O texto abaixo está na coluna de Sérgio Zambiasi, na contracapa do DG desta sexta-feira.
A vitória do crack
Sei que o assunto é recorrente. Mas é assim também com as drogas. Os dramas repetem-se a todo o instante, todos os dias. Esta semana, acompanhei o sofrimento de uma mãe, com o filho desaparecido, e de uma mulher, cujo ex-marido já desistiu inclusive dos filhos. O poder do crack é tão devastador que seus dependentes acabam envolvendo toda a família. A ponto de pais ou irmãos, muitas vezes, sujeitarem-se a extremos de pagar as dívidas com os traficantes por medo que algo mais grave possa acontecer com o viciado.
O pior de tudo é que a gente se sente meio impotente diante do desespero de uma mãe que procura os estúdios da Farroupilha só para tentar notícias do filho, que largou tudo, casa, mulher e uma criança, agora com seis anos, para se entregar ao crack. Ela estava resignada com seu destino, sentindo-se sem forças para lutar diante do tamanho do inimigo. Contentou-se em saber que o rapaz está vivo, pois precisava acompanhar o irmão dele, que optou por aceitar internação numa clínica e ainda tem alguma chance.
Enquanto isso, a ex queria saber se dava para internar à força o pai do bebê que ela carregava nos braços. Seu olhar transmitia frustração e tristeza, pois o homem, que um dia lhe prometera uma vida melhor, afundou de tal maneira nas drogas que, nas últimas semanas, nem pelo garotinho ele perguntava. “Um homem bom, trabalhador, dedicado e que de uma hora para outra, nem sei como, abandonou tudo e foi morar na rua, por causa da maldita da droga”, desabafou a pobre mulher. “Mas ele é pai do meu filho e eu gostaria de ajudá-lo, o problema é que ele não aceita, está perdido”.
Relato estes dois casos para, mais uma vez, chamar a atenção das consequências que drogas como o crack, óxi e a cocaína provocam nos usuários e suas famílias. Ao mesmo tempo, tenho esperança de que esses exemplos possam servir como um alerta.
Boa reflexão e até amanhã, se Deus quiser.