O texto abaixo está na Conversa da Redação deste sábado.
Os rincões esquecidos
O que o agricultor Luis Tadeu Malta Ramos, 48 anos, de Águas Claras, a auxiliar de limpeza Sinara Aparecida Santos, 49 anos, de Logradouro, e a líder comunitária Glaci Fam, 33 anos, de São Caetano, têm em comum? Todos vivem em áreas desprovidas de mais atenção das administrações públicas de Viamão, Guaíba e Porto Alegre, respectivamente, e também distantes do assédio dos candidatos às eleições majoritária e proporcional de 3 de outubro. As angústias e as preocupações desses eleitores foram temas da série de reportagens que o Diário Gaúcho publicou nas edições de terça, quarta e quinta-feiras desta semana.
A repórter Aline Custódio e a fotógrafa Cynthia Vanzella mostraram o desalento de Luis Tadeu com a insegurança em Águas Claras, principalmente depois que ladrões mataram os bois Jaguarão e Alegrete – e roubaram a carne –, que ajudavam na lida do campo. O agricultor diz que a maioria dos seus vizinhos já foi vítima de arrombamentos e de assaltos:
– Está um horror!
A série revelou também a força da união entre os 1,6 mil moradores da localidade de São Caetano, no extremo-sul da Capital. Liderados por Glaci Fam, eles arregaçaram as mangas e decidiram construir um prédio para abrigar um futuro posto de saúde, porque o mais próximo fica a 10km da região. A estrutura já está quase pronta, mas ainda faltam o piso e o forro.
O que mais impressionou as repórteres foi a situação de penúria de Sinara Aparecida, que está desempregada e tem dificuldade de conseguir um trabalho por causa da distância entre Logradouro e o Centro de Guaíba e Porto Alegre.
O foco da cobertura eleitoral do Diário Gaúcho, explica o editor Luiz Carlos Domingues, está em mostrar que a política faz parte do dia a dia dos leitores e não apenas no momento da decisão do voto na urna eletrônica.