Começando a segunda-feira na vibração do Papa Francisco, com a oração de seu inspirador São Francisco de Assis musicada, traduzida por Manuel Bandeira, e aqui na voz de Fagner, um dos primeiros a gravar a música cantada por Luan Santana na cerimônia da SMJ sexta-feira.
Outra música que vale ouvir e usar como mantra pra entrar a semana em boa vibração também lembrando São Francisco de Assis é “Brother Sun, Sister Moon“, do filme de mesmo nome, do diretor italiano Franco Zefirelli.
Mesmo com todo o carinho e boa semeadura que fez no Brasil, será triste o retorno do Papa Francisco à Itália nesta segunda-feira, com as mais de 30 mortes de peregrinos no acidente com um ônibus no domingo. Uma tristeza que de certa maneira vai apagar justo na chegada, as lembranças felizes que levou daqui. E não só o Papa, qualquer pessoa de qualquer parte fica triste com um acontecimento assim.
Detalhe da pintura do catarinense, reproduzido ao vivo para o Papa Francisco no Santuário de Aparecida
E teve ainda, na quinta-feira, também durante a Jornada Mundial da Juventude, mais uma presença catarinense forte. A arte de Victor Meirelles, cuja pintura “A primeira missa do Brasil” foi a inspiração da cerimônia da JMJ com o Papa Francisco no Santuário Nacional de Aparecida, no Vale do Paraíba, em São Paulo na quinta-feira, com projeção em telão do quadro cujo original está em exposição permanente no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro.
Victor Meirelles foi o primeiro brasileiro a expor no Salão Oficial em Paris, em 1861, onde representou o país justo com essa pintura, quando ele estava por lá estudando pintura através de uma bolsa que ganhou na época em que já morava no Rio e Florianópolis ainda se chamava Desterro.
Foram um padre catarinense e outro que estudou filosofia em Santa Catarina e é identificado com o Estado, os autores dos belos textos proferidos por jovens que falaram às mais de um milhão e meio de pessoas sexta-feira em Copacabana, durante a Via Sacra contemporânea dirigida por Uysses Cruz, permeando trechos da Bíblia com testemunhos da vida de cada um deles e sua “via crucis” pessoal, que também atinge a todos, jovens especialmente. E todas as dificuldades relacionadas à saga de Jesus Cristo foram muito bem contextualizadas com sofrimentos pelos quais tantos estão passando, mas sempre com uma última palavra de esperança e otimismo.
Os autores dos belíssimos, enxutos, diretos e poéticos textos proferidos nas 13 estações da Via Sacra em Copacabana foram os padres Zezinho, que estudou por aqui, e o catarinense de Brusque, Joãozinho, respectivamente José Fernandes de Oliveira e João Carlos Almeida.
Ambos são muito respeitados no meio católico e também autores de inúmeras músicas, estão entre os padres pioneiros que começaram a se reaproximar do povo através da arte e mídia, bem antes dos colegas Marcelo Rossi e mais recentemente Fábio de Mello. Ambos, aliás, cantam suas músicas.
E agora os textos dos padres Joãozinho e Zezinho comoveram milhões de pessoas nesta Jornada Mundial da Juventude. Palavras que não ficarão ao vento.
Pela chegada demonstrando simplicidade e até por que não, certa ingenuidade, o Papa Francisco decidiu usar carro no primeiro deslocamento que fez pelo Rio de Janeiro, e de janelas abertas, cercado pelo povo, já deu pra ver que essa visita será pra lá de história. Na verdade houve falta de sintonia entre Polícia Federal e prefeitura do Rio, mas isso também é o Brasil, que está com tudo pra marcar uma imagem da sua real essência. Com paz, carinho, boa receptividade.
A imprensa internacional está registrando tudo e até o momento a chegada do Papa Francisco ao Brasil está superando em divulgação o nascimento do filho de Kate Middleton e William, em Londres.
