Comunidade

 Raulino Esbiteskoski, Presidente da Fundação Turística de Joinville

Famílias passeando pelas ruas, pontos turísticos movimentados, voos chegando lotados ao aeroporto, hotéis com excelente ocupação, restaurantes disputados. Esse é o cenário de Joinville nesta temporada, o que comprova o crescimento do nosso turismo.

Infraestrutura, tarifas competitivas e localização estratégica são determinantes para que os turistas optem por se instalar em Joinville, para aproveitar a praias e a região.

Devemos destacar, porém, que estes turistas não utilizam o município apenas como cidade-dormitório. Eles visitam os atrativos locais, consomem produtos e serviços, movimentando toda a nossa cadeia turística.

Temos os números que comprovam essa demanda. Em dezembro de 2015, o Museu Nacional de Imigração e Colonização recebeu 66% mais visitantes e 38% mais excursões, do que no mesmo período do ano anterior. Os turistas representaram 81% do público.

Nossas Centrais de Atendimento ao Turista (CATs) também monitoram os turistas. Na CAT do aeroporto, desde o início do ano, foram atendidos visitantes de todas as regiões do Brasil, além de estrangeiros da Argentina, Suíça e Estados Unidos. Na CAT da Casa Krüger – portal do nosso turismo rural –, 80% do público atendido é de outras cidades.

Hotéis, restaurantes e até mesmo propriedades rurais que se dedicam ao turismo comemoram e aproveitam o público que passa a temporada na região.

A conquista desse espaço resulta da união de forças do poder público e da iniciativa privada. Juntos, trabalhamos o ano inteiro para promover Joinville em todo o país e construir uma rede de serviços qualificada.

O crescimento contínuo do turismo de Joinville nos últimos anos comprova a sustentabilidade do segmento. Além de comemorarmos, precisamos estar prontos para crescer e atentos às oportunidades que a atividade turística oferece à cidade, aos seus empresários e cidadãos.

 Luiz Kunde, Presidente da CDL Joinville

O ano começa com um novo ministro da Fazenda. Verdade? Em verdade, vos digo que a verdade nunca foi tão distorcida como agora. O último ano começou com uma esperança: a de que Levy pudesse alterar os rumos da economia por meio de uma postura mais competente do que a que nos foi imposta pelo trio Dilma, Mantega e Barbosa. Eles criaram a “nova matriz” e destruíram uma nação – infelizmente, a nossa.

Em 2015, a dívida pública cresceu R$ 500 bilhões (juros, basicamente) e chegou a 2,8 trilhões (até em dólar, isso é dívida de gente grande). A boa nova é que, em 2016, essa dívida vai crescer apenas 507 bilhões a mais, chegando a 3,3 trilhões. Esses números parecem, mas não são piada. São números oficiais publicados pela Fazenda em 25 de janeiro.

Até recentemente, havia um Banco Central no país. Mas, desde quarta-feira passada, essa realidade já não existe. Hoje, temos um Sr. Tombini, beija-mão da presidente, a comandar uma instituição que virou chacota internacional. Se havia algum resquício de credibilidade nas ações do banco, elas se foram. Assim como se foram todas as esperanças do brasileiro, economista ou sindicalista, de termos alguma visão do que poderia nos esperar em 2016.

E você, senhor empresário, faz o quê? Deita e chora, porque não há, neste momento, nenhuma perspectiva de que 2016 venha a existir. Janeiro já foi “pro vinagre”. Creio que este seja o momento mais dramático da história do empreendedorismo no Brasil. Deus queira que outros Moros surjam das cinzas, que algum novo líder apareça e que um novo horizonte comece a luzir.

Talvez seja a hora de repensarmos nosso sistema político. Se fôssemos uma nação politicamente avançada, talvez já tivéssemos optado pelo parlamentarismo. Nele, um primeiro-ministro com 7% de apoio popular já teria tido a vergonha na cara de pedir o chapéu ou, melhor, já teria caído. Nosso sistema presidencialista pulverizado por 37 (e crescendo) partidos sem identidade – e sem presidente – deixou de funcionar há muito tempo.

Como nos ensina o eminente professor Delfim Neto: “presidencialismo não funciona sem presidente”.

Christian Ribas,  Médico coordenador do Serviço de Oncologia do Hospital Dona Helena

A Bioética, no esforço de promover a melhor ação possível do ponto de vista moral e humano no trato com a vida, analisa criticamente os aspectos morais emergentes nas ciências médicas, biológicas e sociais, e a qualidade de vida tem também sido objeto de sua atenção.

