Com todas as homenagens ao recém-falecido Malcolm McLaren, o ícone do punk rock que concebeu os Sex Pistols, surgiram as comparações com music moguls do tipo Brian Epstein (descobridor dos Beatles), Alan McGee (boss da Creation Records) e Allen Klein (o cara que passou a perna nos mais espertos – Beatles e Stones).
McLaren em particular e esses outros poderiam ser mais barulhentos, estrondosos. Porém, nenhum cara do outro lado do balcão da música pop foi grande como Ahmet Ertegun – esse aí da foto. Turco naturalizado norte-americano, concebeu com Herb Abramson a Atlantic Records. De início voltada ao jazz, logo descobriu novos estilos: o rythm’n’blues, o soul, o rock superestrelar e a maquinaria pop, lançando álbums de grandes artistas desses gêneros.
Só para citar alguns em quem Ahmet apostou: Charles Mingus, Ornette Coleman, Ray Charles, Solomon Burke, Otis Redding, Aretha Franklin, Crosby Stills and Nash – foi ele quem convenceu o trio a chamar Neil Young -, Wilson Pickett, Sam and Dave, Chic, Cream, Yes, Percy Sledge e Abba. Nem todos começaram com ele, mas com certeza tiveram seu melhor momento no seu selo.
Mesmo sendo a gravadora de NY incorporada pela Warner, Ertegun continuou o chefe de operações da empreitada. O gentleman manteve faro e habilidade invejáveis. Foi gigante ao incorporar o AC/DC (que lançava em todo o mundo menos Austrália e Nova Zelândia), o Led Zeppelin e os Rolling Stones.
Na Atlantic os Stones gravaram seu catálogo entre 1971 e 1983 - ou seja, Sticky Fingers e Exile On Main St. inclusos no pacote. Ertegun ouviu uma demo e correu para assinar com o Led Zeppelin, porque logo viu o pote de ouro.
Fraco o turco? Morreu em 2006, aos 83 anos, de sequelas causadas por um tombo – levado, ironia, no backstage de um show dos Stones em Nova York. Faz e sempre fará falta ao universo musical.
PS1: Ele ainda criou a liga embrionária do futebol nos EUA, bem como o New York Cosmos de Pelé, Carlos Alberto e Beckenbauer. O Rei recebia dele tratamento semelhante ao de Page, Plant, Jagger e Richards.
PS2: Muita gente esquece, mas foi na Atlantic que o Velvet Underground gravou seus últimos grandes registros, em especial Loaded.
Abaixo, uma das coisinhas lançadas sob tutela da Atlantic: