

Foi de maneira constrangida e desconfortável que o Inter aproveitou a apresentação do novo vice de futebol, Luiz Fernando Costa, para fazer um pedido público de desculpas aos técnicos Mano Menezes e Celso Roth. Ambos foram descartados por Vitorio Piffero, durante a campanha eleitoral, mas, agora, com um mercado cada vez mais restrito depois de ter sido negado por três técnicos, Tite, Abel Braga e Vanderlei Luxemburgo, o Inter se viu obrigado a recorrer a Mano. E, para reconstruir esta relação e tentar a contratação do Plano D, precisou recuar e negar o que foi dito dias atrás.
- Fiz aquilo a contragosto (descartar Mano e Roth). Era um movimento muito forte, me obriguei a isto. Todos os nomes serão avaliados pelo Luiz Fernando (Costa), serão trazidos a mim, e vamos definir. O Roth foi o técnico campeão da Libertadores de 2010, o Mano começou na base do Inter. Nós temos que esquecer o episódio eleitoral, temos que vencer isso. Me vi obrigado a desmentir alguns nomes de tão forte que ficou o rumor nas redes sociais. Para o bem da verdade, eu tive de fazê-lo. Mas isso passou. Não quero olhar para trás, estávamos em campanha, vamos esquecer o episódio eleitoral – disse Piffero, em sua longa explicação
sobre o que disse em um passado bem recente.
O presidente eleito do Inter seguiu sendo questionado pelos repórteres, na sala de conferências do Beira-Rio. A insistência sobre os descartados seguiu. E, perguntado sobre a sua declaração, que ele e Mano não poderiam trabalhar juntos por terem estilos diferentes, tentou descontrair e respondeu assim:
- Quem tu achas que sorri mais: eu ou o Mano? Nenhum dos dois. Por este estilo, somos muito parecidos. O Mano sorri tão pouco como eu.
Em seguida, Piffero e Costa asseguraram que nenhum treinador seria descartado a partir de agora, com a oficialização de um vice de futebol – que assume com o clube partindo para a sua quarta opção de técnico.
Tite sempre foi o Plano A de Piffero. Esteve acertado com o Inter até o meio-dia de segunda-feira. Ao final da tarde, porém, o treinador mudou de ideia, voou para São Paulo, se acertou com o Corinthians e foi anunciado pelo clube. Pessoas próximas a Tite comentaram que ele se sentiria mais confortável junto à direção paulista. Sem Tite, e com o Plano B Abel Braga se negando a trabalhar com a nova gestão, a alternativa colorada foi pedir a dois emissários para contatar Vanderlei Luxemburgo. As conversas tiveram início ainda na noite de segunda-feira, depois que Tite assinou com o Corinthians. Para tirar Luxemburgo do Flamengo, o Inter ofereceu mais de R$ 600 mil mensais (ele recebe R$ 350 mil na Gávea). O treinador, porém, tem planos maiores no clube carioca e pretende até mesmo se candidatar à presidência do Flamengo, ao final de 2015. Por isto, recusou o convite.
- Recebi uma sondagem de pessoas ligadas ao Internacional, mas meu compromisso é com o Flamengo – publicou Luxemburgo, em nota oficial.
Piffero ironizou a imprensa sobre Luxemburgo, comentando que o “torcedor fica se divertindo” com notícias como esta sobre o treinador carioca. Quase em jogral, Piffero e Costa emendaram uma sequência de respostas intrigantes.
- Eu não procurei o Luxemburgo. Cruzei com ele várias vezes, e ele sempre disse que queria treinar o Inter – afirmou Piffero.
- Eu não falei nem tratei, então, se alguém procurou (Luxemburgo), não foi alguém ligado ao Internacional. O que sempre houve, foi o interesse dele – comentou Costa.
- Mas seria um bom nome – completou Piffero.
- Não descartamos nome nenhum. Só falamos em nome após a contratação efetivada – resumiu Costa.
A partir de agora, com este sutil pedido de desculpas aos ex-descartados, o Inter passa a correr atrás de Mano Menezes, tendo Celso Roth como alternativa ao ex-Seleção Brasileira, em caso de novo revés. Até porque, como o Inter comprovou ontem, no futebol profissional, não se pode ser definitivo jamais.
O que Vitorio Piffero disse na semana passada sobre Mano Menezes e Celso Roth:
Dia 11 de dezembro, em entrevista ao programa Sala de Redação, da Rádio Gaúcha
“Mano Menezes não é técnico para o Inter”
Dia 11 de dezembro, em entrevista a Zero Hora
“Não tenho nada contra o Mano Menezes, mas o estilo dele não fecha com o meu estilo.”
Dia 13 de dezembro, em coletiva, após ser eleito presidente do Inter
“Abel é meu amigo, é um dos nomes. Óbvio que eu conversei com o Tite. Assim como conversei com o Abel. Até teve gente falando com o Muricy, falando em meu nome. Descartei Mano Menezes e Celso Roth por não se enquadrarem exatamente com aquilo que eu quero de um treinador.”
* Com Alexandre Ernst