Quando se fala em qualidade de vida, evoca-se a ideia de que é possível avaliar a vida de alguém e de que há vidas melhores e piores. Agora, duas questões fundamentais se impõem – como medir a qualidade de uma vida e quem poderá julgá-la?

Quanto à definição, o termo “qualidade de vida” pode ser entendido em diferentes perspectivas. Em uma ótica pragmático-utilitarista, a vida com qualidade é definida como aquela com capacidade intelectual mínima, autoconsciência e autocontrole, capacidade de interação com os outros e racionalidade. De um ponto de vista hedonista, depende de estados mentais prazerosos e da ausência de dor. No sentido sócio-biológico, pode ser confundida com o próprio conceito amplo de saúde física, mental e social. Na esfera individual, a qualidade de vida é avaliada pelo indivíduo, considerando sua saúde física e mental, seu estado funcional e socioeconômico. Ao nível de comunidade, é aferida pelos recursos, condições, políticas e práticas que influenciam a percepção do estado de saúde e o desempenho da população.

Médicos e outros profissionais da saúde necessitam decidir quanto à condução de procedimentos e tratamentos, os quais devem ter por objetivo não só eliminar a doença, mas também restaurar, manter ou melhorar a qualidade de vida de seus pacientes. Essas decisões não são só técnico-profissionais, são também morais.

Em se tratando de qualidade de vida, no entanto, o paciente mesmo, quando capaz, em um exercício de averiguação íntima de sua experiência existencial e das reais e racionais possibilidades de melhora, auxiliará na determinação do “tipo” de qualidade de vida que deseja para si. Suposições tomando por base apenas o diagnóstico, idade e condições de vida, sem conhecê-la por meio dele próprio, podem levar a equívocos decisivos em situações clínicas críticas.

Ely Diniz, Consultor de comunicação

A internet é um espaço que o mundo ainda está descobrindo. É impressionante a quantidade de pessoas que viram nesse mundo cibernético a oportunidade de extravasar todas as suas frustrações, raiva e odiosas implicâncias sexuais, raciais, religiosas e clubísticas. Os blogueiros dos mais diversos assuntos são, muitas vezes, não apenas contestados de forma frívola, mas execrados e xingados pelos internautas, que se escondem atrás de pseudônimos.

Em contraposição a essa massa raivosa existem aqueles que usam a internet para tentar melhorar o mundo. São textos, fotos e vídeos que apelam para o sentimentalismo, usam imagens de criancinhas lindas, bichinhos fofinhos, pés descalços na areia, o pôr e o nascer do sol, acompanhadas de textos de autoajuda que nos inspiram momentaneamente, principalmente nesses tempos de verdadeiro massacre de más notícias sobre o mar de lama da política e o derretimento da nossa economia. Tempos de desesperanças, que faz com que qualquer mensagem positiva, mesmo que etérea como bolhas de sabão, afaguem a nossa calejada alma.

Outra característica da internet é a circulação imediata de milhares de mensagens por minuto. Muitas vezes enviamos textos e imagens para algum grupo de amigos e, após circularem pelo Brasil e o mundo, voltam para nós por outras pessoas. Se for piada, acabamos rindo novamente, pois já tínhamos esquecido.

No meio desse mundo ainda em descobrimento, que é a internet, há informações e textos que nos acrescentam e nos fazem pensar. Final e início de ano são momentos propícios para a circulação de renovação da esperança, listas de coisas a fazer e outras para esquecer. No meio de uma delas, bem extensa, com sugestões como “sorrie e gargalhe mais”, “perdoe a todos por tudo”, pincei uma que me fez pensar: “Passe tempo com pessoas acima de 70 e abaixo dos seis anos”.

Confesso que eu tenho feito muito isso. Procuro conviver com parentes e amigos que rondam os 70 anos e prestar atenção no que dizem e falam as crianças. Os mais velhos nos ajudam a entender a razão da nossa existência e as crianças a perceber como a vida pode e deve ser mais leve e divertida.

João Marcos Buch, Juiz de direito da Vara de Execuções Penais e corregedor do Sistema Prisional da Comarca de Joinville

- Ele ficou em 2º lugar na corrida de 800 metros. E competiu com um par de tênis dois números menores do que usa.

