Uma luta renhida por cargos e liberação de verbas para emendas parlamentares, uma presidente avessa aos salamaleques da política e uma pauta de votações indigesta no Congresso. Combinados, estes três elementos resultam em uma crise política – a mais grave desde o início do governo Dilma Rousseff.
A presidente tem o amparo de sua popularidade. O Congresso, o poder de infernizar o governo e de travá-lo. De olho nas eleições de outubro, os aliados querem cargos para se fortalecer e emendas para poder mostrar obras a suas bases. Partidos como o PMDB acusam o PT de monopolizar o governo. Na visão da sigla, o atual quadro pode levar a um crescimento imenso da presença petista nas prefeituras e Câmaras de Vereadores do país – em prejuízo dos aliados.
Ainda que a pressão sobre a presidente ocorra de forma ostensiva, há temor de que a pressão exercida seja interpretada como chantagem. Siglas que abriram confronto abertamente com o Planalto já suavizam seus discursos. É o caso do PDT. Um dia depois de o PR anunciar que se alinha à oposição depois de não ter conseguido emplacar o novo ministro dos Transportes, o líder do PDT, senador Acir Gurgacz (PDT-RO), foi à tribuna da Casa ontem para “tranquilizar” a presidente. Ele disse que o PDT não precisa de cargos para ser aliado e votar a favor dos projetos do governo, “quando eles forem de interesse do país’’.
– Nós queremos mandar uma mensagem de tranquilidade, de que o PDT vai continuar apoiando o governo e a presidenta Dilma, independentemente de ministérios – disse Gurgacz.
O PDT aguarda a indicação do ministro do Trabalho desde a demissão de Carlos Lupi, em dezembro. O governo teme a paralisação de projetos de seu interesse. Entre eles, destacam-se a Lei Geral da Copa e o Código Florestal.
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