Por: Vinícius Dias (Diário de Santa Maria)
Há algo de errado no futebol do centro do Estado. Santa Maria encontra dificuldades para dar sequência à tradição de outros tempos, de formar times competitivos, capazes de fazer frente a qualquer adversário do Interior, e de oferecer ídolos ao torcedor.
Os feitos de Riograndense e Inter-SM parecem ficar cada vez mais só na lembrança. O Riograndense ficou cerca de 20 anos com as portas fechadas, em função de problemas financeiros, entre o final dos anos 70 e a virada do século. Desde a retomada do futebol profissional, o clube de raízes ferroviárias vem em uma ascensão, ano a ano. Deixou de ser o saco de pancadas da segunda divisão gaúcha de quase 10 anos atrás, mas ainda tem chão pela frente para chegar a um patamar mais elevado.
Do lado rival, a situação parece caminhar em uma direção oposta à vivenciada em 2008, quando o Inter-SM ficou entre os quatro melhores do Gauchão. Semifinalista, o clube santa-mariense fez frente a muita gente grande naquela que foi a última temporada gloriosa para o torcedor. Agora, resta a realidade da Divisão de Acesso, para onde caiu em 2011. Vítima de administrações ruins, o clube sofre com uma série de dívidas e não encontra recursos para quitá-las e investir em um time forte.
Uma amostra dos problemas enfrentados pelo futebol local foi dada no primeiro semestre. A dupla Rio-Nal conseguiu o objetivo de passar da primeira fase, escapando, assim, do rebaixamento, mas depois faltou força para que a torcida pudesse pensar em algo a mais. No Riograndense, tudo parecia ir bem no ano do centenário. Só que o discurso de um clube planejado e moderno não vingou. Dentro de campo, faltou qualidade.
Fora dele, o presidente Julio Cesar Ausani nem chegou a completar o mandato, que terminaria no fim do ano. Colocou o cargo à disposição logo após a conclusão da campanha na Divisão de Acesso. Ausani negou pressões internas para ter tomado a decisão, mas elas existiram a tal ponto que chegaram ao vestiário ao longo da competição e tiveram consequências negativas. Pior do que isso, só no Inter-SM, que amargou a crise financeira.
O time teve desfalques de jogadores que deixaram o Estádio Presidente Vargas, ao longo da Divisão de Acesso, em função dos salários atrasados. Pelo mesmo motivo, houve ameaça de paralisação do grupo de atletas. Em meio a tanta turbulência, mesmo com nomes de experiência no futebol gaúcho, a equipe sucumbiu e ficou aquém das expectativas. Para o segundo semestre, resta a Copa Hélio Dourado para a dupla Rio-Nal. Base mantida, o Riograndense tenta preparar a mesma equipe para que, no ano que vem, tenha de contratar poucas peças.
O Inter-SM aposta em um elenco de jovens promessas que vieram com salários pagos por empresários. Quem agradar poderá ser negociado ou ficar para o ano que vem. Com dificuldade de colocar dinheiro em caixa e contando com o apoio dos poucos torcedores que têm ido aos estádios, essa é a realidade do futebol de Santa Maria.
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