Ciro Fabres

Confira resposta do Padre Roque Grazziotin a uma das perguntas de entrevista publicada na edição deste final de semana na coluna Mirante, sobre o affair da aprovação de moção de apoio e solidariedade a ele pela Câmara de Vereadores em razão de cobrança do comando petista caxiense ao descumprimento de orientação partidária.
Grazziotin, filiado ao PT e integrante do Conselho Diretor da Fundação Universidade de Caxias do Sul (Fucs), votou pela recondução de Isidoro Zorzi à Reitoria da UCS. A orientação partidária era de que os votos dos conselheiros filiados ao partido – Roque e a deputada estadual Marisa Formolo – fossem destinados à candidata mais votada em consulta popular com a comunidade acadêmica.

Mirante: O que o senhor achou da aprovação da moção de apoio e solidariedade pela Câmara?
Padre Roque: Olha, foi oportunismo político. Acho que é mais jogo político de momento. Nem cheguei a avaliar muito, não acompanhei a discussão. O que percebi é que o pessoal faz uma manifestação, os outros vêm e dizem que não. Então são jogadas políticas.

A entrevista completa está na edição deste sábado do Pioneiro.

O SEXTO VOTO
“Votei contrário. Respeito as instâncias e individualidades, ainda mais partidos. Cada um que gerencie sua vida”DANIEL GUERRA (PSDB), vereador, que votou com a bancada do PT e o vereador comunista Renato Oliveira contra a moção de apoio e solidariedade ao Padre Roque Grazziotin

Ninguém duvida da utilidade das novas tecnologias, redes sociais em especial. Deveriam ser usadas com prudência e sabedoria, para que delas possamos extrair o melhor, o mais útil, o mais essencial, a ponte para a melhor convivência e qualidade de vida, capaz de aproximar as pessoas e de melhorar a existência.
Mas, em função dessas novas tecnologias, criamos uma cultura nefasta, a de que devemos estar em permanente interatividade, conectados com o mundo e com quem nos cerca, seguidores até mesmo no lado avesso do planeta. Uma cultura capaz de imprimir em quem a ela se submete a classificação de “moderno” ou “antenado” com seu tempo, uma cultura capaz de exigir submissão, que pretende dar a seu objeto de culto ares de divindade contemporânea. Uma cultura que suga energias, que nos exige tarefas múltiplas, tudo ao mesmo tempo agora, e o principal, o nosso tempo, sempre mais, o tempo todo.
Eu, pelo menos, não vou permitir. Quero tornar pública minha declaração contemporânea de utilização do tempo. Quero passear mais nos momentos de folga, quero conversar mais, namorar mais minha mulher-namorada, caminhar de mãos dadas, quero dedicar muito mais tempo à família, aos meus queridos, olhar para o céu azul, olhar para o teto até quem sabe, mirar paisagens, ler muitos livros, escutar muita música e os sons da natureza, especular sobre o mundo, dar asas à imaginação e à fantasia, aquietar a alma, soltar a mente e o espírito. Massacrado permanentemente pelas exigências da interatividade full time é que não se chega lá. E, na hora necessária, restante ou submissa, aí sim, o computador, a parafernália eletrônica de mão, a rede social. Sem massacres, sem descuidar da vida, muito mais real, bem menos virtual.
Por isso, mantive-me até então a distância do twitter. E agora fico sabendo que William Bonner abdicou do twitter por falta de tempo. Anunciou sua despedida na quinta-feira desta semana, e declarou: entre um e outro, prefere não abrir mão da família, de seu trabalho. Então dançou o twitter. É uma deserção de peso. Talvez Bonner sinta saudade, até volte, mas em outros termos. É por aí.