Era minha irmã, professora de Educação Física, que exerce atividades extras de técnica em inúmeras modalidades, contando sobre um aluno do Ensino Médio. Não lecionava mais para ele, mas o viu no campeonato de inverno de atletismo. Pela colocação, ele conseguira se classificar para as finais que ocorreriam um mês depois. Quando foi lhe dar os parabéns, encontrou-o todo feliz, segurando o tênis velho pelo cordão, calçando chinelo. Vendo que o rapaz tremia, pois estava muito frio, disse-lhe para colocar o tênis.

- Não posso profe, o tênis é 38 e eu calço 40 – respondeu o atleta, sorrindo.

Quando meu outro irmão soube disso, imediatamente comprou um tênis sapatilha de atletismo, dos melhores, com chave para parafusar pinos no solado. Uma semana depois, o jovem recebeu o presente. Essa história pode resultar na conclusão de que todos têm condições de conquistar seus sonhos, bastando se dedicar.

É a “meritocracia”. Conclusão errada. Boa parte da juventude brasileira concentra-se nas camadas da população de baixa renda. Moram em bairros periféricos precários, sem saneamento, sem nada. São jovens, que ao retornarem da escola, ficam ociosos, sem espaços esportivos, culturais e de lazer. Especialmente na adolescência, quando começam a descobrir o mundo, não tem perspectivas reais de alcançar a ascensão social que desejam. Por isso, aliado à pressão para trabalhar e trazer algum sustento para casa, abandonam os estudos. Uns desistem de seus sonhos, outros seguem caminhos marginais.

O atleta acima é exceção. Está conseguindo escapar desse destino porque além do mérito, que deve sim lhe ser reconhecido, teve a sorte de encontrar no esporte pessoas que nele acreditaram. Isso fez com que reunisse forças para superar as dificuldades, os calos que se formaram nos pés, a pobreza que lhe impediu de se aquecer no inverno. Mas fico imaginando quantos outros adolescentes têm suas potencialidades ceifadas pela falta de oportunidades. Quando, como juiz, vou a escolas para dialogar sobre as causas da Justiça, são tantos estudantes curiosos, olhos brilhantes, ávidos por conhecimento que encontro. Em geral, saio extenuado diante dos infinitos questionamentos. Mas, antes de tudo, saio com a esperança renovada de que essa juventude é boa e que basta investir em sua educação, ofertando-lhes oportunidades, que teremos um mundo melhor. Nosso jovem vencedor atleta que o diga.

Mary Bastian, Escritora

Quando eu era criança, estudávamos a história do Brasil e, dentro dela, a escravidão, os navios negreiros, os donos dos negros e as misérias que sofriam nas fazendas dos brancos. Mas, também, a libertação dos escravos e como a Princesa Isabel tinha pena dos negros maltratados e, por isso, os libertou. E passou a ser chamada de Redentora. Mas não foram oferecidas a nenhum deles condições de sobrevivência, e isso os livros não contavam.

Depois de mais algumas guerras, quando parecia que tudo estava calmo, surge este novo êxodo na Europa, ameaçando a segurança de todos e mostrando a miséria e a maldade novamente.

Somos um povo pacífico, queremos o bem de todos, nossas fronteiras estão abertas para quem quiser se refugiar. Temos uma população miscigenada, com gente de todos os cantos trabalhando, crescendo e fazendo o país crescer. E, agora, vemos coisas inimagináveis acontecendo também por aqui. A luta de uns e outros pelo poder sem glória, a falta de respeito com o povo que só quer viver, trabalhar e ser feliz, as respostas e provocações deste povo contra aquilo que um dia parecia ser a melhor solução para todos nós.

Ledo engano, não está sendo melhor para ninguém. Estão todos cansados dos ídolos com pés de barro, tamanha é a descrença do povo. E vamos deixar a ambição desregrada, os conchavos escancarados na TV, na internet, a falta de diálogo, de fraternidade, chegar a um lugar sem volta? Vamos blindar nossas casas com paredes metálicas para esconder nosso medo, seguindo o exemplo do governo no dia de festejar a pátria em setembro de 2015? Vamos permitir que continuem os bate-bocas entre os políticos pra que as benditas licitações levem anos para sair do papel?

Acho que já crescemos bastante nestes 515 anos de Brasil, está na hora de mostrar maior idade. Mostrem que já somos adultos, com cérebros pensantes, e não Maria vai com as outras.

