Darci Debona | darci.debona@diario.com.br
Representantes da Associação Catarinense dos Criadores de Suínos realizaram na segunda-feira, dia 9 de julho, uma reunião com o secretário de Agricultura do Estado, João Rodrigues, em Concórdia, para discutir a crise da suinocultura. Nesta terça-feira haverá um novo encontro às 10 horas, em Braço do Norte. Entre as reivindicações para o governo do estado estão a isenção do ICMS, aumento do consumo de carne suína nos programas governamentais e construção de silos para depositar milho.
Rodrigues disse que o governo já está atendendo algumas das medidas dos produtores e vai apoiar a categoria na mobilização do dia 12, em Brasília, quando haverá uma audiência com o ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho. Os produtores querem garantia de preço mínimo, renegociação de dívidas, financiamentos novos e subsídio no transporte do milho.
Mais seis municípios decretaram situação de emergência: Bom Jesus, Entre Rios, Faxinal dos Guedes, Ipuaçu, Ouro Verde e Vargeão. Com isso pelo menos 19 cidades já fizeram o decreto
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Representantes da Associação Catarinense dos Criadores de Suínos realizaram ontem uma reunião com o secretário de Agricultura do Estado, João Rodrigues, em Concórdia, para discutir a crise da suinocultura. Hoje haverá um novo encontro às 10 horas, em Braço do Norte. Entre as reivindicações para o governo do estado estão a isenção do ICMS, aumento do consumo de carne suína nos programas governamentais e construção de silos para depositar milho.
Rodrigues disse que o governo já está atendendo algumas das medidas dos produtores e vai apoiar a categoria na mobilização do dia 12, em Brasília, quando haverá uma audiência com o ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho. Os produtores querem garantia de preço mínimo, renegociação de dívidas, financiamentos novos e subsídio no transporte do milho.
Mais seis municípios decretaram situação de emergência: Bom Jesus, Entre Rios, Faxinal dos Guedes, Ipuaçu, Ouro Verde e Vargeão. Com isso pelo menos 19 cidades já fizeram o decreto.
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Os suinocultores realizaram nesta quinta-feira um ato em São Miguel do Oeste para chamar a atenção das autoridades para a crise do setor, que está acumulando prejuízos. O prefeito de Guaraciaba, Ademir Zimermann, decretou situação de emergência em apoio à categoria. Já são pelo menos 14 municípios que tomaram a medida. Guaraciaba tem 75 famílias que trabalham com a atividade, com um plantel de 45 mil animais e movimento econômico de R$ 30 milhões por ano.
Durante o ato foi retirado um documento de reivindicações, como subsídio para a compra de milho, garantia do preço mínimo de custo de R$ 2,57 e renegociação das dívidas.
Na próxima segunda-feira haverá uma reunião em Concórdia, no auditório da Associação Catrinense dos Criadores de Suínos, às 10 horas, com o secretário de Agricultura, João Rodrigues. No dia 12 uma comitiva com cerca de 100 pessoas de Santa Catarina vai à Brasília para pressionar o Ministério da Agricultura a anunciar medidas de apoio ao setor.
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Enquanto muitos suinocultores estão reduzindo o plantel de animais ou até desistindo da atividade o produtor Marcos Ruppenthal está fazendo um movimento contrário, investindo R$ 700 mil no aumento da produção. –É no momento da crise que tem que investir- aposta o criador de suínos de Arabutã.
Ele tinha 140 matrizes reprodutoras de suínos e, até o final do mês, já terá 500. Com isso a produção de leitões vai quase quadruplicar, chegando a 1.1150 animais por mês. Para isso ele teve que construir dois chiqueiros novos, automatizados e novos sistema de tratamento de dejetos. Metade do dinheiro investido por Ruppenthal é de recursos próprios e, o restante, é financiado.
O suinocultor explicou que não está cometendo nenhuma “loucura” e sim se adaptando a uma nova realidade do mercado. Antes os suínos eram dele e ele era o responsável por praticamente todas as despesas. Quando o preço do suíno estava bom, ele ganhava dinheiro. Quando o preço estava ruim, como nos últimos meses, tinha prejuízo.
Pelo novo sistema todos os animais são da agroindústria e é ela a responsável por fornecer a ração, medicação e transporte dos animais. O produtor fica responsável por alimentar e cuidar dos animais.
>> Chiqueiro vira loja de roupas em Concórdia
O vice-presidente da Aurora Alimentos, Neivor Canton, disse que cerca de 90% dos 3,2 mil suinocultores da cooperativa já são nesse sistema, que é denominado “vertical”.
– Só a Aurora tem mais de um milhão de suínos- calculou.
Ruppenthal também fez um contrato com a Coopérdia, que é uma das afiliadas da Aurora Alimentos, com garantia de preço, entre R$ 15 a R$ 17 por leitão produzido. Com isso ele tem uma renda garantida para pagar o investimento e ainda ter uma sobra no final do mês. –Não tem risco- comemora o suinocultor.
