A derrota do Inter para o Cruzeiro foi didática, segundo análise de Celso Roth. O técnico reuniu os jogadores e alertou o grupo: é preciso entrar mais ligado em campo. No entender do técnico colorado, a derrota para os mineiros ocorreu porque o time só acordou para o jogo quando já havia sofrido o gol de Éverton.
- Ganhar, ganhar e ganhar anestesia um pouquinho. Aí tem que levar uma pancada para retomar o caminho – disse o técnico.
Sob o comando de Celso Roth, o Inter soma 11 jogos no Brasileirão, e um aproveitamento de campeão: 72,7%. São sete vitórias, três empates e uma derrota.
Uma comparação:o Corinthians, segundo colocado no Brasileirão, mas líder por aproveitamento, tem 68,5%. O Fluminense, líder do campeonato por pontos, tem aproveitamento de 66,7%. É claro que a campanha anterior do Inter, com Jorge Fossati, diminui o aproveitamento geral do Inter para 57,4%.
- Quem joga no Inter precisa estar preparado para seguir com a “corda esticada”, como estamos. Somente jogando assim os nossos jogadores se manterão em alto nível para o Mundial – afirmou Roth, enquanto sonha com o Brasileirão, e pedindo para que a equipe mantenha a pegada.
Elogiado por Celso Roth, Leandro Damião foi guindado a virtual titular pelo técnico. Roth foi claro ao dizer que o momento é do atacante de 21 anos, em relação a Alecsandro (que ainda recupera-se da lesão muscular que o deixou fora da final da Libertadores), ainda que seja o goleador do Inter na temporada, com 21 gols, seguido por Taison, com 12, e ele, Damião, com nove.
- O Leandro está começando, mas vem trabalhando e não quebrando galho. Alecsandro é um jogador que admiro, mas o futebol e a vida são assim: momento. E o Leandro está conquistando espaço – disse Roth.
Celso Roth estava de alto astral na entrevista coletiva dessa terça-feira. Talvez porque tenha confiança na sua equipe.Está feliz com o desempenho do time nos quatro jogos nos quais treinou o Inter no Brasileirão. Uma espécie de estágio para enfrentar o São Paulo, a partir de amanhã. Sobre o excelente humor, o técnico falou que há tempos está mudado.
- Estou assim há algum tempo. As pessoas é que estão demorando para ver isso – afirmou Roth. – É que não sou teatral. Se eu fosse ator morreria de fome porque, com esta minha cara, só poderia fazer papel de bandido ou de sargento, como vocês (imprensa) me chamam.
Mesmo tendo no comando do ataque um centroavante que lidera a artilharia do Brasileirão, Celso Roth quer Alecsandro com maior objetividade em campo. Entende que o camisa 9 do Inter pode ser ainda mais goleador, no Brasileirão e na Libertadores.
- O grande tchan do Alecsandro é tentar fazer sempre uma coisinha a mais antes de marcar o gol. Por isso o torcedor fica chateado. Ainda vamos trabalhar mais com ele. Quando cheguei, disse ao Alecsandro que ele seria o meu titular. Confio nele – afirmou Roth.
Talvez o maior elogio à atuação do Inter tenha partido de Roth. Geralmente fechado e sem grandes demonstrações de entusiasmo explícito, o técnico comemorou os gols, e, ao final do jogo, declarou:
- Ainda precisamos melhorar. Devemos avançar mais a marcação, roubar a bola no campo do adversário. Se conseguirmos isso, estaremos perto da perfeição.
Centroavante Borges estabeleceu um paralelo entre a atual situação do Grêmio e a vivida em 2008 pelo São Paulo.
Naquele ano, ao perder para o Grêmio na abertura do returno, o time de Muricy Ramalho ficou com apenas 1% de chance de ser campeão brasileiro.
Acabou o ano erguendo o troféu, desbancando o próprio Grêmio, de Celso Roth, que havia conquistado o primeiro turno com larga vantagem.
- Por que a história não pode se repetir agora? – indaga o camisa 9 gremista.
Difícil acreditar que a torcida gremista tenha a mesma fé.
O Inter cuida de todos os detalhes para a decisão contra o São Paulo, pela semifinal da Libertadores. E uma das preocupações da direção e de Celso Roth é o destempero de D’Alessandro. Na quarta-feira, o meia deixou o jogo-treino com o Cerâmica após brigar com o lateral Neguete. D’Alessandro foi cobrado por Roth no vestiário e recebeu um ultimato do técnico: a ordem é manter o controle.
Respaldado pela direção, Roth cobrou o argentino. Se um jogador do Cerâmica foi capaz de tirá-lo do sério, imagine o que poderá fazer um zagueiro do matreiro São Paulo, em uma semifinal de Libertadores. A lembrança para dirigentes e torcedores ainda é clara: final da Copa do Brasil de 2009. Em vez de ajudar na reação do Inter – que perdia para o Corinthians por 2 a 0 no Beira-Rio, empatou em 2 a 2, e precisava de mais gols para ser campeão -, D’Alessandro quis brigar com o zagueiro William. Foi expulso, deixando a equipe quase sem chances de reação, aos 29 minutos do segundo tempo.
- Nós conversamos. Chamei a atenção dele, e disse que foi a primeira e a última vez que isso aconteceu -disse Roth, sério. – Se houve provocação no jogo-treino, vai acontecer em jogos normais, e o D’Alessandro precisa se controlar para não perder o equilíbrio. Ele entende perfeitamente. Agora, o detalhe, é entender e fazer – acrescentou.
Não será surpresa se, a partir da retomada do Brasileirão, Celso Roth passe a colocar o atacante Leandro Damião no segundo tempo de todas as partidas. O jogador vem ganhando pontos com o técnico. Contratado ao futebol catarinense para o Inter B, Damião recebeu chances no começo da temporada, quando a gurizada disputou os primeiros jogos do Gauchão. Depois, foi esquecido.
Com Roth, as chances voltaram. Leandro Damião fez dois gols no coletivo dessa sexta-feira. No amistoso com o Peñarol, havia impressionado o técnico ao criar cinco oportunidades de gols em menos de 20 minutos em campo. Algo que Alecsandro, por exemplo, não havia conseguido na partida contra os uruguaios.
Além de Sobis, Damião (que está inscrito na Libertadores) passará a ser a solução de gols para o Inter.
Ainda que parte da torcida do Inter tenha resistência a Alecsandro, Celso Roth já deu o recado: o time é Alecsandro e mais 10. O técnico já deixou claro que não abrirá mão do camisa 9. Apupado pela torcida no jogo-treino contra o Lajeadense, Alecsandro mereceu elogios de Roth. O técnico foi além: exigirá que os articuladores aproximem-se mais do centroavante, a fim de abastecê-lo. Roth lembrou ainda que sempre nos últimos clubes pelos quais passou queria a contratação do centroavante.
Talvez ainda seja cedo, mas, em 2006, Adriano Gabiru também não caía no gosto da torcida (e também da imprensa, é verdade) e foi bancado por Abel Braga. O final da história todos conhecem…