Por favor, entendam-se, conversem, unam-se e façam voltar o sossego a esta terra, onde as palmeiras abrigam o canto dos sabiás e as andorinhas fazem o verão.

Paulo Stolf, Administrador

“A Terra é uma nave viva, deslocando-se com o sol e seu colar planetário rumo à constelação do Hercules, a 72 mil km/hora, embora tudo pareça imóvel”. (Scientific American Brasil n. 62, nov/dez/2014).

Escolas iniciáticas ensinam que para ser feliz é necessário estar de bem consigo mesmo, com os outros e com a natureza. É o que está contido na trilogia espiritualidade, humanismo e ecologia. O foco da espiritualidade é a felicidade, o alimento da alma; do humanismo é a paz, o “amai-vos uns aos outros”; da ecologia é a vida, a economia ecológica. Da terra, retiramos o alimento para o corpo físico e do ar recebemos a essência da vida.

Uma outra trilogia vem do campo: lavoura-pecuária-floresta que possibilita até quatro safras por ano. (Globo Rural n. 361, nov/2015). Destaco alguns tópicos da revista.

Desenvolvida pelo agrônomo João Kluthcouski – João K, como é chamado – a integração lavoura-pecuária-floresta permite várias culturas intercaladas, criação de gado e o plantio de árvores (especialmente o eucalipto plantado em linhas/faixas para o conforto animal), além da madeira. Atenção especial é dada ao capim braquiária. Além de alimentar o gado, o raizame da braquiária penetra até dois metros no solo, permitindo a entrada da água e o arejamento do solo. Além disso, a braquiária fornece a palha para o plantio direto.

A integração evita o desmatamento, diversifica e aumenta em até 100% a produção agrícola, reduz em 50% a idade de abate do gado e reduz emissões de gases de efeito estufa. Não é uma técnica agrícola, mas uma forma capaz de recuperar solos degradados e transformar a propriedade em uma unidade de produção intensiva o ano inteiro. Essa integração tem dado certo em todas as regiões do Brasil, mesmo em terras muito arenosas.

Para João K, a integração é: agronomicamente eficiente, economicamente viável, socialmente justa (cria bons empregos) e, ambientalmente correta.

A inteligência humana descobre práticas conscientes de sustentabilidade. Embora a vida na Terra seja finita, compete à humanidade prolongá-la.

Affonso Ghizzo Neto, Promotor de Justiça em Joinville  e  Leonardo Augusto Cezar, Promotor de Justiça (ES)

Sem referências de virtude, o mundo adoece de forma irracional e descontrolada. O poder econômico, que a quase todos domina e comanda, aposta com sucesso na especulação criminosa. Nesse contexto, a boa governança, consistente em administrações públicas honestas, eficientes e transparentes, é peça decisiva para o efetivo combate à corrupção.

No Brasil, escândalos de corrupção renovados e a tentativa de impor um basta à impunidade vêm encontrando uma forte resistência em determinados seguimentos da sociedade. A Operação Lava-Jato é um bom exemplo, no qual envolvidos e condenados – em que pese o exercício da mais ampla defesa que o dinheiro possa proporcionar –, insistem no discurso da ilegalidade de uma “justiça justiceira”. Aliás, a carta aberta de repúdio à Operação Lava-Jato, ombrada por alguns advogados, que teve grande repercussão na mídia nacional, sugere violações de regras mínimas para um justo processo.

Certo é que a jovem democracia brasileira encontra dificuldades para eliminar privilégios seculares destinados àqueles que se julgam acima de tudo e de todos. Felizmente, com o amadurecimento das instituições, ainda que de forma tímida, inicia-se um processo de transformação contra a corrupção e o crime organizado.

A publicação da referida carta aberta, embora legítima no livre exercício de opinião, deve ser compreendida dentro de suas verdadeiras intenções. Foi formulada justamente por advogados de muitos dos criminosos envolvidos na Operação Lava-Jato. Ao que parece, buscam de todas as formas desqualificar as investigações e o processo, relacionando-os com um retrato anacrônico como se estivéssemos no auge da ditadura militar.

Assim como a verdadeira advocacia é essencial para a defesa dos direitos fundamentais e tem um papel importante nas contendas processuais, a punição dos grandes criminosos, independentemente de influências econômicas e políticas, é medida democrática necessária para o fortalecimento das instituições. A postura firme do juiz Sérgio Moro é exemplo a ser replicado. O Judiciário deve estar atento a esses sintomas de agressão, tentativas de intimidação e intromissões na independência funcional, especialmente em casos como o presente.

