Péricles Prade – Foto: Divulgação
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Ivone Wosgraus e uma das suas esculturas feitas antes dela sofrer acidente que deixou seu pulso impotente para a arte – Foto: Norton José
Hoje faz três meses que perdi minha mãe, Ivone Ferraz Wosgraus. Professora primária formada em Porto União, no Norte do Estado, depois de uma vida dedicada como esposa e mãe, em Videira, ela foi premiada nacionalmente pela Editora Abril, com um conto; selecionada pela paulistana Editora do Novo Autor, com mais um; lançou livro autobiográfico mixado com ficção e outro infantil.
Deixou mais um romance pronto, este sobre meu pai, e ali tem muita história do judiciário e atuação de profissionais legítimos da área. Mamãe era pintora e escultora de grande talento também.
Hoje ainda sem acreditar que ela se foi, parece que está viajando e entrará pela porta a qualquer instante, deixo aqui minha homenagem a todas as mães adoradas.
Mamãe feliz à margens do Sena – Fotos: Juliana Wosgraus
O domingo histórico para o mundo aqui em casa marcou também um mês da morte de minha mãe. Batalhadora pela justiça e liberdade como era, com certeza ela iria querer estar lá na Praça da República, em Paris, onde estivemos juntas tantas vezes, com os braços erguidos, caminhando e cantando a Marseillaise. Porque a dona Ivone mal arranhava o francês, mas o hino da França ela sabia cantar inteirinho. Já por aqui, eu sigo com as lembranças e a saudade aumentado a cada dia.
Aos 86 anos de idade, Ivone de Oliveira Lemos Ferraz Wosgraus era dona de cultura e consciência política raras, vontade de viver idem. Meu pai, Francisco, dizia que ela sempre acordava adolescente. Em certo sentido – constatei já adulta -, era isso mesmo. Que bênção amar a vida assim! E era também a representante da REBRA – Rede Brasileira de Escritoras, com sede no Rio de Janeiro, sob o comando de Joyce Cavalccante, que já fez homenagem em rede à sua “rebrinha” que partiu.
Em frente ao Arco do Triunfo – Foto: Juliana Wosgraus
E tudo estava isolado e vazio em torno do Arco do Trinunfo pois era o dia do resultado da primeira eleição do Sarkozy, e uma hora depois a Avenida Champs Elysés e arredores, estaria tomada especialmente por jovens revoltados com a derrota da candidata socialista, Ségolène Royal, em 2007, quebrando tudo e queimando carros e motos. Alertadas, a essa hora já estávamos no hotel. A imprensa local, e internacional já estava bem posicionada enquanto ainda circulávamos por ali, na cidade da multiplicidade. E que hoje mostrou uma coragem e amor próprio que emocionou junto boa parte do mundo.
Imprensa na cobertura ao pé da letra! Foto: Juliana Wosgraus
Ivone Ferraz Wosgraus, catarinense de Porto União, Norte do Estado; professora, escritora, escultora e pintora que nos deixou há um mês dedicou sua arte ao não preconceito e respeito às diferenças, o que deixou claro em seu livro infantil “O Menino que veio do Céu”
Mayra Dias Gomes Shivers – Foto: Divulgação
Mayra Dias Gomes Shivers, filha do lendário dramaturgo Dias Gomes com a atriz catarinense Bernadeth Lyzio, é escritora e se prepara para lançar o livro “Finalmente Famosa”. Afilhada de Jorge Amado e Zélia Gattai, Mayra nasceu no Rio de Janeiro e vive em Hollywood. O livro é punk! Ela se inspirou no assassinato de uma vizinha no prédio onde morava, na Calçada da Fama. Um dos donos do prédio construído nos anos 1920 era Charles Chaplin. Agora ela vive em outro edifício com fama de mal assombrado e garante que logo vem mais inspiração do gênero por aí.
