Por Marcela Panke

Foto: Reprodução / Instagram
Um ato tão natural quanto tomar banho pode ser bem controverso. Eu sempre achei que não houvesse problema algum em tomar banho com os filhos no chuveiro, até que vi a avaliação de uma psicóloga a partir da foto postada em setembro pela apresentadora Bela Gil no Instagram, mostrando o banho dela com o filho Nino, então com 4 meses.
A especialista, no caso, indicava a prática somente até os 4 anos de idade, a partir de quando a criança pode maliciar e fantasiar a situação. Confesso que fiquei em choque! Procurei a opinião de outros especialistas sobre o ato de tomar banho com bebês e crianças maiores. Confira:
“Erotização desnecessária”
A presidente da Sociedade de Psicologia do Rio Grande do Sul, Sonia Martins Sebenelo, concordou com a avaliação e destacou que o banho com adultos a partir dos 4 anos pode representar um estímulo além do natural.
“Mesmo que de modo leigo, todos sabem que a sexualidade é inerente ao desenvolvimento humano, desde que a criança nasce. A recomendação da psicóloga tem fundamento, no conhecimento do processo do desenvolvimento infantil que se desdobra em etapas. Ao redor de 4 anos, a criança está em plena fase genital, isto é, instintivamente os estímulos sexuais estão presentes no desenvolvimento. Sendo assim, tomar banho com adultos pode estimular de modo exacerbado essa genitalidade que faz parte deste momento, erotizando a criança desnecessariamente, pois seu processo deve seguir seu próprio ritmo. Todo o processo da sexualidade infantil vem da natureza biológica e psíquica, universo onde se constituem as fantasias da criança, e o mais saudável é que siga seu curso natural, sem estímulos de fora, desnecessários ou até prejudiciais”.
“Bom senso”
Pedimos também a opinião do médico Flavio Melo, do blog Pediatra do Futuro, que disse que os pais podem tomar banho no chuveiro com o bebê, desde que tenham cuidados para prevenir acidentes e quedas. Destacou a importância de utilizar um tapete emborrachado no chão e contar com uma pessoa para auxiliar na saída do banho. Para ele, é interessante esperar o bebê segurar a cabeça para tentar, ao redor dos 4 meses.
E com relação às crianças mais velhas?
“Alguns psicólogos acham que caso a criança comece a demonstrar algum interesse nos genitais, é melhor evitar. Eu recomendo bom senso. Depende de cada criança e de cada família. Provavelmente, em torno dos 5/6 anos, na chamada fase fálica, a criança pode começar esse interesse e aí talvez seja melhor que o pai e a mãe auxiliem no banho dela, mas não mais tomem banho juntos”.
“Ambiente pode ficar erotizado e criança não está pronta”
O pediatra Renato Santos Coelho, que é integrante do Comitê de Desenvolvimento e Comportamento da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul, destaca inicialmente o risco de acidente durante o banho no chuveiro com um bebê pequeno, que pode escorregar do colo. O pediatra afirma que os pesquisadores da pediatria e da psicologia recomendam de uma maneira geral que os pais não iniciem e nem mantenham essa prática.
“No consultório, primeiro tento entender o porque dos pais tomarem essa iniciativa, depois alerto para o risco de acidentes e por final tento explicar o contexto cultural e do desenvolvimento emocional de uma criança. No contexto cultural, é importante nos localizarmos culturalmente, não estamos vivendo numa tribo de índios numa região remota, onde essa prática é secular ou mais. No contexto psicológico, a criança se encontra numa fase ainda imatura, e em um ambiente de intimidade como esse os efeitos podem ser algo que nem os pais nem os profissionais querem, mas podem estar negligenciando. Mesmo que conscientemente não se quer, o ambiente pode ficar erotizado e a criança não está pronta para lidar com isto. Com relação a idade mencionada, de 4 anos, creio ser porque nesta idade a fase do desenvolvimento emocional é do ponto de vista teórico, mais sensível e potencialmente crítica. Recomendo não se fixar numa idade e sim numa postura como um todo”.
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