DA COLUNA MIRANTE É bastante sintomático que, desta vez, alguns vereadores estejam questionando o aumento de 3,65% proposto a título de reposição de inflação, com 2% de ganho real, para prefeito, vice e secretários. Questionar ações da administração pública é da transparência e é do jogo democrático. É justo que se reconheça, portanto: o problema não ocorre agora, o problema esteve antes. É bastante engraçado que ninguém se levantou contra aumento havido em novembro de 2008 para vigorar a partir de 2009 não só para prefeito, vice e secretários, mas também para vereadores. Será que foi essa questão, o aumento também para vereadores, que fez o reajuste trafegar tranquilo pela Câmara à época, sem embaraço algum? Daquela vez, tratava-se de uma legislatura estipular vencimentos para a próxima, justificou-se então. E mais, houve outro aumento para o mesmo primeiro escalão do Executivo, mais os nossos vereadores, em novembro de 2007, a título de reposição salarial no período 2005/2007. Da mesma forma, foi tudo tranqüilo, o que garantiu uma boa folga no orçamento de nossa representação política. O problema não reside agora, até porque é outra a composição do Legislativo. O vereador Rodrigo Beltrão (PT), que agora interpõe a necessidade de esclarecimentos e barra a tramitação do aumento de 3,65% nem vereador era na legislatura anterior. A questão é que, em determinados casos, o aumento vai tranqüilo, tranqüilo… Em novembro de 2008, ninguém berrou, e olha que o aumento foi graúdo: 31% para prefeito, 47% para o vice, 25% para secretários, 9% para vereadores, 13% para o presidente da Câmara. Mas nem vereadores, nem partidos, nem UAB, nem OAB, nem Ministério Público, nem entidades da sociedade, a não ser a voz isolada das irmãs do Imaculado Coração de Maria, do conhecido Colégio das Pastorinhas, que emitiram uma nota a respeito. Agora se mira um ganho real de 2%. Até nem é tanto assim, embora seja legítimo e procedente esclarecê-lo. Mas e antes, quando os vereadores também ganharam? Por que quando o caso é bem mais escandaloso não há reação?
Postado por Ciro Fabres, Caxias do Sul