Edson Machado na Flip deste ano, entre letras no estilo escultura como desenhava o homenageado Millôr Fernandes, com o nome de outro destaque da feira, Mia Couto, que estará em Floripa hoje
Leitor voraz, Edson Machado esteve na Flip – Festa Literária Internacional de Paraty -, que encerrou no início do mês, e foi lá que ele posou em frente as esculturas de letras em homenagem a Mia Couto. O moçambicano abre hoje em Floripa o Fronteiras do Pensamento 2014, com conferência no teatro Pedro Ivo.
Michel Dalmoro, da agência de publicidade Miró, e o editor de livros Nelson Rolim lançaram mais uma ação em prol dos novos talentos literários de Santa Catarina. A dupla comanda o prêmio Miró de Literatura para comemorar 20 anos da editora Insular, do qual Rolim é diretor, e escolheram a categoria “contos” pra começar.
Já estão recebendo contos de todo o Estado, e os 20 melhores irão para uma coletânea do prêmio a ser lançada em 2015. O resultado final será divulgado em novembro.
SOBRE AS NOVAS TECNOLOGIAS:
“Os efeitos técnicos de todas essas novas tecnologias ainda são recentes para se discutir de forma geral o impacto na literatura”
“Duvido muito que um sujeito leia um livro cheio de hiperlinks. Não acredito na praticidade dessa mecânica do computador. Ainda que eu tenha começado a usar o computador nos seus primórdios”
“O computador afetou, com certeza, o estilo de quem se mudou para ele. Ainda prefiro ter 30 livros abertos à minha vontade para uma pesquisa do que ter todos esses mesmos livros num só eBook para consulta. Não é nada prático”.
‘‘Desde pequeno, adoro ler dicionário. Eu não existo sem o Houaiss, o Aurélio e o Sacconi, todos instalados no computador’’.
LITERATURA E CONFISSÕES:
“Fui criado numa casa cheia de livros e com um pai bastante rigoroso. A arte é uma forma de conhecimento, tem que se buscar isso”.
“Não estou preocupado em conhecer os novos autores, esses que vão surgindo agora. Já li muito no passado, está bom”.
“Recebo praticamente um convite por dia para participar de festas literárias. A última que recebi foi de uma cidadezinha perto da minha terra, Itaparica, no interior da Bahia. Não tenho nada contra essas festas, tenho contra minha participação nelas (risos)”.
VIDA, MORTE E FÉ:
“Quem não morre fica velho. Antes dos 40, a morte é uma coisa que só acontece com os outros. Depois você começa a ver mortes de contemporâneos. Quando chega aos 70, você nem brinca muito com esse assunto porque dá depressão”.
“Duas coisas devem ser terríveis… Primeiro é o sujeito sentir a proximidade da morte, seja por falta de ar ou por um mal-estar qualquer. Outra é receber a notícia de que está condenado. Falar em morte com coroa é como falar de corda em casa de enforcado”.
“Sigo mais ou menos os rituais com os quais eu fui criado, que são os católicos. Simplesmente herdei essas vias de comunicação. Rezo todos os dias.”
Nota de rodapé:
Eu não iria dormir sem deixar aqui no blog alguma homenagem e lembrança de João Ubaldo Ribeiro, que o Brasil perdeu nesta sexta-feira. Um dos maiores cronistas que o país já teve, membro da Academia Brasileira de Letras há quase duas décadas, ele que era avesso à honrarias, recebeu em 2008 o Prêmio Camões, a maior premiação dedicada a autores de língua portuguesa. Em cultura, texto, jornalismo, o Brasil ficou mais pobre.
A jornalista agora empresária e seu livro – Foto: Divulgação
Capa do livro – Reprodução
A jornalista Ana Paula Padrão vem lançar seu livro “O amor chegou tarde em minha vida”, no Continente Park Shopping em 29 de maio.
Na obra ela faz uma reflexão sobre a relação das mulheres com o mercado de trabalho e relembra os momentos mais marcantes de sua trajetória. na sessão de autógrafos, a partir das 19h30, a jornalista também vai conversar com o público.