Udo Wagner, Presidente da Sociedade Cultura Artística de Jaraguá do Sul (Scar)

A realização desta 11ª edição do Festival de Música de Santa Catarina (Femusc) ocorre em momento especial na história da Sociedade Cultura Artística (Scar). Em junho próximo, estaremos celebrando os 60 anos da Scar e o Femusc, de certa forma, dá início à agenda que pretende oferecer inúmeras atrações em 2016.

Este evento, de uma grandiosidade incomparável, já alcançou sua plenitude em termos de objetivos sócio educativos por oportunizar a jovens do mundo inteiro condição de estarem ao lado de professores renomados e mestres da música erudita, alicerçando, nesta nova geração de artistas, valores humanitários que certamente fazem diferença nas suas trajetórias pessoas e profissionais.

Não fosse apenas por esse aspecto, o Femusc, em 11 anos de existência, tornou-se uma referência de animação cultural, movimentando a comunidade e região, formando plateias para as artes e proporcionando um lazer de qualidade por meio de espetáculos de alto nível. Soma-se a isso, a contribuição que traz à economia regional, representados pela circulação de R$ 2,5 milhões em negócios no comércio, em áreas como gastronomia, hotelaria e serviços em geral.

Para Jaraguá do Sul, o Femusc é um presente maravilhoso. É uma oportunidade que a população tem de conviver com a alegria que os músicos demonstram ao circularem pelas ruas com seus instrumentos e com a dedicação aplicada nas aulas, em apresentações no teatro e em espaços alternativos. São elementos que agregam ainda mais valor ao dia a dia de uma comunidade trabalhadora e de grande senso de responsabilidade social.

A Scar sente-se honrada em ser a casa do Femusc, por oferecer uma das estruturas voltadas à atividade cultural do Brasil, que respira arte o ano inteiro e preserva os mesmos ideais deixados por seus fundadores.

Marcelo Harger, Advogado, mestre e doutor em Direito, membro da Academia Joinvilense de Letras

Fazia tempo que não entrava na catedral. Entrei observando e vi as mesmas paredes de concreto, os mesmos bancos de madeira da época em que fiz catequese. Vi o padre Bertino conversando com algumas pessoas. Tinha o mesmo ar de homem santo de que eu me lembrava.

Fui com toda a família. Mãe, pai, irmã, esposa e filho. Era a primeira vez que levava o Pedro na igreja. Havia também avó, cunhado e tios. Estavam todos presentes para uma bênção em virtude das bodas de prata de meus pais.

Quando a missa começou, não consegui prestar atenção. A música parecia um zumbido ao longe. As orações soavam como um tímido barulho. Fiquei parado, quieto e quase em transe. Olhava vidrado para o Pedro, que dormia no meu colo.

Acariciei seus cabelos, beijei a testa, peguei naquelas mãozinhas tão lindas e pequenas. Olhei para a boca tão perfeita e para a pele branquinha, sem qualquer mancha. Dormindo, parecia um bebê, e não o menino sapeca que vive correndo pela casa. Meu coração encheu-se de amor.

Embora não prestasse atenção à missa, senti-me em verdadeira comunhão com Deus. Somente um ser divino poderia criar algo tão perfeito quanto o pequeno ser, que estava ali em meus braços, a dormir em meio aos cânticos religiosos.

Lembrei-me de como a minha vida mudou para melhor desde que o Pedro nasceu. Ele trouxe sentido a ela. Um norte. Uma direção a seguir. Tornou-me um homem melhor.

A responsabilidade pela vida de um ser tão indefeso e ingênuo fez com que as escolhas fossem mais pensadas. A virtude tornou-se mais do que um dever. Transformou-se em uma obrigação. Ele certamente terá por espelho minhas atitudes. É um pequeno repetidor de tudo o que eu e minha esposa fazemos.

Decidi rezar. Rezei com o coração. Foi uma prece tão profunda como nunca havia feito antes. Pedi sabedoria para orientá-lo em meio às dificuldades da vida. Orei pedindo discernimento para conduzi-lo pelo bom caminho. Coloquei o destino do Pedro nas mãos de Deus e, quando finalizava a oração, a missa terminou. Não prestei atenção em nada do que ocorreu. Essa, contudo, foi a melhor missa de toda a minha vida.