DA COLUNA MIRANTE
O vice-prefeito Alceu Barbosa Velho (PDT) reiterou ainda na quarta-feira à noite, em comentário em seu twitter (www.twitter.com/Alceu_Barbosa) o apelo ao diálogo como instrumento administrativo. “Esperamos que amanhã (quinta-feira) o cidadão que chegar ao Postão seja atendido. Decisão judicial não se discute, cumpre-se! Agora, diálogo, muito.”
É de se imaginar que o diálogo reverenciado seja construir pontes com os servidores. Implodi-las ou inviabilizá-las, literalmente, não leva a lugar nenhum.
Essa tendência à conversação, essa intimidade com o diálogo faltaram de forma alarmante desde o início do movimento reivindicatório dos médicos. Isso é bastante ruim, uma desconsideração. Uma paralisação dos médicos era hipótese previsível há mais de ano, e esse tempo todo a administração deu de ombros.
Ora, ainda que uma reivindicação possa ser estapafúrdia, ela é legítima, e merece resposta. Então quando se arrasta um ano, sem nenhuma satisfação, isso não é respeitoso, e não constrói.
E quando se fala que uma reivindicação merece resposta, não se está sequer sugerindo que os percentuais e itens de pauta sejam abertos e esparramados na mesa, mas sim que sejam acolhidas. Só isso, nada mais. Teria evitado a greve e recursos à Justiça.
E se os médicos confessadamente não cumprem horário nos postos de saúde, motivo alegado por muitos para não merecerem consideração, a atitude deles não se sustenta, mas uma coisa não justifica a outra.
“Agora, diálogo, muito”, prega Alceu. Que assim seja.
Será que a administração vai ouvir o vice? Seria melhor para todos: para a prefeitura, para os médicos e, principalmente, para os caxienses que mais precisam.

A consequência prática é a mesma: mortes, mutilação. Mas há uma diferença de protagonismo político gritante entre o Estado praticar a tortura como metódo de governo, por meio de seus agentes da ordem, e grupos reagirem a esse estado de coisas por meio de armas. Como contestar, até mesmo por princípio jurídico, ou bélico, uma reação?
Esse é um pressuposto inarredável, de vigência moral permanente nessa discussão sobre a Lei da Anistia.
Posto esse aspecto balizador, que permanecerá ad eternum, pode-se avançar na direção da decisão do STF de manter os termos da Lei de Anistia, ampla, geral e irrestrita. Que se compreenda a decisão do STF, que se mantenham os termos da Lei de Anistia. Remexer em tudo isso, em todo esse doloroso castelo de barbáries, em busca de punições não fará nem trará bem a ninguém, nem ao país. Fará balançar o arcabouço emocional da nação. Aprofundará divisões e mágoas, reabrirá feridas e cicatrizes, tornará mais pesados os dias e convivências. Em ambientes assim, construir um país é uma impossibilidade completa. Que se mantenham os termos da Lei de Anistia, portanto, com concessões e maturidade emocional, em nome do tanto que temos por fazer e consertar.
A memória, porém, essa não se apaga, ainda que alguns possam até querer. Sobre ela, a memória, não há como impedir que luzes a iluminem, enviezadas que sejam. E que a recuperem, a qualquer momento. Vestígios até se apagam. Mas o que houve de verdade, isso sempre pode voltar, por uma coincidência banal que seja, acessível a qualquer um. O Estado não é onipresente.
Que se saiba, apenas, quem praticou tortura a mando do Estado, e quem reagiu. Que fiquemos nisso, então. A condenação é a história. O julgamento, no presente e no futuro, que caiba a cada um. O efeito moral é devastador.

Mais problemas de uma cidade média como Caxias do Sul.
Há muitos frequentadores do blog, que participam com comentários, que consideram provincianismo colocar o foco em pequenos problemas. Na verdade, são pequenos grandes problemas, porque estão fundamentados no desrespeito e na ineficiência.
Não é possível calar, mesmo que a situação reproduzida na foto acima não se relacione com problemas de segurança pública, consumo de drogas ou situações mais dramáticas. Eles refletem o descaso com a cidade e os moradores.
A parada da foto acima, enviada por Monique Angeli, vira um banhado quando chove. Fica na RSC-453, na saída de Caxias do Sul para Farroupilha, na frente do Posto Ditrento.
Monique conta que a prefeitura já está alertada, mas não adianta.
- Estamos cansados de ligar e não ter uma solução. Será que precisamos falar com o prefeito para termos paradas de ônibus decentes na cidade? – questiona Monique.
E dizer que a prefeitura quer estimular a utilização do transporte coletivo!
Não custa garantir condições apropriadas à parada da foto. Ainda mais se a prefeitura já está alertada por telefone.
Querer fazer é só querer. E tomar as providências.

