
Por Jones Lopes da Silva
Ironia do futebol. A grande pergunta da semana era: o Inter faria o segundo Gre-Nal decisivo do Gauchão no novo Beira-Rio, dia 13? Bem, depois do que aconteceu na Arena não existe mais essa questão. Dentro do novo estádio do Grêmio, o Inter de D’Alessandro fez 2 a 1 com justiça e leva a vantagem para a finalíssima em abril.
Foi um clássico com início toma-lá-dá-cás, com gols de gols de centroavantes no histórico Gre-Nal 400, com os dois times de casa nova.
Por que toma-lá-dá-cá. Porque tudo correu freneticamente no início.
Aos 5min, Dudu passou por Aránguiz, a bola se ofereceu em um corredor e chutou, por cima. A resposta se deu numa arrancada de Willians, sem marcação, e finalizou um chute que Marcelo Grohe colocou para fora. Em seguida, Aránguiz puxou um contra-ataque com D’Alessandro. Rafael Moura deslocou-se para a direita, esperou a chegada de Alex na pequena área e cruzou.
Alex cabeceou, mas Grohe fez defesa espetacular. Era a maior chance de gol.
Então, aos 14 minutos, na insistência de ataque por Dudu, que inverteu a Pará. Foi o lateral quem cruzou na entrada da grande área e Barcos, ergueu-se todo, torneou de cabeça e a bola pegou altura e desceu no canto direito de Dida. O 1m90cm do goleiro não seria suficiente, ele não chegaria, ninguém chegaria naquela bola, a do 1 a 0 para o Grêmio.
Foram 15 minutos frenéticos.
Aí o Inter foi ao ataque. Foi buscar o empate, e girou, tocou, tocou, tocou a bola e nada. Abel foi para a beira do gramado, levava a mão à cabeça, cruzava os braços, gesticulava em claro sinal de impaciência. Numa das jogadas, Rafael Moura recebeu pelo alto, dominou no peito e, como ninguém passou, conseguiu espaço para concluir, sem perigo.
A essa altura, o Inter tinha 60% de posse de bola. E o Grêmio aguardava, à espreita do exato momento de sair às pressas com Dudu e Luan. Com tantos passes laterais, cruzamentos frontais, ou seja, tudo previsível e óbvio, o Grêmio equilibrou o jogo.
Aos 35 minutos, Alan Patrick já fazia aquecimento, talvez uma sombra às pálidas atuações de Rafael e Jorge Henrique, até então.
Enquanto isto, Luan, com um toque deixou dentro da área Riveros, que colocou sobre a trave de Dida. O mesmo Luan fez Barcos brigar pela bola com Dida. O lance, último do primeiro tempo, revelava um diagnóstico: o Grêmio começara e terminara melhor. Enquanto Luan, Barcos, Wendel faziam a diferença, Alex, Jorge Henrique, Rafael Moura decepcionavam.
A reflexão do intervalo era uma declaração de Abel Braga, que se dizia impressionado com o Grêmio que empatara com o Newell’s Old Boys no jogo de Rosario. Fez elogios efusivos à forma como Enderson Moreira havia amarrado os argentinos com o que ele chamou de “marcação alta”, expressão pródiga dos técnicos que significa acossar, fustigar, incomodar, o adversário na saída de jogo.
Era exatamente o que o Grêmio fazia no primeiro tempo. Foi o que o Inter fez no segundo tempo.
Alan Patrick no lugar de Jorge Henrique e Ernando, no de Juan, lesionado, foram as mudanças de intervalo.
Depois de um escanteio venenoso cobrado por D’Alessandro, Luan obteve uma vantagem sobre Gilberto, e nada mais.
Alex teve um lampejo e deu excelente passe para Aránguiz, que se imiscuiu na área e cruzou à procura de Rafael Moura, que concluiu de cabeça. Impossível Grohe evitar o empate.
Aos 14 minutos, de novo Aránguiz foi protagonista. Ficou à frente a frente com Grohe e tentou o canto esquerdo. Grohe esticou o braço e impediu o segundo gol. Em seguida, D’Alessandro cobrou falta com perigo, a bola passou ao lado, e Rafael Moura deixou Alex dentro da área. Mas Wendel travou o lance em cima da hora.
Enderson Moreira cansou de ver o seu time envolvido e trocou Dudu por Alán Ruiz, que mal tocara na bola quando Fabrício cruzou aos 27 minutos e, de novo, Rafael Moura teve de abaixar para cabecear sobre Grohe, no 2 a 1.
E o Grêmio queria sair jogando, não conseguia. Pareceu um time cansado. Enderson chamou Maxi Rodríguez, no lugar de Riveros. Queria retomar a velocidade do início do clássico.
Não conseguiu o Grêmio de Enderson reagir. Perdeu para o Inter e seus passes do segundo tempo.