Ciro Fabres

Afora essas questões, a serem cuidadas e equacionadas, a foto e sua composição são de uma beleza rara e tocante. O flagrante é do fotógrafo Juan Barbosa, na Avenida Júlio de Castilhos.

De qualquer forma, é recomendável organizar melhor e oferecer mais apoio à presença indígena na cidade, que é sazonal, assim como as dos vendedores de redes do Nordeste.

Quase que passa sem debate essa questão da cancha coberta para as provas campeiras da Fecars. Não vai passar. E devo confessar, de saída, meu conservadorismo mais estridente em relação ao tema. E ainda, ora vejam só, quem será conservador nessa história sou eu, não o movimento tradicionalista, a quem cabe conservar as tradições, o que lançará sobre mim suspeitosas sombras de um ser taciturno a esgueirar-se avesso às modernidades e confortos de uma cancha coberta. Mas isso não importa.

É que, a meus olhos, aquilo é mais um ginásio coberto. A gauchada ficou encaixotada. Ou indoor, na magnífica expressão em inglês cunhada para que nos expressemos contemporâneos a uma série de outros termos saxões que inundam nosso cotidiano. A mim parece, no entanto, que ginásio coberto tem mais a ver com a vida de brasileiros e gaúchos do que o tal indoor. Francamente.

Então ficaram as provas campeiras dentro de um ginásio coberto. E confesso, não posso deixar de sentir falta das estrelas nas noites estreladas, do sol e do céu azul nos dias de outono, do vento cortante que assola a nós, gaúchos, e com o qual nos acostumamos uma história inteira. Não posso deixar de sentir falta da garoa e da neblina da Serra ou mesmo da chuva torrencial que surpreende o gaúcho no campo a cavalo, com seu pala encharcado, com a água a pingar da aba do chapéu e a companhia do cachorro que não refugará a chuvarada. E aí vem a cancha coberta, e tudo é assim no seco, num estalar de dedos. Então, sob a bandeira da modernidade, afasta-se a lida campeira do contato com a natureza e suas formas de expressão? Não me convence nem um pouquinho.

Sei que alguns dirão que nem o mais autêntico gaúcho é obrigado a morar a vida inteira em um rancho de pau-a-pique barreado sem acesso à internet. Mas por certo, tchê. Por supuesto, como dizem os castelhanos. Mas prova campeira é outra coisa. Prova campeira é, imagino eu, para reproduzir a lida campeira, em homenagem às tradições. Cadê o barro, presente no dia-a-dia do gaúcho, para laçar o animal, e que até é uma atração a mais aquele charco todo? Cadê o vento na cara que nos aproxima do pampa? Então é no seco que vão se reproduzir as lidas campeiras? No seco não se reproduz coisa alguma. Mas vai ver é eu que estou ficando ranzinza e conservador por demais.

O buraco tinha no mínimo um mês. Foi aberto para reparo em encanamentos, mas os paralelepípedos, que aparecem na foto acima sobre a calçada, não haviam sido devolvidos ao local de origem. Alguém até providenciou cascalho para amenizar a situação para os motoristas, mas as pedras se espalharam.

O morador cansou e fez o seu protesto com a bandeira do partido que, no momento, administra a cidade. E não é que a iniciativa deu resultado? Pela tarde, apareceram funcionários da prefeitura para tapar o buraco.