
Foto Saeed Khan / AFP
A sorte, por si só, não garante conquistas. Fato. Mas a falta dela é determinante para a derrota. É preciso ter pelo menos um pouquinho. É o que alguns chamam de “ter estrela”, um complemento fundamental para quem já costuma ter foco, talento e vontade.
Pois Felipe Massa, cada vez mais, me leva a crer que não tem sorte. É talentoso, está focado, tem se esforçado imensamente. Mas não tem sorte. Definitivamente. E não é de hoje: para citar um exemplo apenas, vale lembrar o campeonato perdido na última curva em 2008.
Naquele ano, Massa fez tudo certo. Dominou a temporada. Mas seu motor explodiu faltando duas voltas na Hungria, onde liderava. Em Cingapura, a Ferrari errou na hora de liberá-lo do abastecimento. E, não bastasse isso, no Brasil o Lewis Hamilton garantiu a ultrapassagem derradeira faltando 500 metros para a bandeirada.
Se Felipe tivesse “estrela”, um dos três episódios não ocorreria. E a taça seria dele, com justiça. A fama de azarado o perseguiu nos anos seguintes na Ferrari, a ponto de eu escrever — e ser bombardeado de apoios e contestações — que Massa tem uma sina: é barbeiro ou azarado.
E o “barbeiro” significa que, quando a sorte parece querer ajudá-lo, Felipe simplesmente erra. E o azarado significa que quando ele faz tudo certo, algo alheio ocorre e lhe prejudica. Não é “pegação de pé”, longe disso. Torço para Felipe e acho que ele faz por merecer. Mas, infelizmente, falta “estrela”.
Nesta temporada, a Williams começou bem, com um carro surpreendentemente equilibrado. E o que houve? Na Austrália, aonde Massa ia bem, Kobayashi o acertou na largada. Na Malásia, veio a chuva no treino. No Bahrein, estava em boas condições quando entrou o safety car. Na China, fez uma baita largada e, nos boxes, a equipe se atrapalhou.

Em entrevista à revista Autosport, o brasileiro se disse frustrado com a má sorte. Com razão. A consequência disso é estar com apenas 12 pontos no campeonato, contra 24 (o dobro) de seu companheiro de time, o novato Valtteri Bottas, apenas em seu segundo ano na F-1.
— Estou frustrado pelo que aconteceu na China, e estou frustrado pelo que aconteceu em muitas corridas. Essa corrida teve outro problema que me custou pontos. Eu sinto que comecei bem em termos de ritmo, mas eu não tenho tido sorte.
E a sorte faz a diferença. E cito três casos recentes. Em 2007, Kimi Raikkonen estava a 17 pontos atrás de Hamilton faltando duas corridas — e a vitória só valia 10. Pois Hamilton errou de bobo na China e no Brasil, e o finlandês papou o campeonato.
Em 2008, Hamilton ergueu uma improvável taça, como já citei anteriormente. Em 2012, Sebastian Vettel rodou logo depois da largada em Interlagos, por sorte não teve o carro atingido e, depois, conseguiu se recuperar para confirmar o tricampeonato.
Volto a dizer: é uma pena que Massa tenha essa incrível falta de sorte. Isso significa que ele não vai mais ter bons resultados na F-1? Claro que não. Mas voltar a ter uma sequência de vitórias e lutar pelo título, jamais. É duro, mas real. E o problema é um só: falta “estrela”.
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