Klécio Santos
Lula is very nice, comentaram espanhóis, americanos e japoneses, em meio à eufórica comemoração da delegação brasileira pela conquista da Olimpíada de 2016. O elogio dos derrotados, repetido nos círculos de bate-papo no centro de convenções Bella Center, em Copenhague, se repetiria na imprensa internacional no dia seguinte.
Como Barack Obama havia vaticinado, Lula “é o cara” no tabuleiro da política internacional. Com 81% de aprovação, é um dos políticos mais populares do mundo. Se pudesse disputar eleições em outros países, estaria eleito presidente da Argentina no primeiro turno, atesta uma pesquisa divulgada esta semana pelos hermanos. A reverência com que Lula está sendo tratado após a conquista dos Jogos Olímpicos é singular, mas não é episódica. Desde os anos 80, um Lula recém- saído do sindicalismo e às voltas com a criação do PT começou a granjear espaços no Exterior, mas ainda era visto com desconfiança por líderes mundiais. Ao assumir o poder, essa impressão mudou. Lula distanciou-se do radicalismo petista de outrora e, com uma política externa voltada para os países emergentes, tornou-se a grande sensação dos encontros de cúpula. Afinal, Lula não escolhe interlocutor. Conversa com o iraniano Ahmadinejad com a mesma desenvoltura com que papeava com George W. Bush. Tornou-se amigão de Obama e Nicolas Sarkozy. Tamanha diplomacia autodidata, contudo, não impediu que o Itamaraty colecionasse fracassos em indicações para organismos internacionais. Apesar disso, a imagem de Lula nunca foi abalada. Pelo contrário. As derrotas nunca foram associadas a ele. As vitórias, sim. Embora tenha dito que a Olimpíada é a credencial para o Brasil ingressar no Primeiro Mundo, Lula já conquistou seu agrément há bem mais tempo.
Postado por Sucursal Brasília
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