchieta
Coronel Freitas
Formosa do Sul
Guaraciaba*
Guarujá do Sul
Ipuaçu*
Iraceminha
Maravilha*
Marema*
Nova Itaberaba
Ouro Verde
Palmitos*
Passos Maia
Planalto Alegre
Pinhalzinho
Ponte Serrada
São Carlos
São José do Cedro
São Miguel da Boa Vista
São Miguel do Oeste*
Saudades
Sul Brasil
União do Oeste*
*Defesa Civil ainda não recebeu a documentação dos decretos destes municípios.
*Colaborou Juliano Zanotelli