
Foto: Marcos Porto
Questionado durante audiência no Senado pelo deputado federal Décio Lima (PT), o presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, minimizou o fechamento da Unidade de Exploração e Produção Sul (UO-Sul). Classificou a subordinação da unidade a Santos como “reorganização administrativa” e negou que se trate de desinvestimento: chamou de “ato administrativo de redução de alguns custos”.
A resposta foi muito semelhante aos argumentos que o gerente-geral da Unidade de Exploração e Produção da Bacia de Santos, Osvaldo Kawakami, apresentou na audiência pública segunda-feira em Itajaí. Ambos garantiram que as operações nos campos de Baúna e Piracaba, que hoje estão sob responsabilidade da UO-Sul em Itajaí, não deixarão de acontecer. Mas reiteraram que a unidade será rebaixada para um Ativo de Produção.
A resposta de Bendini, em Brasília, foi bem aceita pelos deputados federais Décio Lima (PT) e Mauro Mariani (PMDB), que saíram da audiência no Senado acreditando em uma vitória para Santa Catarina _ o que, de fato, não ocorreu. Basta ouvir o pronunciamento do presidente da Petrobras: nada mudou.
Talvez tenha faltado entendimento de que a UO-Sul não é a única atividade da Petrobras em Itajaí, mas a mais importante em termos estratégicos. E não apenas para os catarinenses, mas para o Sul do país.
A unidade, que passa a ser Ativo de Produção nesta sexta-feira, deixa de fazer pesquisa e exploração de novos poços nos três estados do Sul para apenas controlar, sob o comando da unidade de Santos, as atividades já existentes em Baúna e Piracaba.
Nesta quarta-feira, o muro da atual sede da Petrobras em Itajaí amanheceu repleto de cartazes pedindo a manutenção da unidade (foto). O movimento no Estado não defende apenas a permanência dos funcionários que serão transferidos para Santos, mas manter em Itajaí a unidade de melhor relação custo por funcionário no país e a 5ª em produção, empatada ou à frente de unidades como Amazonas, Sergipe-Alagoas, Rio Grande do Norte-Ceará e Bahia. (sim, esses são os números).
Nesta quarta-feira o prefeito Jandir Bellini (PP) e o presidente da Associação Empresarial de Itajaí (ACII) reúnem-se com o governador Raimundo Colombo (PSD) para traçar o plano de abordagem da presidência da Petrobras. A ideia é tentar um encontro ainda nesta quinta, um dia antes da extinção da UO-Sul.
A falta de coerência de discursos entre as autoridades locais e os deputados catarinenses pode ser para Itajaí um tiro no pé. Mais uma consequência da falta de representatividade política nas esferas estadual e federal que assola a cidade desde as últimas eleições.