
O guri de 38 anos está de volta. No primeiro jogo contra o Millonarios, pelas quartas de final da Copa Sul-Americana, o Grêmio volta a contar com Zé Roberto, que, aos 38 anos, parece imune à ação do tempo.
Os números impressionam. O percentual de gordura é de apenas 6%. É capaz de percorrer 16 quilômetros em uma hora. Dentro de campo, se forem somados cada um dos seus deslocamentos curtos, chega fácil aos 800 metros. Conclui as partidas com uma resistência que provoca espanto. O gol de falta, marcado aos 46 minutos do segundo tempo contra o Barcelona-EQU, foi resultado de uma jogada por ele mesmo construída. Leva uma vida de qualidadade, com alimentação regrada e sem extravagâncias.
Uma prova do físico privilegiado foi dada já na apresentação, dia 4 de junho. Como fazem com qualquer jogador recém contratado, os fotógrafos pediram a ele que vestisse a camisa do Grêmio. Foram surpreendidos pelo gesto do meia, que retirou a camisa branca com que chegara à sala de conferência, deixando à mostra a chamada barriga de tanquinho.
- Isso é para que não falem que estou gordo e velho – brincou Zé Roberto.
- O Zé parece um menino – comentou, espantado, o lateral esquerdo Fábio Aurélio, apresentado no mesmo dia.
A boa forma faz com que, ao final de cada treino, já no vestiário, os outros jogadores peçam dicas sobre como ficar com um físico parecido.
- Criei o projeto verão – graceja o meia.
Não há dia em que Zé Roberto não passe pela sala de musculação. O trabalho é curto, nunca ultrapassa os 25 minutos. A intensidade é que é alta. São cerca de 20 repetições em cada aparelho, com prioridade para os grupos musculares maiores, como quadríceps, posterior das coxas, panturrilha, peitoral e bíceps.
- Zé Roberto é beneficiado por uma genética favorável. Alia velocidade e força com todas as qualidades técnicas que o futebol exige. A forma é mantida com treinamentos adequados ao jogo. Quanto mais o trabalho físico se aproxima da realidade de uma partida, menor é o risco de fadiga muscular e lesões – explica o preparador físico Antônio Mello.
Com a idade, o metabolismo fica mais lento, o que determina uma queda de rendimento e recuperação após maior esforço. Mesmo para um privilegiado como Zé Roberto, torna-se difícil suportar uma sequência maior de jogos. Nesses casos, a comissão técnica opta por um descanso. Foi o que ocorreu dia 22 de agosto, no segundo jogo contra o Coritiba, pela Copa Sul-Americana, quando disputou apenas o segundo tempo. No último jogo do Brasileirão, contra o Bahia, a parada foi compulsória. Suspenso, Zé Roberto escapou de uma desgastante viagem até Salvador, que consumiu oito horas entre voos e espera em aeropostos.
Mello não arrisca dizer com que idade Zé Roberto irá parar. Se depender da família, serão apenas mais dois anos. O preparador não ficará surpreso se ele repetir o ex-ponta Aladim, que largou a bola aos 41 anos, no Coritiba. Zé Roberto, segundo ele, lembra outros longevos, como Roberto Dinamite, Fredy Rincón e mesmo Renato Portaluppi, que chegaram ao fim da atividade profissional esbanjando saúde.
- Ele venceu a barreira da pobreza. Hoje, é um exemplo no vestiário. Faz um papel duplo. Em campo, trabaha pelo time. Fora, aconselha os colegas. É um exemlo – resume o preparador.