
Poucas coisas incomodam mais Giovanni Luigi que ouvir aqui e acolá que a direção do Inter demora para contratar. Aos 53 anos, o presidente colorado assegura que Dunga receberá de dois a três reforços na janela de transferências e defende-se da suposta morosidade alegando que está zelando pelas finanças do Inter. Nessa entrevista, Luigi, ainda que evite comentar o déficit de R$ 13 milhões até maio, assegura que a venda de Fred para o Shakhtar Donetsk foi uma das maiores da história do Beira-Rio. Assegura que 2014 será uma temporada endinheirada para os colorados com o seu novo estádio, mas que enquanto o ano que vem não chega, o momento é de poupar.
Ainda assim, a vida de Luigi não tem sido apenas as reuniões com o departamento de futebol e as finanças. Entre chegadas (como a do atacante Jorge Henrique e a do armador Alan Patrick, contratado ao Shakhtar) e partidas (como as de Rodrigo Moledo e Fred, que deixaram R$ 40 milhões nos cofres colorados), nos últimos dias ele vem tratando da transição de Caxias do Sul para Novo Hamburgo. A mudança é iminente e só depende dos laudos dos Bombeiros e do Ministério Público. O Inter está pronto para mudar de casa, enquanto o Beira-Rio segue em reforma.
A seguir, os principais trechos da entrevista:
Contratações
“Quem fez uma grande contratação no Brasil? Nem contratações medianas foram feitas. O mercado está fervilhando. Nesse momento existe muita conversa com valores fora da realidade. E o Inter está sendo zeloso. Não vou contratar por contratar. Tenho os pés no chão. Estamos negociando, mas todos os números são altos. E não descarto nenhuma contratação. Também não determino prazo. Não vou dizer: ‘dia tal teremos os reforços’. Por mim, estaria com o grupo formado há tempos”.
Centenário x Vale
“Se tivermos um estádio próximo de Porto Alegre, vamos jogar lá. Se o Olímpico estivesse à disposição, tu acha que eu seria louco de pelo menos não estudar a hipótese? Seria a chance de seguir jogando em Porto Alegre. O Estádio do Vale está criando forma, estão colocando arquibancadas e o Inter aguarda esta evolução. Por ser um ano atípico, tudo o que pudermos fazer para economizar quilômetros de viagem e desgaste será feito. Se tiver a oportunidade de jogar mais perto de casa, vamos jogar. Vamos avaliar. Tendo todas as licenças e o estádio estando liberado, teremos que mandar uma partida lá para sentir o Vale e avaliar as condições. A dificuldade é essa: não jogar em casa e ser obrigado a buscar ao menos a vaga à Libertadores. Por isso pensamos jogo a jogo. Com o Beira-Rio, o Inter muitas vezes ganha partidas complicadas porque tem a ajuda do torcedor. Este ano, não. Se confirmar Novo Hamburgo, ganharemos uma excelente opção. Os atletas precisam sentir o calor da torcida, isso é fundamental. Conseguimos isso apenas em alguns jogos de Caxias do Sul“.
Finanças
“Ao longo dos anos o Inter vem negociando pelo menos dois jogadores por temporada. Lá atrás vendeu Lúcio e Fábio Rochemback. E seguiu com esta prática desde então. Vendemos e formamos. Agora temos Otávio, Mike, Caio. Sabia que o Shakhtar já sondou o Caio? O Inter é o clube que mais vendeu na última década. E, nesses 10 anos, temos 28 taças. Isso só da equipe profissional. Temos uma situação privilegiada: caixa em dia, folha paga, impostos pagos, enfim, uma situação financeira estável. Estamos bem de dinheiro, mesmo em um ano atípico. Minha preocupação agora é garantir as finanças do clube pelos próximos cinco meses. O ano que vem será excelente em termos de dinheiro. Teremos o novo Beira-Rio, o que nos dará um salto financeiro. Em 2014, teremos faturamento e badalação com a Copa do Mundo. Tenho certeza que seleções importantes jogarão aqui a Copa do Mundo. Vamos faturar em mídia e em sócios”.
Leandro Damião
“Por que o clube vende? Para ter caixa. Se o Inter fica seis meses sem vender, aí tem déficit. Se vende de um a dois jogadores por janela, tapa o déficit. Há um ano que eu não vendia ninguém. Acho que ainda virá uma oferta por Leandro Damião nessa janela. Se vier, a minha resposta será a de sempre: ‘O Inter não vende’. O bom negociador age assim“.
Grupo forte
“Fernando Carvalho sempre dizia: ‘Presidente está sempre preocupado com alguma coisa’. E é verdade. Agora é hora de resolver a questão técnica. Garanto que a perspectiva financeira para 2014 é supertranquila. Para a sequência do Brasileirão e da Copa do Brasil o Inter tem um grupo muito forte. Mas quero pensar jogo a jogo. Temos um grupo forte, mas que precisa ser reforçado. E estamos na iminência de concluir algumas negociações, duas ou três“.