Agora o ano iniciou para valer, e o cartão de apresentação não recomenda. Não há novidade alguma nessa introdução, aliás. Mas será útil um rápido inventário inicial, dos primeiros dias, para evidenciar a diversidade do que já nos assola: aumento de combustíveis, indício de intolerância e reflexo prático da crise das finanças do Estado, em combinação com nossa histórica dificuldade para resolver questões singelas e prosaicas.
Todo início de ano, são habituais os aumentos do IPVA, do transporte coletivo, da água, do IPTU logo ali em março. O dos combustíveis não é obrigatório, mas este ano chegou de forma emblemática, a romper a barreira dos R$ 4 por aqui, a cerca de 100 quilômetros da refinaria, aproximando o preço do litro da gasolina ao praticado nas longínquas cidades da Fronteira Oeste, a 500 quilômetros da mesma refinaria, onde abasteci o carro neste domingo e paguei um pouco mais de R$ 4 pelo mesmo litro. Quem explica? Não é obrigatória esta pancada no início de ano, mas em 2016 ela veio, fruto do aumento do ICMS estadual. É um prenúncio temerário e sintomático.
Na fuga de três presos da Penitenciária Industrial, na BR-116, há dois fatores. O primeiro é a tradução visível e contundente da crise das contas do Estado. Falta dinheiro, falta policial na guarita, os presos estão na rua. Era para haver pelo menos seis policiais. Havia quatro, e um precisou sair por minutos. Foi o que bastou. Altamente pedagógico. O segundo fator, é que estamos condenados a não conseguir evitar a entrada de celulares nos presídios. É inacreditável. A cereja no bolo foi um preso filmar com um celular, de dentro da cela, a fuga dos três detentos sem policial na guarita.
No caso do vandalismo à santa de Caravaggio, há fortes indícios de intolerância religiosa. O caso é idêntico ao perpetrado dias atrás, em dezembro, contra a imagem de Nossa Senhora de Navegantes, no Desvio Rizzo, ao lado da lagoa. Dois motoqueiros chegam de noite e fazem o serviço. Nos dois casos, as faces das santas foram golpeadas. Fica a nítida sensação que é de caso pensado.
Aumento do combustível, falta de pessoal, tropeços crônicos, indício de intolerância. São percalços emblemáticos, digamos assim, já de saída. Não resta dúvida: apertem os cintos, o ano começou pra valer.