Não é nenhuma novidade dizer que reputação é tudo na internet. Nem dinheiro, nem posição social e nem rostinho bonito. Nada disso importa se os resultados do Google para o seu nome são motivo de embaraço.
A ideia pode ser óbvia para uns e boba para outros, mas quando é um presidente do Google quem está dizendo, vale dar algum crédito. Repercutiu em muitos sites de notícias ontem o artigo do Wall Street Journal em que Eric Schmidt “prevê, aparentemente com seriedade, que um dia todos os jovens terão o direito de mudar o nome ao atingir a maioridade, para deixar para trás as bobagens pueris que ficarem armazenadas nos sites de relacionamento social”. Ou seja, todas estas fotos em poses ridículas, comentários inapropriados e vídeos constrangedores que os adolescentes publicam despreocupadamente na internet poderão voltar-se contra eles no futuro. Bem, sejamos realistas, nem só adolescentes.
Eric Schmidt sugere que o tema seja pensado “pela sociedade como um todo”… Será que já não está na hora de o assunto ser abordado nas escolas, como neste caso da Alemanha? Além da reputação, o que está em jogo também é a segurança. Tanta exposição online tem implicações de muitas ordens.
Enquanto não sabemos muito bem como lidar com essa transformação cultural, empresas lucram vendendo um dos bens mais valiosos do momento: seu nome limpo e bem classificado na internet. Uma das mais conhecidas, a ReputationDefender, promete renovar a imagem online de qualquer um. Este tipo de trabalho é um dos temas tratados por Jeffrey Rosen no artigo The Web Means The End of Forgetting, publicado em julho no New York Times.
Em sintonia com a questão levantada por Eric Schmidt, Rosen trata da crise atual da privacidade: ao mesmo tempo que a internet guarda tudo e destroi o esquecimento, ela promove o choque entre as diferentes facetas que costumávamos preservar até pouco tempo. O amigo de infância, o rival do colégio, o profissional, o filho, o parceiro de festas na faculdade: esses mundos em que podíamos manter identidades “flexíveis” de acordo com a situação, eles estão agora misturados e guardados em arquivos digitais.
A questão é: o quanto uma foto tirada entre amigos, postada em uma rede social, pode comprometer sua imagem como profissional? Como relata o artigo, pode sim, e muito: nos EUA, 75% dos profissionais admitem consultar não só o Google, mas também Twitter, Facebook, blogs, fóruns e até jogos online na hora de avaliar um candidato a emprego. E pior: 70% reconhecem que já rejeitaram profissionais com base em informações encontradas nestes sites. A rede não esqueçe, e não perdoa. E mudar de Estado ou de cidade poderia funcionar antigamente para apagar um passado embaraçoso – hoje não faria a menor diferença.
Se você não leu ainda e tem um tempinho, vale conferir o artigo de Rosen (é em inglês).
Se está com pressa, ao menos dê uma passadinha no Google, faça uma busca pelo seu nome, e descubra como está sua reputação. Se o resultado não foi dos melhores, aqui algumas dicas: How to Ungoogle Yourself.
