A Família Pedrosa, com a ajuda de um leitor, flagrou seis carros estacionados de uma só vez sobre a calçada na frente de um condomínio e de uma empresa no loteamento Parque Oásis. Seis carros estacionados de bico, a retirar todo o espaço do pedestre e do cadeirante. Para estes, a rua.
Os motoristas entenderam que não havia problema algum. Afinal, trata-se de uma via de pouco movimento, então pedestres e cadeirantes haverão de ser compreensivos em realizar um pequeno movimento, que não custa muito, descendo até a rua. Não lhes tirará nenhum pedaço.
Com grande dose de probabilidade, boa parte desses motoristas que estacionam seus carros sobre calçadas enche a boca para falar mal do comportamento dos políticos e da corrupção. Periga até se escandalizarem.
Deixar o carro sobre calçada não causa maior prejuízo, muitos dizem. Só o desrespeito, e aí encontra-se todo o estrago e a gravidade da má conduta. Certamente, esses que deixam seus carros “só um pouquinho” sobre calçadas não gostarão da relação feita com a corrupção. E, com frequência, não é só um pouquinho. Os carros se acampam sobre calçadas durante horas. Mas o problema está na raiz, no fundamento, na base de tudo. Primeiro, vem o desrespeito. Depois, tudo passa a ser possível. Há uma regra a obedecer, uma norma da boa convivência, que precisa valer para todos. É só estacionar o carro onde é permitido, simples assim. Mas decidem que estacionar sobre calçadas não incomoda ninguém.
Esse tipo de infração, que parece simples e de nenhum poder ofensivo, é ilustrativo. Ele deixa evidente que o desrespeito está alastrado pela cidade, por toda parte, e que essa é nossa sina e tragédia. Porque está no fundamento de todos os nossos problemas que vêm depois, crescentes em gravidade, chegando a desvios de conduta e à corrupção. Tudo parte do desrespeito ao outro, tão bem caracterizado pelo ato de estacionar sobre a calçada, subestimado em suas consequências.
Seis motoristas não hesitaram em deixar seus carros sobre as calçadas no Parque Oásis. Exercitaram o desrespeito, com toda a naturalidade, Não é só lá, é por toda a cidade. Essa praga terrível tem de ser combatida de forma incessante. Mas ainda não é, e está longe de ser.