Ele avaliou que não dá mais para criar porcos sem ter um ganho de escala. O presidente da Companhia Integrada para o Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina, Enori Barbieri, considera que só vai sobreviver quem tiver ligado a uma agroindústria para diluir custos e agregar valor nos produtos.
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A estrutura de uma propriedade modelo na criação e suínos na década de 70, na linha Fragosos, em Concórdia, atualmente serve para outro tipo de criação: roupas de moda. A granja foi desativada há mais de duas décadas, em outra crise da suinocultura. Até que em 2008 o casal de administradores Odílio Lins Júnior e Mônica Brancher Lins, decidiu transformar as pocilgas numa fábrica de roupas. Eles tinham uma indústria e quatro lojas em Florianópolis onde pagaram R$ 12 mil de aluguel por mês.
Foi então que Odílio decidiu utilizar os chiqueiros abandonados pelo seu pai, para produzir novamente. Onde era a maternidade dos porquinhos foram retiradas as baias e instalada uma loja. A estrutura das paredes e o teto permanecem, o que alia o rústico à leveza e delicadeza das peças que são vendidas no local.
– Os clientes adoram- conta Mônica. Tem pessoas que vão até o local só para conhecer.
Parte da madeira das divisórias foi aproveitada para os cabides, chamados “araras”. Em outro galpão que servia para a criação, foi instalada a sala de cortes, não de carnes, mas sim de tecidos. O piso é o mesmo onde circulavam os porquinhos. Mas as canaletas de escoamento dos dejetos foram fechadas. Os troféus que o sogro de Mônica conquistou na produção agropecuária, agora servem de peso para os moldes de papel.
>> Suinocultor transfere criação para o Centro-Oeste
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O que foi considerado loucura por amigos e professores do casal, só trouxe benefícios. Como eles moram ao lado da indústria, podem atender melhor os dois filhos e a produção, em vez de minguar, triplicou. O Grupo Lemon, que tinha 11 colaboradores em Florianópolis, agora conta com 24. E neste mês deve abrir uma loja da marca Maria Catarina em Chapecó. Se o porco não estava mais dando lucro a produção de roupas vai muito bem.
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A cada crise Santa Catarina vai perdendo produtores especializados na criação de suínos. Alguns abandonam a atividade e outros vão tentar a sorte em outro lugar, com menos custos. É o caso de Adair Cella, que há cinco anos fechou os chiqueiros em Chapecó, onde tinha 200 fêmeas que produziam quatro mil leitões por ano. Ele e mais seis sócios, sendo cinco do Oeste de Santa Catarina e dois que estavam no Mato Grosso, montaram uma granja de suínos em Tapurah/MT.
Foram investidos R$ 30 milhões na estrutura que abriga 170 funcionários e uma produção de 324 mil suínos por ano. Cella disse que a opção por ir para o Centro Oeste foi em virtude das dificuldades ambientais e custo de produção, já que milho é mais barato no Centro Oeste. Além disso no Mato Gosso o modelo de produção é diferente do que fazia em Chapecó. Aqui ele era responsável pelos insumos e lá a remuneração é por leitão produzido, sendo os insumos e assistência técnica bancados pela agroindústria.
- O suíno tá na mão da indústria- constata.
Ele vê que o antigo modelo de produção familiar, em pequena escala, não sobrevive. Na comunidade de Colônia Cella, onde continua morando com a família, Adair lembra que, em menos de 10 anos, restaram apenas cinco dos mais de 20 criadores de suínos.
– Se eu tivesse ficado produzindo aqui teria fechado igual o chiqueiro- lembrou. Agora a estrutura serve para criar algumas galinhas, guardar lenha e depósito.
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O secretário-executivo do Sindicato das Indústrias de Carnes e Derivados de Santa Catarina, Ricardo Gouvêa, alerta que as indústrias já estão migrando para o Centro Oeste, onde o custo de produção é mais barato.
– É preciso uma política de abastecimento de grãos em Santa Catarina senão é certo que mais indústrias vão migrar- sentenciou Gouvêa.
Ele lembrou que Santa Catarina é o berço da avicultura e suinocultura, mas que vem perdendo espaço e já perdeu a liderança na produção e exportação do frango.
- O que mantém a liderança na suinocultura é o status sanitário diferenciado- explicou.
Para o vice-presidente da Aurora Alimentos, Neivor Canton, os custos de produção atraem para o Centro-Oeste onde o milho custa R$ 16, contra R$ 25 para Santa Catarina. Por isso ele considera questão de sobrevivência implantar a ferrovia Norte Sul, para trazer milho para Santa Catarina.
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Criadores com suínos gordos sem ter para quem vender, criadores chorando por ter que abandonar a atividade que exerciam há décadas, gente com dívidas que não consegue pagar, chiqueiros que estão sendo transformados em estufa, galinheiro ou então depósito e municípios decretando situação de emergência.
