Revitalizada Graforréia Xilarmônica está na escalação do Floripa Noise 2012. É o nome para abrir o festival no dia 16 de junho, na Célula Cultural. Histórica banda alternativa gaúcha, a Graforreia (novo single aqui) retomou no mês passado as lidas com o palco após a volta de Marcelo Birck, que passou a integrar o genial quarteto com Frank Jorge, Carlo Pianta e Alexandre “Alemão” Birck. O grupo ainda planeja para este ano um novo álbum de inéditas. Isso é apenas a entrada que anuncia a programação do Floripa Noise, que seguirá até o dia 23 de junho, com mais de 30 atrações (entre shows, mostra de cinema e artes) em seis pontos da cidade. Metade da programação será composta por espetáculos locais. Ainda na cota sonora, está confirmada a vinda das bandas argentinas Violentango e Gomez, uma noite dedicada ao metal, Os Skrotes, Cassim & Barbária, Lounge Ambervisions no Taliesyn Rock Bar e cachê para todos os artistas.
Corrigindo o equívoco da coluna Contracapa desta quinta-feira: o Festival S.O.S. Taliesyn será sexta-feira (amanhã, 6 de abril) e não hoje, como erroneamente foi publicado. Mas se vocês quiserem aparecer também nesta quinta-feira, estão convidados. As finanças da casa também agradecerão a solidariedade. O fundamental é frequentar e não deixar a trincheira morrer.
* Neguinho da Beija-Flor está perto dos 70 anos, venceu um câncer e agora se prepara para gravar um disco em homenagem ao cantor Jamelão. Mas tem disposição de Maratonistas para resistir a tudo e a todas. É o Lemmy Kilmister do samba, se é que vocês me entendem!
* Manolo K e Barbária estiveram em palcos distintos da Maratona, mas se encontrarão sexta-feira na sala de embarque do Aeroporto Hercílio Luz para uma breve tour conjunta em Buenos Aires.
* A Célula revelou parte da sua nova estrutura, na noite de sábado. Efeito “eldivinização” em curso!
* O comércio perdeu uma boa oportunidade para faturar durante a Maratona. Apesar da recomendação da Abrasel incentivando a abertura de estabelecimentos no Centro, as portas mantiveram-se fechadas e nem os ambulantes deram conta da “sede” no Rosário, por exemplo.
* Fantástico rever os teatros e salas de exibição “sitiados” por filas de espera. Produções cênicas e audiovisuais estão em alta.
Se o céu é o limite, do chão também não passou e o sagrado e o profano se cumprimentaram à distância de uma esquina. A segunda noite de Maratona Cultural, sábado, descia, marcando o ponto de ebulição no Centro da Cidade: o cortejo obsequioso da Procissão de Nossos Senhor dos Passos às voltas na Catedral Metropolitana e a Escadaria do Rosário tomada de um efeito entorpecente e sonoro aplicado pelo projeto Benzina de Edgard Scandurra. A decantação inflamável do ex-Ira foi uma fração do que se viu no Rosário, instituído o ponto de refino da música contemporânea na programação da Maratona. Os Skrotes e seu rock fusion atingiram a sublimação do processo de experimentação que começou com o trompetista Manolo K desconstruindo a obviedade colocando o concretismo a serviço dos pedais e ruídos: “essa febre que levanta/ a maré das minhas veias/ e transborda na garganta/ a voz rouca e vermelha“. Precisa desenhar para entender?
Scandurra abriu a sua entoada com a feroz Do Chão Não Passa. Bem que o público tentou, mas não foi desta vez.
Edgar Scandurra entra em estúdio nesta semana para gravar um novo trabalho. Deixou a cidade impressionado com a participação do público na Escadaria do Rosário. Quer voltar de preferência, pelo menos, a cada estação. Leva com ele uma impressão já corrente por aqui: de que a Escadaria é arquitetônica e estrategicamente um espaço privilegiado para ações culturais. Há muito merece se tornar um palco permanente para intervenções ambicionado por muitos artistas. Que tal uma campanha Occupy Rosário? Muito mais simples que uma faraônica restauração de ponte.
E a volta do Mottorama: Jean e Alê estavam um tanto apreensivos e até acusaram o golpe no início da performance, reclamando em certo momento de problemas já na passagem de som _ para não perderem a prática. O show ocilou bastante denotando um desentrosamento natural dado a ausência da dupla dos palcos. Mas a liga e o punch seguem pairando o Mottorama. As chances de recuperar a boa forma nos shows pelo menos se revelam mais promissoras do que a física.
Se você não exibe forma física e muito menos dispõe de fôlego e tempo para dar conta da programação coxuda da Maratona Cultural de Florinapólis (programação completa aqui!), o ContraVersão indica alguns “atalhos” para os maratonistas sedentos por cultura. Sugestões são bem-vindas nos comentários abaixo.
Partiu!
* Sexta-feira (23/04)
Das 19h às 20h: Sambou, sambou com Neguinho da Beija-Flor no Parque Coqueiros, encenação da trupe potiguar Clowns de Shakespeare no Largo da Catedral, Balé Bolshoi no Teatro Pedro Ivo e vernissage na Cor Galeria _ ambos na SC-401.