Ana Paula deixou para trás as bancadas de telejornais da Rede Globo, SBT e Record e abriu suas próprias empresas – a Touareg Agência de Conteúdo e o portal feminino Tempo de Mulher. Virou empresária de mídia, seguindo o caminho de tantos colegas nos últimos tempos, alguns até migrando para áreas bem distintas.
Com a Copa do Mundo no Brasil pra acontecer daqui a um mês, e ainda se falando e sofrendo com preconceitos racistas, uma bela lição vem do livro infantil escrito e ilustrado por minha mãe, Ivone Wosgraus, lançado em 2007.
Em “O Menino que veio do céu”, edição esgotada, já na capa ela uniu as duas coisas, futebol e união de raças. A história é básica, seus toques necessários ainda. Um ET passa uma tarde com crianças terráqueas e ficam todos amigos. Entre as crianças, uma negra que minha mãe batizou de Oprah.
Aqui um pequeno trecho significativo nestes dias.
“Oprah, a pequena vizinha surge toda animada pedindo para brincar. Não sentiu medo de Kalian, apenas estranhou sua aparência.
_ Por que você é diferente e verde?
_Pare com isso Oprah, esqueceu que você é negra?, disse um dos amigos.
_ Sou bonita, mamãe falou que eu nunca vou precisar me torrar ao sol.
E aí diz o “estranho” Kalian
_ A cor da pele não é importante. Sou diferente só na aparência, mas sou gente como vocês.
Ilustrações de Ivone Ferraz Wosgraus
O livro continua com dicas de preservação da natureza também e está mais factual do que quando foi lançado, o que me faz pensar, não evoluímos nada neste período? Ou mamãe é antenada mesmo, o que é de fato, e certas coisas não vão melhorar tão cedo.
Ilustração de Ivone Ferraz Wosgraus
Viviane Bevilacqua, Martha Medeiros, Juliana Wosgraus e Juliano Zanotelli – Foto: Yasmine/All Press
Na noite desta quinta-feira cheguei mais cedo ao Donna Fashion Iguatemi, afinal a última noite do evento tinha a palestra de Martha Medeiros. E a escritora, cronista dos jornais O Globo, Zero Hora e o nosso Diário Catarinense, na Revista Donna DC, aos domingos, autora de 23 livros, e vários viraram peças de teatro igualmente de sucesso como “O Divã”, “Doidas e Santas”, e “Feliz por nada”, esta em cartaz por aqui na última semana, com cristiana Oliveira e Luisa Thiré no elenco.. Na palestra Martha falou sobre simplicidade magnetizando absurdamente a plateia lotada, com gente em pé e também sentada no chão da sala de desfiles.
Detalhe: Martha não considera a simplicidade abrir mão de conforto, de usar uma joia, ou viajar para a Europa, por exemplo; mas sim a simplicidade na maneira de conduzir cada qual às suas circunstâncias de maneira a tirar o maior prazer do que está fazendo naquele exato momento. E tocar a vida com mais leveza, sem se levar tão a sério. As dicas estão muito bem resumidas em matéria aqui no site. A grande confissão foi que ela sente falta de um novo amor em sua vida! olha a dica pretendentes.
E de volta ao começo, tive motivo pra ficar feliz, pois lá na sala de imprensa estavam eu e a Yasmine, jornalista da All Press, quando entra pela porta ela, a queridíssima Martha. Contou de seu encantamento com a paisagem que tinha do seu apartamento no hotel, que há cerca de uns três anos não vinha pra cá e agora pretende fazer mais isso, afinal de avião são 40 minutos de Porto Alegre até Floripa.. Ela tem vindo ao Estado nos verões que curte em Garopaba. Agora prometeu a si mesma vir mais vezes pra Ilha.
Minutos depois chegou outra querida colega do DC, Viviane Bevilacqua, que costurou a conversa com a escritora gaúcha durante a palestra. E lá se foram as duas para brindar muito mais gente com um bate-papo memorável.
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