E começa hoje a Papa Week no Brasil. O Papa Francisco embarcou nesta madrugada – entrou na porta do avião da Alitalia precisamente às 3h33 desta segunda-feira e está a caminho. A sua chegada ao aeroporto Tom Jobim, no Rio de Janeiro, será por volta das 16h de hoje começando assim programação pra lá de recheada e extra Jornada Mundial da Juventude, motivo maior da sua vinda e agenda. Mas vai visitar até o Santuário em Aparecida.
O avião decolou do Aeroporto de Roma, com 115 pessoas a bordo, destas 69 jornalistas e uma comitiva enxuta do Vaticano, por volta das 4h (3h54 precisamente no horário de Brasília, 8h54 em Roma), desta segunda-feira (8h54 em Roma). A viagem dura cerca de 12 horas. E que seja um memorável Papa Week esta que promete ser mesmo. É a chance do Papa mostrar sua identidade na primeira viagem depois de eleito, e do povo brasileiro mostrar o quanto é afetuoso, comovente e emocionante em sua essência.
Sao Francisco de Assis por Cândido Portinari na Igreja que tem o nome do santo em BH. Foto: Juliana Wosgraus
É do imortal poeta Carlos Drummond de Andrade a melhor e mais conhecida tradução para o português da bela e mágica oração de São Francisco de Assis, inspirador mesmo do nome do Papa Francisco, agora já declarado pelo próprio, sob inspiração de palavras ouvidas pelo seu amigo, o cardeal brasileiro Dom Cláudio Hummes.
E vale lembrar, repetir e trazer dentro de si e para a vida, esta oração todos os dias.
Aproveitei para ilustrar com fotos que fiz de obras de arte de dois outros grandes imortais brasileiros como o poeta tradutor. Os murais e mosaicos de Cândido Portinari, retratando São Francisco de Assis na Pampulha, em Belo Horizonte, uma Igreja que integra a primeira grande obra de Oscar Niemeyer.
Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor;
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;
Onde houver discórdia, que eu leve a união;
Onde houver dúvida, que eu leve a fé;
Onde houver erro, que eu leve a verdade;
Onde houver desespero, que eu leve a esperança;
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria;
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre, Fazei que eu procure mais
Consolar, que ser consolado;
compreender, que ser compreendido;
amar, que ser amado.
Pois, é dando que se recebe,
é perdoando que se é perdoado,
e é morrendo que se vive para a vida eterna.
Igreja de São Francisco na Pampulha ganhou paisagismo de outro imortal, Burle Marx. Foto Juliana Wosgraus
Confirmada a inspiração do nome escolhido pelo novo Papa, Francisco, em São Francisco de Assis, italiano que viveu entre os séculos XII e XIII, de família abonada – seu pai era um rico comerciante que desejava ter o filho ao seu lado nos negócios -, ainda bem jovem despojou-se de tudo para cuidar de pobres e doentes. Isso fez com que o Papa Inocêncio III autorizasse Francisco e onze companheiros a se tornarem pregadores itinerantes, levando Cristo ao povo com toda a sua humildade. E este deve ser o mote desse papado.
Outro detalhe significativo na vida do santo que também é considerado protetor dos animais, aconteceu em 1205, qiando ele rezava na igrejinha de São Damião, na Itália, ouviu a imagem de Cristo lhe dizer: “Francisco, restaura minha casa decadente“.
Adoro o filme “Irmão Sol, Irmã Lua” – (“Brother Sun, Sister Moon”), de Franco Zefirelli, sobre a vida deste santo que foi um dos homens mais especiais que já viveu na terra. Fica a dica pra assistir ao filme, ousado para os padrões mais conservadores da Igreja. E aqui a música linda de Donovan, “Lovely Day“, que fez parte da trilha sonora. E hoje é um dia de adoráveis surpresas.
Furos, fatos, fotos e licença poética
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