DA COLUNA COTIDIANO
A ideia é boa, sob o ponto de vista de tornar a vida na cidade mais agradável. Retirar a circulação de carros e o estacionamento da área do Largo da Estação. Ela surge no âmbito de uma questão atual específica e explosiva, as brigas e arruaças em torno de casas noturnas, mas deve ser aproveitada para se debater que cidade queremos.
Claro que não se trata de deixar órfãos os motoristas que, nos dias de semana, estacionam seus carros na área, especialmente para estudar na faculdade. É preciso que se apresentem alternativas para esse tipo de necessidade. Afinal, funcionalidade deve ser outra característica urbana básica para garantir qualidade de vida. Mas a discussão sobre o que fazer no Largo da Estação é muito rica sob uma perspectiva mais ampla.
A proposta, que é de autoria do secretário da Cultura, Antonio Feldmann, define mais espaço para lazer e a circulação de pessoas e menos para os carros. Em linhas gerais, é por aí, não fosse o fato de que Caxias está empanturrada de carros. Mas essa é outra discussão. Não pode ficar só nisso, no entanto. Retiram-se os carros e pronto, fica o lugar do jeito que está, com calçamento irregular, sombras, prédios malconservados e nenhum atrativo. Não, é preciso bem mais, é preciso uma repaginada legal, torná-lo um espaço agradável à presença dos caxienses.
E mais, seria muito bom diversificar as opções, não só casas noturnas, mas oferecer atrativos o dia todo, com mais atividades econômicas ao redor, em convívio harmônico com o patrimônio histórico da Estação Férrea, e aqui deve entrar todo um estudo de características e preservações arquitetônicas. As cidades precisam de áreas assim, pulsantes, de circulação permanente, pontos de encontro de seus moradores onde respirem cultura, lazer, história. E o Largo da Estação Férrea, todo o complexo ao redor, é um espaço precioso para esse fim.
Não deve uma cidade se organizar a partir da existência de carros e de sua movimentação. Mas precisa combinar essa funcionalidade com a oferta de pontos de encontro à população, de centros dinâmicos de convivência integrados ao ritmo da cidade. A balança, em Caxias, está nitidamente desequilibrada. A discussão sobre o que fazer com o Largo da Estação vem em muito boa hora para que possamos refletir sobre que cidade queremos.
Postado por Ciro Fabres, Caxias do Sul