A coluna ‘Em nome do filho’ deste final de semana alertou para o cuidado que os pais devem ter no convívio de crianças com animais. O texto é da editora do Diário, Ticiana Fontana.
Cuidado para o melhor amigo não virar o pior inimigo
O aumento no número de casos de crianças mordidas por cães que chegam o Pronto-Atendimento Municipal Infantil de Santa Maria tem chamado a atenção da equipe médica que trabalha no local.
_ As crianças chegam com mordidas na face e com ferimentos graves. É cada vez mais preocupante _ relata a pediatra Rosângela Marramarco Lovato.
A médica conta que um menino de um ano e quatro meses chegou a ser atendido três vezes nos últimos meses. Detalhe, as mordidas eram de um mesmo cachorrinho que pertencia à avó. É inegável o benefício do convívio com um cãozinho, que alegra a casa e a criançada. Porém, é importante haver o monitoramento constante da relação por parte de um adulto.
Há um consenso entre os especialistas que até bebês podem conviver com um cachorro, mas tudo deve ser bem analisado.
_ Em alguns casos, tenho mais medo de um pinscher do que um pit bull, dependendo da personalidade deles. Na clínica, chegam cães pequenos muito mais agressivos do que os grandes _ comenta a veterinária Luciene da Costa Krauspenhar.
Entusiasta do convívio entre crianças e animais domésticos, a filha de três anos tem um cachorro em casa, a veterinária alerta para um fenômeno da atualidade: a humanização de cães e gastos.
_ Criam um cão como se fosse uma pessoa, um “filho” na casa. Os donos comem junto, dormem junto, beijam a boca. Claro, cão pode ficar dentro de casa, pode ser levado a um pet toda a semana, mas não devem criar os bichinhos com manias humanas, pois no futuro esse cão pode virar um problema. Cachorro é um animal, não um ser humano _ diz Luciene.
A veterinária afirma que já viu casos de cães que era tratados como “filhos” por casais sem filhos, e quando nasceu uma criança na casa, o animal teve de ser descartado. Por outro lado, há pais que parecem mais afeitos aos animaizinhos de estimação do que aos próprios filhos.
Exageros à parte, a recomendação de adestradores é que ocorra uma introdução lenta no convívio entre crianças e animais domésticos. Se o bichinho for anterior à criança, o ideal é fazer uma aproximação gradual, desde antes do bebê nascer, deixando, por exemplo, o cão cheirar as roupinhas. Após o nascimento, pode começar mostrado o nenê dormindo, deixando o animal cheirar o cocô e xixi da criança, colocando os dois em contato por pouco tempo e analisar as reações do animal quando a criança começa a puxar pelos.
Se for introduzir o animal numa casa com criança, lembre-se que independentemente da raça, preste atenção no temperamento do animal e sempre seja mediador da relação com os pequenos. Algumas técnicas ajudam, quando o animal tiver uma reação que não seja legal, reprima-o, diga “não” em voz firme, chacoalhe algum objeto na direção dele para associar o barulho à bronca. Porém, não é recomendado machucar ou bater. Muito cuidado na hora da alimentação, o cão considera que seu território está sendo invadido, se uma criança ou outro animal tenta chamar a sua atenção no momento em que está comendo.
Crianças maiores podem ser ensinadas a adestrar os animais. Siga dicas simples, como dar petisco quando o cãozinho fizer algo positivo, repreendê-lo quando faz algo errado. Jogar bolas e bichinhos para recompensar quando trazê-los de volta.
Em suma, os pais devem saber que treinamento e obediência são essenciais para manter uma relação de harmonia entre os cães e seus filhos.