2015 foi um ano terrível, dramático, vertiginoso. Os acontecimentos se sucederam em avalanche e na gravidade de seus efeitos e consequências. O mundo, outra vez, andou rápido demais, ainda mais rápido, e pensou de menos. Essa tem sido nossa repetida tragédia, sem que nos interesse frear o trem desgovernado. Mas, se a velocidade tem se ampliado, a irracionalidade igualmente, o que explica atentados planetários, reféns sendo queimados dentro de jaulas. Ou, aqui no nosso quintal, uma menina de 11 anos baleada na rua e outra de 3 esfaqueada dentro de casa.
Por curiosidade, fui conferir o que havia anotado neste espaço na virada de 2014 para 2015: desejava um 2015 mais lento, de coração. Pois está valendo para 2016. A demanda segue cada vez mais urgente e premente. É muito do que precisamos para reencontrar um pouco do rumo, sob pena de a irracionalidade avançar cada vez mais a galope. Esta é, no entanto, uma tendência dessa modernidade de que nos orgulhamos. Seguimos seduzidos pela velocidade, queremos tudo ao mesmo tempo agora, com a ajuda dos smartphones, e a eles dedicamos nossa extrema devoção.
Se um mundo mais lento seria uma bênção em 2016 ou a qualquer tempo, para amadurecermos ideias, reflexões, pensamentos e projetos de vida, para ganharmos em clarividência, em lucidez, no serviço público os movimentos devem ser menos emperrados, mais ágeis no atendimento às necessidades das pessoas, especialmente de quem padece no cotidiano. É de dignidade que se está falando. A greve dos peritos do INSS prossegue meses a fio, e quem tem perícia por fazer para receber benefícios ou voltar ao trabalho mendiga dignidade. Ou a greve no Ministério do Trabalho, que emperra liberação do Fundo de Garantia e acesso ao seguro-desemprego. Ou o atendimento médico na rede pública. Chega de maltratar as pessoas, o cidadão.
Essas são nossas máximas premências, mas atingi-las em 2016 é mero devaneio. Mesmo assim, são objetivos obrigatórios no rumo de uma realidade melhor, mais decente, menos estressante: uma vida mais lenta, menos irracional, com atendimento digno às necessidades das pessoas. Não tenhamos ilusões, mas prosseguir é preciso.
O melhor 2016 possível a todos.