Instalação do artista catarinense na Casa França-Brasil, no Rio de Janeiro – Foto: Reprodução
Para dar a dimensão da importância de Ivens Machado, também assunto do post anterior, a Fundação Bienal de São Paulo o considera um dos três artistas catarinenses mais importantes de todos os tempos, junto com o joinvilense Luiz Henrique Schwanke (morto em maio de 1992) e Victor Meirelles, nascido quando Floripa ainda se chamava Desterro.
E aqui em Floripa ouvi nesta quarta, do Janga, João Otávio Neves Filho, artista plástico, e crítico de arte da APCA – associação internacional -, que o estado nunca se interessou em trazer uma mostra de Ivens Machado pra cá. Ele vinha em férias apenas.
Obra sem título do catarinense
Sua retrospectiva esteve na Pinacoteca de SP, no Museu Oscar Niemeyer em Curitiba, e na hora de vir pra cá, com todos os trâmites prontos, não tinha verba, revela. E pra mim o mais lamentável é que a maioria dos catarinenses sequer sabe da sua existência e obra.
Esculturas do catarinense que estiveram na Bienal de SP em 2013 – Foto: Reprodução
Santa Catarina perdeu mais uma personalidade nesta terça-feira, esta do mundo das artes. Morto ao cair de uma escada no Rio de Janeiro, onde passou a maior parte da vida, Ivens Machado, 73 anos, era escultor, desenhista e gravador. Nasceu em Floripa, formou-se arquiteto no Rio, e tem no currículo inúmeras exposições fora do país. Tio da fotógrafa Debby Campos, Ivens expôs em Milão, Veneza, Antuérpia, na Bienal de Paris, em Toronto, no Canadá, e galerias e espaços importantes do Brasil. Só na Bienal Internacional de São Paulo expôs quatro vezes. Mas nunca em sua terra natal. Ele queria, nunca deu certo.
Instalação do catarinense na Bienal Internacional de São Paulo, em 1998, – ele participou da mega exposição quatro vezes
Em homenagem simbólica ao político catarinense Luiz Henrique da Silveira, que amava as artes e trouxe para o Brasil – para Santa Catarina – a única escola do Balé Bolshoi fora da Rússia, aqui vai trecho da coreografia Morte do Cisne, dança que se tornou o símbolo do novo balé russo no início do século passado. A apresentação é da Escola Bolshoi do Brasil com sede em Joinville, em solo da bailarina Luiza Del Rio. A despedida mais simbólica em forma de homenagem que me tocou fazer.
Luiz Henrique e a esposa Ivete em um dos incontáveis momentos felizes que passaram juntos. Ela também foi o seu maior esteio nos momentos difíceis e suporte na carreira – Foto: Acervo pessoal
O domingo ficou triste aqui com a notícia da morte do senador catarinense Luiz Henrique da Silveira, de infarto fulminante, em Joinville. E daqui vai meu abraço apertado à sua mulher Ivete, aos filhos Cláudio e Márcia Mel, mais a nora, Fabiana Rebelo da Silveira, e netos. Sempre estivemos próximos, desde que ele já era ex prefeito de Joinville e eu estreando como colunista do jornal A Notícia. Pelos vários eventos em que estivemos juntos ao longo dos anos, os laços foram se firmando.
Uma vez ouvi do então governador sua história de amor com Ivete Appel da Silveira. Ele a conheceu em Floripa, num baile no Lira Tênis Clube. Assim que a viu disse a um amigo: aquela é a mulher da minha vida, vou casar com ela. E assim foi.
Com o casal compartilhei momentos raros como jantar com Fernanda Montenegro, e o também saudoso Fernando Torres, na Casa da Agronômica. Homem de cultura, que trouxe a Escola do Balé Bolshoi para o Brasil, adorava inserir trechos de literatura em seus discursos. Santa Catarina perdeu mais do que um político de expressão nacional neste domingo, perdemos uma personalidade de comando que tinha alta sensibilidade.
Encerro minha homenagem com um momento feliz e colorido, em um dos dois bailes de gala e fantasia que promovi com o DC e Costão do Santinho, no resort, este em 2006 e para o qual veio especialmente a Vera Fischer.
Fernando e Iolanda Marcondes, Vera Fischer, Juliana Wosgraus, Ivete e Luiz Henrique da Silveira – Foto: Norton José
Acontecimento tão triste que não tenho palavras para o maior acidente rodoviário que já houve em Santa Catarina. Os 51 mortos comoveram o Brasil, e em especial o Estado. E o ônibus acidentado na serra Dona Francisca saiu de União da Vitória, cidade paranaense que é grudada a Porto União, em Santa Catarina.
Apenas a linha de trem separa as duas cidades. E sempre estiveram mais ligados ao Paraná pela distância geográfica. Curitiba fica mais perto dali do que Florianópolis, aí que os moradores de Porto União também estão mais ligados ao estado vizinho.