A calçada da foto ao lado sempre dá problema. Fica na Rua Os Dezoito do Forte, agora na esquina com a Andrade Neves, mas os problemas se alternam ao longo da quadra, até a Rua Do Guia Lopes.
Agora, conforme relato de Aline Duarte, que envia a foto, a calçada foi aberta, as pedras ficaram empilhadas, e a situação está assim há aproximadamente um mês.
O trecho é central, por onde passam muitos pedestres diariamente. A questão é simples, providenciar o conserto, o que não tem nada de complicado. Tarefa para quem cuida de calçadas: a prefeitura, mais exatamente a Secretaria de Urbanismo.
É preciso fazer a cidade funcionar. Garantir calçadas em bom estado é sinal de funcionamento de uma cidade. Não tem nada de complicado.
Fazer é só querer.

DIA SEGUINTE

“Essa atuação da prefeitura é pífia e medrosa. Não tem coragem de dialogar e precisa se resguardar sob o guarda-chuva da Justiça” MARLONEI DOS SANTOS, presidente do Sindicato dos Médicos, sobre a decisão da prefeitura de obter, via judicial, a suspensão da greve da categoria

O vandalismo e a falta de educação prejudicam diretamente a quem precisa de um serviço ou equipamento público. É burrice de quem o faz, que ainda por cima se julga esperto. Os exemplos se repetem pela cidade. Como nos abrigos do transporte coletivo na BR-116, em frente ao Hospital Geral, mas do outro lado da via.
Ali os abrigos tinham por perto três bancos de concreto, o que não é muito, mas já é alguma coisa para oferecer comodidade a quem espera o ônibus. Pois dois desses bancos, que aparecem na foto ao lado, estão quebrados. Um aparece em primeiro plano, outro, ao fundo. E os encostos ficaram jogados no chão, um retrato de abandono e descaso da cidade com seus moradores.
Quem envia o flagrante é Paulo Cesar Oliveira Lopes. Ele conta que a parada é movimentada, utilizada por alunos da UCS, da Escola Técnica e de quem recorre ao Hospital Geral. E que já faz três meses que é pedida uma providência à prefeitura.
O sistema de atendimento às solicitações da população na administração é muito ruim. São muitos os exemplos de demora de meses, estão aí os postes que clamam por troca do bico de luz na rede de iluminação pública que não nos deixam mentir. O resultado é uma aparência de desleixo que se impregna à cidade.

Acerca da foto ao lado, não é preciso escrever muito. O flagrante foi feito por Carlos Bovo, morador do Pio X, na quarta-feira, por volta das 2 e meia da tarde, em uma esquina do bairro, na Moreira César com João Triches.
As perguntas são:
1. Como fica o pedestre?
2. O que se passa na cabeça do motorista que não se constrange em praticar tamanho desrespeito?
Deve haver uma terceira: o que faz a fiscalização de trânsito que não enquadra o motorista?
A bem da verdade, a fiscalização da Secretaria Municipal de Trânsito, Transporte e Mobilidade tem destinado uma viatura específica, com dois fiscais, para circular com olhar atento a infrações à cidadania, isto é, veículos sobre calçada, faixa de segurança, vagas para deficientes.
É certo que a fiscalização não consegue estar em todos os lugares ao mesmo tempo. É certo também a esquina fica próxima à sede da secretaria e que deve haver mais fiscais, o que, por enquanto, não há.
Cabe ainda o aviso de irregularidades à secretaria pelo telefone 118. E ao órgão também cabe ser ágil no recebimento de reclamações e denúncias.
Situações como a da foto são um desrespeito sem tamanho.