* Sábado (24/04)
Das 11h às 16h30min _ Espaço Cultural Sol da Terra (Lagoa da Conceição): abre com a Mostra de Cinema Infantil e segue pela tarde com as sessões de curtas e longas da Maratona. Destaque para Espírito de Porco, documentário premiado de Chico Faganello e Dauro Veras
11h _ Teatro Álvaro de Carvalho: Livres e Iguais, peça de formas animadas
11h _ Samba no Mercado Público
14h _ Cinema do CIC: Estréia do curta É Bucha, 40 Anos do Teatro Biriba, e Sessão Maratona Cultural
15h _ Ribeirão da Ilha: shows das bandas Somato, Ginga do mané, Musadiversa, Guinha Ramires e Cravo da Terra
16h _ Lago da Conceição: Show da Primavera nos Dentes
17h _ Escadaria do Rosário: palco direcionado à música experimental com Manolo K, Skrotes, Mottorama e o guitarrista Edgar Scandurra
21h _ Célula Cultural: “Noite de galos” com os seletores Mancha & Herax from L.I.M.B.O. e as bandas Marujo Cogumelo, Andrey e a Baba, Jean Mafra e Bonde Vertigem, Lenzi Brothers e Cassim & Barbária
22h _ Teatro da Ubro: Tudo Isso É Muito Bom Mas, Realmente, Não Há Nada Como Um Gauguin, musical tragicômico de Paulo Vasilescu
19h30min _ Museu Cruz e Souza: Sessão Curtas no Museu fechando com Novembrada, de Eduardo Paredes
Ps: Fique atento também à programação da Sessão Maldita da Cinemateca Catarinense (Travessa Ratcliff, Centro) e as exposiçoes nos museu de Arte de Santa Catarina (Masc), Victor Meirelles, galerias Flávia Tronca, Pedro Paulo Vecchietti, Memorial Meyer Filho e Fundação Badesc.
* Domingo
Das 10h às 16h30min _ Espaço Cultural Sol da Terra: Mostra de Cinema Infantil e Sessão Maratona Cultural. Destaque é o documentário Seo Chico.
10h40min _ Museu Cruz e Sousa: Recital de piano com o duo Dietrich e De Carli
14h _ Cinema do CIC: Sessão Maratona Cultural e estreia do doc Bolachas, de Marco Martins
15h _ Beira-Mar Norte: Sound in da City, o happening mais democrático da história de Floripa
16h _ Parque de Coqueiros: as boas são os shows do projeto Mapuche e Fabio Della e os Sardines
18h_ Célula Cultura: Palco Metal, com Fortress, Brasil Papaya, Perception of the Other (espetáculo performático da Siedler Cia de Dança e banda Stormental) e Shaman (SP)
19h _ Bosque da UFSC: Peça Sonho de Uma Noite de Verão, dirigida por Marcio Cabral da Sila
19h _ Teatro da UFSC: Peça Mulheres Nunas, direção de Christiano Scheiner
20h _ Teatro do Sesc: Estudo para Certezas de Incompletude (EPCDI), performance de dança contemporânea dos grupos Cena 11 (Florianópolis) e Luis Garay (Argentina)
20h_ Lenine na Beira-Mar Norte. Eu estarei pela Célula.
A programação da Maratona Cultural de Florianópoli garante o acesso livre e gratuito de toda a população aos mais de 200 espetáculos, sendo muitos em ambientes fechados e com capacidade limitada, como em teatros, cinemas, espaços culturais. O processo para a retirada de ingressos será o mesmo da edição passada, com distribuição de senhas uma hora antes do início das apresentações. Estas senhas serão entregues apenas pelos produtores da Maratona que estarão identificados em cada local. Cada pessoa terá direito a um par de ingressos.
Das cinco “notáveis” atrações anunciadas para a Maratona Cultural de Florianópolis, a banda Mutantes “queimou a largada” e seu show foi cancelado na noite de quarta-feira pela organização do projeto. A justificativa seria o não envio em tempo das documentações e informações exigidas para validar o registro da banda no projeto da Maratona, financiado com recursos do Funturismo. Situação que emperraria a prestação de contas. O prazo limite foi sexta-feira passada, mas nem o “chorinho de tolerância” concedido aos Mutantes para esta semana deu resultado. Não há também tempo hábil para substituir o grupo, que se apresentaria no dia 24 (sábado), na Praça Bento Silvério, na Lagoa da Conceição. O complemento da programação está mantido, com o show da Felixfônica, a volta da Primavera nos Dentes, fechando com o guitarrista Luciano Bilu.
Marcos Espíndola é jornalista, titular da coluna Contracapa do caderno Variedades e integrante do programa Bola nas Costas, da rádio Atlântida. O ContraVersão é mais que a mera reunião dos conteúdos dos blogs do Marquinhos e Tra-la-lá (RIP), é a derradeira tentativa de se cavar uma nova trincheira, que opere por conta própria, independente da cobertura diária dos seus respectivos espaços no DC. Música, literatura, cinema, quadrinhos e todas as formas possíveis e subversivas de arte estarão sob o foco deste caleidoscópio da cobertura pop. A junta psiquiátrica que assiste este blogueiro agradece desde já a compreensão e o incentivo de todos. Afinal, pense bem: ele poderia estar roubando, né?