Há um assunto que apaixona mais, no mau sentido do termo, do que as discussões entre torcedores da dupla Gre-Nal, petistas e antipetistas ou petralhas e cochinhas, ou pró-impeachment e anti-impeachment, ou qualquer outro tipo da chamada grenalização. Parece inacreditável, mas existe algo mais radicalizado do que essas polarizações todas. Duvidam? É o assunto do desarmamento, dos que são a favor e dos que são contra. Neste campo minado, não há espaço para a razão. Não queira se meter no meio. Mas há os que, inadvertidamente, ou calculadamente, como se fará aqui, aventuram-se por este terreno. As reações sempre são inevitáveis, explosivas, automáticas.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, chorou ao expor medidas restritivas ao comércio de armas em seu país, que tem um extenso inventário de tragédias protagonizadas por matadores em série. Obama lembrava das vítimas dos episódios mais recentes. Por conta desses matadores, a realidade de lá é diferente da brasileira.
Por aqui, a tentativa de restringir o comércio das armas, anos atrás, foi mexer em um abelheiro. Se fosse possível ponderar, deveria se esparramar algumas evidências incontestáveis. Quanto maior o número de armas, maior a chace de elas serem usadas, para o bem e para o mal. A quantidade de armas em circulação está intimamente relacionada ao ambiente, mais ou menos predisposto à violência, mais ou menos pacífico. E precisamos de ambientes que apontem para a regressão dos conflitos para avançarmos na direção de uma cultura de paz. Ainda, como constata Obama, e chora por isso, as armas causam a morte de inocentes. Ao mesmo tempo, elas também salvam vidas, como pôde comprovar na pele este que aqui escreve. A arma tem, portanto, uma função social, assim como, igualmente, elas costuram tragédias. Uma afirmação como essa, como as demais aqui expostas, é um risco tremendo, mas vamos lá.
Assim, um debate adequado sobre o assunto deveria levar em conta que há argumentos para os dois lados, em especial em uma realidade violenta como a brasileira. De novo, a vida real precisa ser levada em conta. Um bom debate, porém, hoje é delírio total. Só que precisamos apontar para a superação de estágios da civilização, tendo como meta viver em ambientes mais pacíficos.