Esta é a realidade da suinocultura catarinense, uma das principais atividades econômicas do Estado, que somente em exportações movimentou US$ 452 milhões no ano passado.
A situação da família Altenhofen, de Xavantina, é desesperadora. Eles acumulam uma dívida de R$ 200 mil com a criação e agora estão vendendo a terra. No mês passado, Natalino Altenhofen entregou as 80 reprodutoras por um real ao quilo, pois não tinha mais milho para alimentar os animais. Sobraram quatro porcas de descarte e oito vacas de leite, que dão o sustento para a família.
Um filho que ajudava na criação foi trabalhar de empregado em outra propriedade. A filha Rosane, que ainda está em casa, pensa em ir trabalhar de diarista ou numa padaria. E o casal Natalino e Rosália tenta vender a propriedade por um valor que, pelo menos, cubra as dívidas.
— Senão vamos pra debaixo da ponte — afirma Altenhofen, que está com 65 anos e ainda enfrenta problema de saúde em um olho e nos rins.
Nas últimas duas semanas, 10 municípios decretaram situação de emergência: Braço do Norte, Seara, Xavantina, Grão Pará, Arroio Trinta, São Ludgero, Salto Veloso, Lindoia do Sul, Orleans. Nesta segunda-feira, foi a vez de Concórdia decretar emergência. Outros municípios estudam a mesma medida.
Os decretos precisam ser reconhecidos pela Defesa Civil, mas o principal objetivo, segundo o secretário de Agricultura de Concórdia, Márnio Cadore, é dar apoio aos produtores e sensibilizar as autoridades, pois as perdas do setor impactam também na economia destes municípios, com reflexo no comércio e na arrecadação.
— O primeiro impacto é no social, mas depois começa a influenciar na arrecadação — explica o secretário de Agricultura de Seara, Fred Müller.
— Se o governo não der uma mão, a suinocultura está com os dias contados — sentencia o produtor Sigmar Ruppenthal, que está com cerca de 700 leitões e não consegue vendê-los.
Ele entregava os animais com oito quilos e alguns já estão com quase 40 quilos.
— Ninguém quer — lamenta.
Ruppenthal vendeu suínos a R$ 2,50 por quilo há um ano e, recentemente, negociou algumas reprodutoras a R$ 0,94 por quilo. Ele diz que as economias que tinha acumulado se foram, pois a despesa mensal na criação é de R$ 28 mil a R$ 30 mil.
O suinocultor Moacir Mattielo decidiu que vai terminar com a criação. Ele tinha 70 porcas e restam apenas 30, que devem ser vendidas até o final do ano.
— Não tem mais o que fazer — decreta.
Seu filho, que ajudava na criação, foi trabalhar na cidade de Seara. E um dos chiqueiros que Mattielo tinha está sendo desmanchado.
— Vou fazer uma estufa para cultivar tomate — diz.
Para o diretor da Embrapa Suínos e Aves, de Concórdia, Dirceu Talamini, o aumento na produção nacional e o excesso de suínos no mercado, aliados às restrições da Argentina, fizeram o preço despencar. Por outro lado, os custos de milho e soja aumentaram muito. A Embrapa calcula o custo em R$ 2,57 por quilo, para uma remuneração de R$ 1,90.
O presidente da Associação Catarinense dos Criadores de Suínos, Losivânio de Lorenzi, afirma que SC já teve 70 mil suinocultores na década de 1970 e hoje tem cada vez menos. Só neste ano, 240 produtores desistiram. O setor pede ao governo federal a renegociação de dívida e financiamento de R$ 500 por matriz para manter os plantéis. Também querem subsídio de 67 centavos por quilo de suíno vendido, que é a diferença entre o custo e o preço de mercado.
1 comentárioO preço das carnes de frango e bovina voltou a se tornar competitivo e o consumo da carne de porco diminuiu. Isso levou a Associação Catarinense de Criadores de Suínos e lideranças do setor a se reunir com o Ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho, em Brasília.
No encontro a ACCS cobrou a liberação de milho para Santa Catarina e a renegociação das dívidas. Para o presidente da Associação Losivanio DE Lorenzi, essas medidas emergenciais podem reduzir os efeitos das notícias negativas do mercado. Como consequência, por mais uma vez, o produtor fica de mãos atadas, apostando em alternativas que dependem apenas do governo e das entidades.
- Na prática, a instabilidade financeira faz com que a suinocultura catarinense dependa de alternativas como essas – disse.
Segundo a Assessoria de Imprensa da ACCS, a suinocultura precisa de outro perfil, de um mercado seguro, que depende principalmente de ações definitivas. Esforço garantido pelo Ministério da Agricultura.
- A equipe do Ministério fará o possível para auxiliar os produtores e agricultores antes das crises – afirmou o Ministro.