Eles iam arrancar minha bolsa! Eles iam ver o bastão de eletrochoques e a faca! Eu seria desmascarada! Seria presa! Oh, meu Deus!
O Fetter e o Éverton se aproximavam, o Fetter com as mãos estendidas feito garras, pronto para me agarrar, me arrancar a bolsa, me levar presa à primeira delegacia; o Éverton um passo atrás, com os olhos muito arregalados, pronto para ajudá-lo, um escudeiro subserviente, o desgraçado.
As pessoas em volta gritavam:
— A bolsa! A bolsa!
Eu apertava a bolsa contra o peito e choramingava:
— Não! Não!
Comecei a andar para trás, mas esbarrei em alguém. Ouvi um homem dizer para outro:
— Mas como é gostosa!
Será que nem numa situação extrema os homens esqueciam o sexo? Bando de animais! É isso que eles são! Desprezo os homens.
Eu não tinha saída. Eu não tinha para onde ir. Eles estavam com os braços em cima de mim.
Foi nesse momento, quando tudo parecia perdido, quando tudo era dor e desespero, que chegou a ajuda dos Céus. A Sétima Cavalaria, com o General Custer de espada desembainhada e os cabelos amarelos ao vento. O Batman. O Thor. O Super-Homem. Ou, melhor, o Super Pateta.
Ele: Paulo Germano!
Chegou dentro do carro, com a mão na buzina e o pisca-alerta ligado, afastando os malditos populares que queriam me tirar a bolsa, detendo Éverton e Fetter, gritando:
— Silvia! Silvia! Silviaaaaaaa!
Parou o carro a dois metros de mim. Abriu a porta do carona.
— Silviaaaaa! — gritou, a voz esganiçada de exaltação.
Saltei para dentro do carro. Ele arrancou. Deslizamos pela Padre Chagas abaixo, em completa segurança, deixando o bolo de desocupados lá atrás, olhando-nos, impotentes. Paulo Germano ofegava, atrás do volante.
— Meu Deus, Silvia, o que era aquilo???
Sorri para ele:
— Finalmente você deu uma dentro!
Ele sorriu, agradecido.
— Ainda bem que eu estava seguindo você.
Suspirei.
- Tenho que admitir, e faço isso a muito custo: concordo com você.
Ele estava radiante.
— Para onde vamos agora? — perguntou.
Se lhe dissesse: vamos para o crematório, que quero fazer churrasco de você, ele toparia. Era um banana mesmo. Mas hoje, não. Hoje ele havia sido meu salvador. Hoje eu adorava aquele idiota do Paulo Germano. Não olhei para ele. Olhei para frente, através do pára-brisa, para a rua lá fora. Ronronei:
— Vamos para o seu apartamento.
— Meu apartamento? — ele estava realmente feliz. — Vamos, vamos para o meu apartamento.
Então olhei para ele. Entreabri os lábios. Ciciei:
— Hoje é seu dia de sorte, garoto.
Ele não perdia por esperar.
Uau!
O que acontecerá com Paulo Germano?
O que fará Cris?
Saiba em seguida no próximo capítulo de… Cris, a Fera!!!
Postado por David
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