
O cinema em meados da década de 1950, já concentrando os agitos do bairro. Foto: Studio Geremia, divulgação
O extinto Cine Real ou as antigas Lojas Brasileiras? A identificação de um dos prédios mais simbólicos de São Pelegrino por uma dessas referências costuma “entregar” a idade de quem passou por lá.
Nos anos 1950, 1960 e 1970, as matinés e sessões noturnas do Real atraíam a juventude e os espectadores do bairro, visto que até então o Centro concentrava as salas mais badaladas – Guarany, Ópera, Imperial e Central.
Fechado o cinema, quem foi criança ou adolescente nos anos 1980 tinha um motivo a mais para circular pelo prédio: andar de escada rolante nas Brasileiras. Sim, a loja foi o primeiro estabelecimento comercial de Caxias a adotar o moderníssimo sistema – inclusive havia filas para subir e descer.
Com a adequação da atual loja de calçados à lei da poluição visual, a fachada foi limpa e pintada. Porém, muito da arquitetura original dos anos 1950 já não estava mais por trás dos banners publicitários – alterações grotescas como o fechamento das aberturas, a extinção da varanda e a supressão de alguns detalhes datam ainda dos anos 1980.

O prédio hoje, após a adequação visual da Loja Real Makro. Estrutura original, sem as janelas, já estava alterada desde os anos 1980. Foto: Rodrigo Lopes/Agência RBS
O surgimento
O Cine Real foi inaugurado oficialmente em 23 de fevereiro de 1950, pegando carona no período da primeira Festa da Uva realizada após o hiato de 13 anos – a onda de xenofobia decorrente da Segunda Guerra Mundial e o consequente “proibido falar italiano” comprometeram a realização do evento entre 1937 e 1949.
A última sessão
As luzes do projetor do Cine Real acenderam pela última vez em 2 de janeiro de 1983. O nome do filme parecia antecipar o gradual declínio dos cinemas de rua: Pânico no Atlantic Express.
O prédio
O edifício do Cine Teatro Real, cujo início da construção data do final da década de 1940, parte de um prisma com curvatura de uma das arestas, para demarcar a esquina do terreno onde está inserido. Neste prédio estilo art dèco, também ocorre a tripartição vertical clássica – o cheio predomina sobre o vazio e a composição das aberturas, com janelas do tipo Copacabana, não ensaia grandes vãos.
As informações reproduzidas acima constam na pesquisa Arquitetura para o Lazer: Cinemas e Clubes na Serra Gaúcha, de 1930 a 1970, de autoria das arquitetas Ana Elísia Costa, Monika Stumpp e Roberta Sartori.
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Lembro-me com muitas saudades de ir com o meu pai neste cinema! Antes de qualquer filme, era obrigatório um comercial sobre futebol. O que eu achava muito aborrecido! Mas era sagrado: Uma vez por semana estávamos ali, neste cinema! O que importava mesmo não era o filme. Mas a convivência com o meu melhor amigo de sempre: Meu pai!
Saudades deste tempo, do cine Real! Uma vez por semana, era sagrado: Ia com meu pai assistir o que estivesse passando.Adorava estes tempos e tenho imensa saudades!
Antes de qualquer filme, era obrigatório assistir comercial sobre futebol. Achava muito aborrecido! Mas o que era mais importante para mim,era estar com o meu melhor amigo: Meu pai!