Por RICARDO STEFANELLI – Diretor de Redação
Na quinta-feira à tarde, o major Ilson Krüger, do Estado-Maior da Brigada Militar, ligou para a Redação para dizer que, ao iniciar um trabalho de análise dos acidentes de trânsito, em busca de luzes para a prevenção, acabou deparando com o Mapa das Mortes, publicado por zerohora.com. Não apenas elogiou o trabalho realizado desde janeiro de 2010 pelas equipes de zerohora.com e Rádio Gaúcha, mas também informou que o mapa será usado no trabalho que a corporação começa a realizar. No módulo de inteligência já existem 32 indicadores dos principais crimes. Agora será incluído o 33º indicador, dos homicídios de trânsito. A inspiração foi o Mapa das Mortes.
Minutos depois, o empresário Ernani Davi Rodrigo Dassi, dono de uma empresa de ônibus escolar em Erechim, telefonou para dizer que a Justiça tomara uma decisão favorável a ele no episódio da queda de um veículo, há sete anos, quando morreram 16 crianças e uma professora. Ele disse que gostaria de ver o assunto retratado no jornal – o que ocorreu na página 45 do dia seguinte, pois era de fato notícia o que ele sugeria.
A leitora Alana Lenzbender, de 10 anos, leu num jornal de sua cidade, São Luiz Gonzaga, que um conterrâneo, hoje morando na Inglaterra, conheceu o príncipe William e a família real na fazenda onde ele adestra animais, na Europa. Inclusive, o gaúcho tem foto com o príncipe, que nas últimas semanas dominou o noticiário em função de seu casamento glamouroso. Alana telefonou para o editor da Central do Interior, Thiago Copetti:
– Li uma notícia no jornal da minha cidade que Zero Hora vai gostar de saber.
O prosaico registro sugerido pela menina saiu publicado, com foto do gaúcho e o príncipe, à página 39 de sexta-feira em meio à cobertura do casamento real.
E, por falar em casamento real: o leitor Ricardo Reischak enviou um e-mail indignado sobre o espaço dedicado ao assunto: “É inconcebível e incompreensível que um jornal do porte de Zero Hora esteja dando ampla divulgação para um dos maiores shows de futilidades e banalidades da história, tendo em vista o tal de casamento real que realizar-se-á em Londres. O que tal evento irá acrescentar para nós, brasileiros?”.
O major, o empresário em apuros com a Justiça, a menina interessada em colaborar ou o homem indignado compõem o melhor do jornal: seus leitores. É impressionante o diálogo permanente entre a Redação – por meio de repórteres, colunistas, editores, articulistas – e o público.
Zero Hora vai completar 47 anos na próxima quarta e, mesmo sendo o que no Jornalismo chamamos de “data quebrada”, vamos celebrar não a data do nascimento da marca, mas a comprovação de que o jornal tem cumprido sua missão de permitir a comunicação entre as pessoas.
Com um índice de leitura que alcança 2 milhões de leitores e uma carteira – crescente – de 227 mil assinantes, a Redação produz todos os dias uma conversa com os leitores. Esse é objetivo do jornal impresso que começa a ser produzido de manhã cedo, essa é a tentativa de nosso online, que tenta não apenas colocar notícias no ar, mas especialmente dialogar com os internautas.
Parece falsa modéstia, mas hoje em dia é impossível um meio de comunicação sobreviver sem conversar a todo instante com seu público, sem ser alimentado por ele, sem ser melhorado por ele. Nos finais das tardes de sábado, quando ZH Dominical passa a ser consumida por milhares de gaúchos, começo a receber já em meu celular as mensagens em função desta Carta do Editor. Em geral, são leitores que aproveitam o e-mail para questionar, criticar, cobrar.
São exigentes, alguns indignados e contrariados com o que chamam de “seu jornal”. Cobram, por exemplo, a observância do nosso slogan de “a vida por todos os lados”. Muitas vezes, até, nos acusam de preconceituosos, baseados no enfoque de determinada reportagem. Invariavelmente exigem que deixemos de ser petistas ou tucanos, gremistas e colorados.
Todos têm razão.
ZH é tudo isso, o que pode parecer contraditório. É isso que falaremos aos estudantes de Comunicação de todo o Estado, quando repórteres, editores e colunistas chegarem, nesta semana, para conversar em todas as 20 faculdades de Jornalismo de 15 municípios do Estado, como fazemos já há três anos, para marcar o 4 de maio, o nosso Dia do Leitor.