Localizado rente à BR-116, em Galópolis, o casarão da família Stragliotto parece congelado no tempo, com sua estética que remete diretamemente às antigas moradias da colonização italiana. Apesar da evolução e transformação urbana, o imóvel datado de 1914 chega aos 100 anos ainda acolhendo seus proprietários e conservando diversas histórias curiosas.
Neto do fundador, Geraldo Stragliotto, 61 anos, reside no local e relata inúmeros fatos vividos pelos ancestrais da família. Conforme ele, ao longo das décadas o casarão abrigou hospedaria, salão de baile, sala de jogos recreativos, barbearia, restaurante e até um bar.

Faixa defronte ao casarão destaca os 100 anos da construção, um marco da colonização italiana na Serra. Foto: Roni Rigon
O pai de Geraldo, Frederico Stragliotto, administrou entre 1964 e 1978 o restaurante, que aos finais de semana servia a tradicional dobradinha. Na época do bar, turistas e moradores consumiam lanches e refrigerantes. Já as crianças se deliciavam com sorvete seco e bolinho inglês.
O porão servia como depósito de milho e abrigava uma cantina para fabricação de vinho caseiro – num dos alçapões da casa, localizado no corredor de acesso ao salão de festas, a uva era descarregada em pipas de madeira de pequeno porte.
Atualmente, no espaço desativado do bar, funciona a tornearia de Geraldo, instalada em 1986. O poço d’água, que no passado atendia ao consumo doméstico, continua em atividade – hoje com as facilidades do bombeamento elétrico.

Os Stragliotto em 1941: os filhos Amabile, Maria, Inês, Angelo, Frederico, Pierina e Angelina (em pé). Sentados aparecem Olinda, Antonieta, a matriarca Genoveva, o patriarca Giuseppe, Avelino e Rosalina. Foto: Sisto Muner, acervo família Stragliotto, divulgação
Uma foto para a posteridade
Giuseppe Stragliotto (1878-1959) foi o construtor do casarão. No local, ele residiu com a mulher, Genoveva Trentin (1886-1942), e os 11 filhos.
Na foto acima, registrada em 1941, vemos os filhos Amabile, Maria, Inês, Angelo, Frederico (pai de Geraldo), Pierina e Angelina (em pé). Sentados aparecem Olinda, Antonieta, a matriarca Genoveva, o patriarca Giuseppe, Avelino e Rosalina.

O casarão num registro de 1977 para a revista Vogue Brasil. Na época, térreo abrigava um bar, e lambrequins ainda decoravam a fachada. Foto: Luis Crispino/Vogue Brasil, acervo família Stragliotto, reprodução
O casarão em 1977
Por sua proximidade com a rodovia, cerca de três metros de distância, o casarão costuma chamar a atenção de turistas e visitantes para fotos. Na parte dos fundos, ele faz divisa com o Arroio Pinhal.
Geraldo Stragliotto recorda que uma equipe da revista Vogue Brasil, que fazia uma matéria para o inverno de 1977, parou para conhecer a rústica construção.
A foto foi publicada na edição de junho de 1977. Geraldo guarda a revista até hoje, pois retrata a casa na época em que na parte externa havia propagandas de refrigerantes, indicando a existência do bar.

A publicação da revista Vogue Brasil em 1977, com destaque para o casarão, as belezas naturais e a gastronomia da Serra. Foto: reprodução/Pioneiro
Símbolo do bairro
Juntamente com as casas recuperadas de Hércules Galló, a igreja matriz e a antiga Vila Operária, o casarão da família Stragliotto é um dos tantos atrativos arquitetônicos do bairro – o que confere ainda mais charme a essa bucólica Caxias dentro da grande Caxias.

Veículos costumam passar a menos de três metros das centenárias portas e janelas do casarão. Foto: Roni Rigon
Participe da coluna
Você possui fotos antigas de Galópolis? Envie para o e-mail rodrigo.lopes@pioneiro.com, com data, um breve histórico, nome do fotógrafo e um telefone de contato. Em outubro, durante a Semana de Galópolis, a coluna publicará as imagens.
As informações desta coluna são uma colaboração do repórter fotográfico Roni Rigon.
A história dessa casa é muito bonita e me remete muitas lembranças, passei muito tempo na minha infância dentro dela, parabéns jornal Pioneiro por essa bela matéria, contar um pouco da história do “casarão” é fantástico, pois não tem quem passe e não se admire pelo seu tamanho e beleza.
Que legal! Minhas duas avós eram Stragliotto, filhas de dois irmãos, ambas nasceram em Galópolis e morreram em Augusto Pestana – RS. Uma delas, creio ser filha de Giuseppe, provavelmente, minha avó Irena, nascida em 1914, falecida em 2012. Ela era a filha mais velha e, em 1941, data da foto, não residia mais nessa casa, pois já era casada.
Eu sou da familia Stragliotto tambem. Já pesquisei bastante sobre isso tem muita historia…