Do Informe Econômico:
A Irmãos Fischer, de Brusque, tradicional empresa do setor metalúrgico que também fabrica itens para construção civil, vai iniciar a produção de casas metálicas populares em março do ano que vem. O projeto prevê a produção de 26 unidades por dia, 4 mil a 5 mil unidades ao ano, e o preço de uma casa de 38 metros quadrados deverá ser de R$ 26 mil a R$ 28 mil. O diretor industrial da companhia, Nori Fischer, diz que o objetivo é atender parte do déficit habitacional do Brasil 7 milhões de moradias com um produto diferente, que já é feito na Itália e Japão.
Fundada há 42 anos por Ingo Fischer, irmão de Nori, a empresa começou como uma oficina de consertos de bicicletas. Hoje, produz fornos elétricos, cooktops, depuradores, coifas, fogões de indução, fornos de embutir, secadoras de roupa, bicicletas, betoneiras, carrinhos de mão e piso antiderrapante de borracha. A novidade das casas metálicas virá acompanhada da produção, também, de portas metálicas. No ano passado, a Fischer faturou R$ 135 milhões e projeta crescer até 15% este ano.
Por que a decisão de lançar casas metálicas populares?
Nori Fischer – A nossa empresa está sempre buscando oportunidades novas. E um setor que precisa de uma revolução, no Brasil, é o da construção civil. Nós temos perdas, ainda, de 32% nas obras, enquanto na Europa elas ficam entre 16% e 18%. Além disso, temos um déficit habitacional de 7 milhões de moradias. Não é montando tijolinho por tijolinho que vamos conseguir atender essa demanda. Por isso, identificamos como oportunidade o lançamento de casas metálicas, embora isso não vá resolver todo o problema do país.
Qual é o investimento no projeto para residências e portas?
Nori – Estamos investindo R$ 30 milhões em uma nova fábrica de 16,2 mil metros quadrados no nosso parque industrial de Brusque. Além das casas, vamos produzir portas metálicas de segurança para casas e edifícios, e portas corta-fogo. Vamos gerar 330 empregos diretos.
Quantas unidades serão fabricadas e a que preço?
Nori – Nossa nova fábrica, que deverá iniciar atividades em março, vai produzir cerca de 26 unidades por dia, o que dará 4 mil a 5 mil casas/ano. O preço da unidade menor, de 38 metros quadrados, vai custar de R$ 26 mil a R$ 28 mil. Vamos produzir casas, também, de 45 metros quadrados.
Quando se fala em casa metálica, muitas pessoas pensam em algo parecido com um contêiner. Como é a casa Fischer?
Nori – Já temos a casa piloto pronta para visitação. Ela tem paredes, janelas, telhado e até floreiras, como as demais casas. As chapas metálicas das paredes são de galvalume, um aço aluminizado que dificilmente enferruja. As paredes são duplas unidas com poliuretano, um material injetável que garante isolamento acústico e térmico. O peso será de 1,4 mil quilos e é possível pintar e colocar pregos. Entre as vantagens estão o fato de poder ser montada em apenas um dia sobre uma base de concreto e, também, poder ser reconstruída em outro local.
A empresa já ofereceu as casas para projetos populares?
Nori – Ainda não tratamos disso, mas acreditamos que as casas são ideais para projetos populares de municípios ou da União. Também não conversamos com bancos sobre financiamentos.
A Fischer está sendo beneficiada pela redução do IPI para eletrodomésticos?
Nori – Está. Crescemos mais do que projetamos para este ano e também estamos sendo beneficiados com a redução do IPI para materiais de construção, como carrinhos, betoneiras e pisos. Não devemos crescer mais de 15%, mas é difícil fazer uma projeção agora porque as vendas de outubro e novembro são as maiores do ano.
Quanto da produção é destinada ao exterior?
Nori – Embora o câmbio não esteja favorável, exportamos de 8% a 10% da produção para a América Latina, em países como México, Argentina, Uruguai, Chile, Peru, Equador e Bolívia. Vendemos fogões, fornos, secadoras e carrinhos de mão. Como importamos matéria-prima, fazemos um hedge com as exportações.
O senhor diz que a Fischer prioriza produtos inovadores. Quais serão as próximas novidades a serem lançadas?
Nori – Vamos fazer lançamentos no segmento de fogão elétrico, em janeiro, e também teremos uma nova bicicleta.
NOTAS
Caixa financia
Maior financiadora imobiliária do país, a Caixa Econômica Federal (CEF) pode financiar residências de materiais diferenciados desde que os produtos utilizados sejam aprovados pela área técnica da instituição.
Considerando esses critérios, a Caixa poderá financiar, também, casas metálicas.
Residências de madeira
Embora mais raras no Brasil nas últimas décadas, as residências de madeira são financiadas pela Caixa Econômica Federal.
Segundo a gerência da instituição em Florianópolis, essas casas ganham financiamento desde que a procedência da matéria-prima seja aprovada pela área técnica da instituição e as unidades sejam isoladas. A CEF não financia condomínios habitacionais de madeira.
Mas como a matéria-prima é abundante em SC, empresas do setor, a exemplo dos EUA, têm interesse em difundir essa opção de edificação.
Da Itália e do Japão
A Irmãos Fischer buscou inspiração em casas metálicas italianas para desenvolver as residências que vai oferecer ao mercado brasileiro. Mas os italianos não são os únicos a adotar a tecnologia. A gigante japonesa Toyota, que atingiu a liderança mundial na produção de automóveis, atua em 13 áreas de negócios, sempre com gestão de qualidade admirada e imitada. Um dos segmentos em que está presente é o de casas metálicas, com unidades de até 800 metros quadrados.
Postado por Estela Benetti