
Higino, à direita, é abraçado pelo governador Ivo Silveira (Foto: Reprodução)
Demorou, mas entrou finalmente na Câmara de Vereadores o projeto prometido pelo prefeito Edson Piriquito (PMDB) para mudar o nome da Praça Almirante Tamandaré para Higino Pio. A homenagem ao primeiro prefeito de Balneário Camboriú, morto pela Ditadura Militar em 1969, foi protocolada em conjunto pelos vereadores Nilson Probst (PMDB), Marcelo Achutti (PP) e Jone Moi (DEM).
A intenção de fazer a troca existia desde o ano passado, quando a Comissão Nacional da Verdade atestou que Higino Pio foi assassinado, e não suicidou-se, como informavam os registros.
Como o prefeito Higino Pio já batiza outra praça no Centro da cidade, a ideia é que, com o nome dele na Almirante Tamandaré, a atual Praça Higino Pio passe a se chamar Gilberto Américo Meririnho, prefeito da cidade entre 1973 e 1977, que morreu em 2013.
Polêmica
A troca de nomes causou polêmica nas redes sociais, até porque muita gente acha que os vereadores têm mais o que fazer do que alterar a nomenclatura das praças. Mas é fato que, para a cidade que teve o primeiro prefeito de sua história morto pela ditadura, ostentar o nome de um militar em sua principal praça (ainda que seja o patrono da Marinha) soa desrespeitoso.
Em meio à enxurrada de moções de reconhecimento, parabéns e afins que a Câmara costuma patrocinar, esta é uma homenagem que vale a pena ser feita. Em respeito à história da cidade.
Saiba mais sobre Higino Pio
Em junho do ano passado, a Comissão Nacional da Verdade (CNV) e a Comissão Estadual da Verdade de Santa Catarina, confirmaram que Higino Pio foi assassinado por militares e não cometeu o suicídio. O crime aconteceu em março de 1969, enquanto o político estava sob a custódia da Marinha, na Escola de Aprendizes Marinheiros, em Florianópolis. Fotos e um laudo assinado por peritos comprovaram o homicídio, mudando a versão inicial.
Pio foi eleito prefeito em 1965, após o desmembramento da cidade de Camboriú. Em 1969, ele e outros funcionários da prefeitura foram presos e levados à Escola de Aprendizes de Marinheiros de Florianópolis, onde permaneceram incomunicáveis. No dia 3 de março do mesmo ano, a família foi informada sobre o suicídio.
Durante a Audiência Pública para confirmação do assassinato, familiares do político afirmaram não ter interesse em indenizações, mas sim o reconhecimento dos órgãos públicos dentro do próprio município, como uma nova denominação para a praça, que é ponto de comemorações cívicas e democráticas.
Almirante Tamandaré
Filho de um capitão de milícias, Almirante Joaquim Marques Lisboa, o Almirante Tamandaré, é o Patrono da Marinha do Brasil. Toda sua vida foi dedicada à repressão e ao combate em guerras. Participou de todas as lutas do império, entre elas as “Guerras de Independência”, “A Confederação do Equador”, “A Guerra contra Oribe e Rosas” e a “Guerra do Paraguai”. Em Salvador, na Bahia, lutou na “Sabinada”, combateu a “Revolução Farroupilha”, no Rio Grande do Sul, e a “Balaiada”, no Maranhão. Recebeu o título de Almirante, o mais alto posto da Marinha.