
A repercussão da desobediência de Felipe Massa à ordem de deixar Valtteri Bottas passar na Malásia só está aumentando. Engenheiro-chefe da Williams, Rob Nelson disse que o time esperava uma atitude diferente do brasileiro:
— Ele não fez o que nós preferíamos que ele fizesse. Achamos que seria bom dar uma chance para Valtteri tentar passar Jenson (Button). Não é ordem de equipe, é uma decisão estratégica baseada na performance relativa dos dois carros.
E emendou dizendo que, na equipe, os dois pilotos têm status de número um:
— Não tem nada por trás disso, não queremos colocar um piloto para baixo e apoiar o outro. Não fazemos isso na Williams. Não é como nos outros times, onde eles têm um piloto número um e um número dois. Nós temos dois pilotos número um.
Quando foi contratado, Massa chegou com status de líder do time. A própria chefe da equipe, Claire Williams, reiterou isso publicamente. Agora, porém, a história parece estar mudando, apesar de terem sido apenas duas corridas na temporada — com Bottas pontuando mais, até em razão do acidente no qual Felipe sequer teve culpa na Austrália.
À britânica Sky, Claire evitou repreender Massa e se limitou a dizer que foi uma “situação difícil”. Convicto de que tomou a melhor decisão, o brasileiro disse à emissora britânica BBC que desobedeceu a ordem do time pensando em sua carreira:
— Não tenho nada para dizer. Estava apenas lutando até o fim, é assim que quero fazer isso e vou lutar pela minha carreira e pelo que é certo. Não me arrependo do que fiz.
Niki Lauda: “eu faria exatamente o mesmo”

Apesar do clima tenso na Williams — e que deverá ser tema de várias reuniões ao longo da semana —, houve quem saísse em defesa de Massa. Presidente não-executivo da Mercedes, Niki Lauda disse que o brasileiro não fez nada de errado ao ignorar a ordem da Williams.
— Pilotos são pilotos, eles correm por eles mesmos. Eu faria exatamente o mesmo e os meus pilotos fariam a mesma coisa.
Atitude foi corajosa e necessária

Apoio, sem dúvida, a decisão de Felipe. Se Bottas quer passar, que passe na pista, sem ordens, assim como fez Sebastian Vettel sobre Mark Webber em 2013, na mesma Malásia. A atitude de Massa foi corajosa e necessária.
E por um simples motivo: piloto que quer ser protagonista tem de ter “bala na agulha”. Se tivesse feito isso em 2010, quando cedeu a vitória para Fernando Alonso, será que sua história não seria outra na Fórmula-1? Provavelmente sim.
Tardia, mas imprescindível, a reação de Felipe mostra vontade de vencer. E isso é parte do processo de retomada da sua carreira, independentemente se a luta fosse apenas por um sétimo lugar. Ou você acha que Vettel, Fernando Alonso ou Michael Schumacher aceitariam prontamente uma ordem dessas? Jamais! Aliás, nenhum engenheiro ousaria propô-la a eles.
Lembra do engenheiro “faster than you”?

Para fechar: fiz um post no fim de fevereiro sobre a contratação, pela Williams, do engenheiro Rob Smedley, aquele que deu a ordem para Felipe abrir para Alonso na Ferrari. Na época, brinquei sinalizando certo alívio por ele não estar na casamata dos boxes.
Pois não é que, um mês depois, a equipe (e não Smedley, que trabalha como chefe de performance da escuderia inglesa) repetiu o discurso? E com a mesma frase “faster than you”? Parece até brincadeira de mau gosto. Menos mal que Felipe aprendeu a lição.
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