Minha mãe, Ivone, nasceu em Porto União e lá eu passei boas férias na infância. Não consigo mensurar tanta dor e tantas perdas naquelas duas cidades que na prática são uma só. É muita tristeza. E triste fico também ao ver que Porto União é sempre esquecida no mapa catarinense, só agora, com a tragédia, ganhou visibilidade.
Ricardo dos Santos no Havaí, onde foi campeão – Foto: Reprodução
Vai em paz menino Ricardo, novo na idade, mas grande homem e atleta assassinado – baleado ontem na Guarda do Embaú, e que morreu no início da tarde desta terça-feira. Já ontem à noite muitos bares e restaurantes da Guarda estavam fechados, em solidariedade ao surfista nativo Ricardo dos Santos, ainda em estado grave.
Na pracinha do centrinho da Guarda, um canteiro, está contornado com placas em homenagem, a maioria com inscrições de indignação contra a violência. A comunidade inteira está de luto, e neste luto tem a solidariedade do país inteiro. E precisamos dar um basta na violência que acaba com tantas vidas sem motivo algum que justifique, mas como?
Hoje, enquanto Ricardo era operado, as pessoas estavam de mãos dadas em frente ao rio que corta a Guarda do Embaú, orando por ele, quando chegou a noticia da sua morte. Vai em paz menino.
Mamãe feliz à margens do Sena – Fotos: Juliana Wosgraus
O domingo histórico para o mundo aqui em casa marcou também um mês da morte de minha mãe. Batalhadora pela justiça e liberdade como era, com certeza ela iria querer estar lá na Praça da República, em Paris, onde estivemos juntas tantas vezes, com os braços erguidos, caminhando e cantando a Marseillaise. Porque a dona Ivone mal arranhava o francês, mas o hino da França ela sabia cantar inteirinho. Já por aqui, eu sigo com as lembranças e a saudade aumentado a cada dia.
Aos 86 anos de idade, Ivone de Oliveira Lemos Ferraz Wosgraus era dona de cultura e consciência política raras, vontade de viver idem. Meu pai, Francisco, dizia que ela sempre acordava adolescente. Em certo sentido – constatei já adulta -, era isso mesmo. Que bênção amar a vida assim! E era também a representante da REBRA – Rede Brasileira de Escritoras, com sede no Rio de Janeiro, sob o comando de Joyce Cavalccante, que já fez homenagem em rede à sua “rebrinha” que partiu.
Em frente ao Arco do Triunfo – Foto: Juliana Wosgraus
E tudo estava isolado e vazio em torno do Arco do Trinunfo pois era o dia do resultado da primeira eleição do Sarkozy, e uma hora depois a Avenida Champs Elysés e arredores, estaria tomada especialmente por jovens revoltados com a derrota da candidata socialista, Ségolène Royal, em 2007, quebrando tudo e queimando carros e motos. Alertadas, a essa hora já estávamos no hotel. A imprensa local, e internacional já estava bem posicionada enquanto ainda circulávamos por ali, na cidade da multiplicidade. E que hoje mostrou uma coragem e amor próprio que emocionou junto boa parte do mundo.
Imprensa na cobertura ao pé da letra! Foto: Juliana Wosgraus
Ivone Ferraz Wosgraus, catarinense de Porto União, Norte do Estado; professora, escritora, escultora e pintora que nos deixou há um mês dedicou sua arte ao não preconceito e respeito às diferenças, o que deixou claro em seu livro infantil “O Menino que veio do Céu”
Cartunistas do mundo todo unidos na Internet para homenagear os mortos, protestar contra o ataque à revista Charlie Hebdo em Paris nesta quarta-feira, e lutar pela liberdade de expressão. Aqui uma seleção dos 10 mais poderosos. O bom humor não pode morrer, mesmo que ácido ou provocativo, ou melhor, especialmente este, politizado. O atentado sangrento desta quarta-feira com 12 mortos, mão pode ser mais lenha na fogueira do clima que já não anda bem na França, Bélgica e Alemanha especialmente, com a intolerância generalizada ganhando proporções alarmantes.
Entre as perdas desta quarta-feira estão os cartunistas Jean Cabut, Stephane Charbonnier, Bernard Verlhac e Georges Wolinski, este uma referência para muitos brasileiros, começando pelo também saudoso Henfil.
Essa é do artista francês Nono
Do artista francês Cyprien
Bernardo Erlich
Na ilustração, o artista escreveu a frase ‘O mundo se tornou tão sério que o humor é uma profissão de risco’ (em tradução do espanhol).
Martin Vidberg
Plantu, do Le Monde and L’Express
Cartunista Zep para o Le Monde
Oriol Malet
Jean Jullien
A charge do cartunista Loic Secheresse para homenagear os mortos no ataque à sede da revista Charlie Hebdo, em Paris
E ainda este meme pra lá de tocante do Charlie Brown – criação do norte-americano Charles Schulz e que inspirou o nome da publicação francesa -, com o slogan que tomou conta do planeta: